quarta-feira, 17 de setembro de 2014

ROUBANDO NOSSAS XIMBRAS




ROUBANDO NOSSAS XIMBRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de setembro de 2014
Crônica Nº 1.262

Santana do Ipanema toda jogava ximbra. Moda interessante que dominava as ruas sem calçamento, fazia a meninada divertir-se a valer. Praticava-se ainda o pinhão e a bola nas mesmas ruas da cidade.
 O bom pinhão era feito de goiabeira pelos artesãos da periferia mesmo. Depois começou a aparecer belos pinhões torneados a que chamávamos “pinhão de praça”. Eram vendidos na “Casa Imperial” de Seu Piduca, no Comércio. Mais tarde essa mesma casa implantava a moda de belos ioiôs coloridos. Vendia ximbras também, a princípio, lisas em variadas cores; depois coloridas e cada vez mais aperfeiçoadas e atraentes, incentivando jogo e coleção. Nunca chamávamos a ximbra de bola de gude. Seu Marinho Rodrigues, pai do primeiro médico santanense Clodolfo Rodrigues, era um grande vendedor de ximbras em seu armazém de secos e molhados no antigo “prédio do meio da rua”. Ficávamos admirados diante do grande frasco transparente cheio de bolinhas multicores, de vidro. Seu Marinho, homem muito alto e forte, metia a manzorra na boca do recipiente e com satisfação imensa nos passava a mercadoria tão cobiçada.
Em toda a extensão da Rua Antônio Tavares (antes Cleto Campelo) a sair no final do Bairro São Pedro, inúmeros grupos de meninos eram encontrados jogando “Papão”, brincadeira de ximbra que nos fazia cavar três pequenos buracos arredondados necessários ao mister. Parecia um imenso festival. Nossos odiados predadores era o senhor Aloísio Firmo (juiz de menor) acompanhado do soldado Genésio. Essas odientas criaturas faziam os meninos correrem para casa com o perigo iminente de tomadas de ximbras. Às vezes Aloísio aparecia montado numa burra e, o soldado, que morava próximo a minha casa, o acompanhava a pé. Era a dupla terror da criançada.
Quando medito sobre os péssimos governos que tivemos em Alagoas e em nossa querida Santana do Ipanema, concluo que apenas trocamos a idade. Deparamo-nos com outros Aloísios e outros Genésios, aterrorizando nossas purezas, matando nossa felicidade e roubando as nossas ximbras.


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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ALAGOAS NO SEU DIA



ALAGOAS NO SEU DIA
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2014.
Crônica Nº 1.261
D. JOÃO VI AJUDOU NA EMANCIPAÇÃO.
Hoje Alagoas comemora o dia da sua Emancipação Política; fato que mereceu páginas e páginas de luta, trabalho, sofrimento e heroísmo pelos seus habitantes do litoral ao sertão.
Mesmo antes da sua data magna esse estado já apresentava indícios de prosperidade e desenvolvimento em algumas áreas, inclusive na economia e na cultura.
A principal cultura alagoana sempre foi a cana-de-açúcar que exportava para a Europa e sustentava mão de obra escrava em seu território. Outros produtos também eram exportados com força menor do que o seu principal, mas marcava também seus movimentos nos pequenos portos. Fumo, milho, mandioca, couros e peles complementavam sua atividade exportadora. O pau-brasil seguia esse ritmo de envio para longe o que aqui era produzido pelo homem e pela natureza. A Mata Atlântica sentia o alucinante ritmo dos machados na sua madeira nobre para os tablados dos navios.
Sermões, poesias e folclore eram praticados, escritos e publicados, principalmente na atual cidade de Marechal Deodoro e Penedo, por conta dos padres franciscanos.
Os movimentos acima se aproximaram e conseguiram criar a comarca de Alagoas em 9 de outubro de 1710. Esse ato régio, porém, só seria cumprido de fato em 1711 quando da sua instalação.
A prosperidade de Alagoas foi reconhecida pelo governador de Pernambuco, em 1730, em seus escritos ao el-rei. Alagoas contava com dez freguesias e quase cinquenta engenhos, coisas que rendiam bem para a situação da coroa portuguesa.
Em 1770 foi incrementada a cultura do algodão e, Alagoas também passou a fabricar tecidos com esse produto. Penedo e Porto Calvo fabricavam panos que serviriam para os escravos da terra.
Na parte cultural, tivemos a primeira obra publicada de um alagoano. Tratava-se de um livro de poesia e sermões que em 1754 foi lançada em Lisboa pelo Frei João de Santa Ângela.
Em 1816, a população de Alagoas estava registrada em 89.589 pessoas.
Após a Insurreição Pernambucana, Alagoas libertou-se de Pernambuco em 16 de setembro de 1817.



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