quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

RASTRO DE COBRA



RASTRO DE COBRA
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2013.
Crônica Nº 1113

RODOVIA CARIÉ-INAJÁ
Desde quando eu era menino que acompanho essa péssima novela, muito pior do que as piores da televisão: o anúncio da cobertura asfáltica do Entroncamento Carié, sertão de Alagoas, à cidade de Inajá, Pernambuco. O nome Carié marcava apenas um lugar deserto, perto da entrada de uma bonita casa de fazenda e nada mais. Como forma uma encruzilhada, em sentido norte-sul liga Garanhuns (Pernambuco) a Paulo Afonso (Bahia) e, em sentido leste-oeste liga Santana do Ipanema (Alagoas) a Inajá (Pernambuco) para dizer apenas das cidades mais perto do entroncamento. Acontece que o trecho Carié-Inajá foi tema dos melhores novelistas da política alagoana. Muitos votos daquela região ajudaram à gravata italiana de muitos demagogos. Uma casinha é erguida no Carié, mais outra casinha, um bar, uma churrascaria, hotel, borracharia e outras casitas mais vão se chegando à beira da estrada, formando hoje o povoado conhecido.
Do Carié a Inajá, a estrada de barro continua ao sabor dos tratores dos grandes, quando resolvem mostrar serviço. E os produtores rurais vão ficando cada vez mais acuados com as condições de poeira e lama por onde transitam suas mercadorias. Da região sai o feijão, milho, melancia, leite, queijo, rapadura, frutas, carnes e diversos outros produtos que ajudam no abastecimento do estado. Ultimamente os assaltos na BR-316 pelada e nos bancos do Alto Sertão, soam como imensas gargalhadas ao pé do ouvido do poder público.
O senador Fernando Color de Melo anuncia um benefício grandioso, se realizado. Mesmo que a licitação saia hoje no Diário da União, ela demora. Depois vem a verba e as chateações dos cortes em nova etapa do faz não faz. Muito bem, pensemos nas coisas boas, num sonho rodoviário de Maceió a Inajá em uma marcha só. Mas por que o senador não asfaltou o trecho de apenas 49 quilômetros quando era presidente e casado com uma filha da região em tela? Sim, é verdade, antes tarde do que nunca, mas tudo isso ainda é uma questão de crença.
O matuto cruza aquela estrada todos os dias. Ainda vê raposa, gavião, teiú, jumento, furão e jaburu, mas um tiquinho só do asfalto peleja e não encontra. Esse bicho raro é generoso em outros lugares, mas na estrada Carié-Inajá, faz bunda de ema e RASTRO DE COBRA.

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