PADARIA
ROYAL
Clerisvaldo B.
Chagas, 11 de dezembro de 2013
Crônica
Nº 1103
Centro de Santana do Ipanema. |
A Rua Antônio Tavares
tem nome do panificador Seu Tavares que negociava no Comércio. Morreu de
desgosto ao passar três dias trancado onde residia ao ser desmoralizado pelo
soldado Artur (O Boi, a Bota e Batina,
História Completa de Santana do Ipanema). Contam que algumas pessoas pobres,
querendo desconto, perguntavam quanto custava um pão. Seu Tavares respondia. O
cliente insistia na pergunta indagando: “E
dois, Seu Tavares?”. O homem tornava a responder, irônico: “Tá o besta! Tá o besta! Dois é mais! Seu
Tavares era pai do deputado estadual, santanense Siloé Tavares, um dos invasores
ao palácio no caso do Impeachment,
governador Muniz Falcão. Em Santana estava entre os fundadores do bloco
carnavalesco “O Bacalhau”, juntamente com Seu Carola e, nunca falou em vingança.
Talvez no mesmo lugar ou vizinho, surgiu a Padaria Royal, de
ares modernos, comandada pelo empresário Raimundo Melo. A Padaria Royal na
época era a grande sensação de Santana. Várias qualidades de pães surgiam como
novidades, como o pão Roberto Carlos e o Pão Recife. As bolachas tipos cream-cracker eram vendidas em latas
ricamente decoradas. Ao chegar o final de ano o freguês recebia como brinde um
Pão Recife em forma de jacaré. Por se situar no comércio a padaria que também
ficou conhecida como padaria de Raimundo, era frequentada naturalmente pela
elite santanense. Raimundo Melo, cidadão que morava à Rua Nova, era sério,
introvertido e homem de bem. A padaria Royal atravessou décadas em Santana sob
o seu comando que ao se mudar para a capital, deixou em seu lugar Manoel Melo,
cidadão moldado na escola pessoal e trabalhista do antecessor. Muitos anos após
do início do comando, Manoel Melo, que também ficou conhecido como Mané da Padaria,
foi acometido de um derrame que o deixou em recuperação difícil. Na luta diária
que ainda enfrentou, ontem não resistiu ao chamado do pai maior.
Manoel Melo, apesar
de comedido, prestou relevantes serviços a Santana do Ipanema, além de escrever
seu nome na história das panificações e evoluções das massas no município.
Evolução que vem de antes de Raimundo com o singelo costume de deixar os pães
em sacolas penduradas às portas dos clientes.
Não conheci Seu
Tavares, mas fico feliz em ter conhecido Raimundo e Manoel, cujo
estabelecimento continua em outro ponto com o mesmo nome romântico do passado:
PADARIA ROYAL.
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