RASTRO
DE COBRA
Clerisvaldo B.
Chagas, 27 de dezembro de 2013.
Crônica Nº 1113
RODOVIA CARIÉ-INAJÁ |
Desde quando eu era
menino que acompanho essa péssima novela, muito pior do que as piores da
televisão: o anúncio da cobertura asfáltica do Entroncamento Carié, sertão de
Alagoas, à cidade de Inajá, Pernambuco. O nome Carié marcava apenas um lugar
deserto, perto da entrada de uma bonita casa de fazenda e nada mais. Como forma
uma encruzilhada, em sentido norte-sul liga Garanhuns (Pernambuco) a Paulo Afonso
(Bahia) e, em sentido leste-oeste liga Santana do Ipanema (Alagoas) a Inajá (Pernambuco)
para dizer apenas das cidades mais perto do entroncamento. Acontece que o
trecho Carié-Inajá foi tema dos melhores novelistas da política alagoana. Muitos
votos daquela região ajudaram à gravata italiana de muitos demagogos. Uma casinha
é erguida no Carié, mais outra casinha, um bar, uma churrascaria, hotel,
borracharia e outras casitas mais vão se chegando à beira da estrada, formando
hoje o povoado conhecido.
Do Carié a Inajá, a
estrada de barro continua ao sabor dos tratores dos grandes, quando resolvem
mostrar serviço. E os produtores rurais vão ficando cada vez mais acuados com
as condições de poeira e lama por onde transitam suas mercadorias. Da região
sai o feijão, milho, melancia, leite, queijo, rapadura, frutas, carnes e diversos
outros produtos que ajudam no abastecimento do estado. Ultimamente os assaltos
na BR-316 pelada e nos bancos do Alto Sertão, soam como imensas gargalhadas ao
pé do ouvido do poder público.
O senador Fernando
Color de Melo anuncia um benefício grandioso, se realizado. Mesmo que a
licitação saia hoje no Diário da União, ela demora. Depois vem a verba e as
chateações dos cortes em nova etapa do faz não faz. Muito bem, pensemos nas
coisas boas, num sonho rodoviário de Maceió a Inajá em uma marcha só. Mas por
que o senador não asfaltou o trecho de apenas 49 quilômetros quando era
presidente e casado com uma filha da região em tela? Sim, é verdade, antes
tarde do que nunca, mas tudo isso ainda é uma questão de crença.
O matuto cruza aquela
estrada todos os dias. Ainda vê raposa, gavião, teiú, jumento, furão e jaburu,
mas um tiquinho só do asfalto peleja e não encontra. Esse bicho raro é generoso
em outros lugares, mas na estrada Carié-Inajá, faz bunda de ema e RASTRO DE
COBRA.
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