terça-feira, 21 de julho de 2015

LAMPIÃO MANDA CHAMAR DURVAL (III)



LAMPIÃO MANDA CHAMAR DURVAL (III)
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2015
Crônica Nº 1.455

22.07.1938. (Sexta-feira).
“Lampião mandou chamar Durval Rodrigues Rosa, irmão dos coiteiros Pedro Rodrigues Rosa (Pedro de Cândido) e Ozéas, na propriedade Forquilha, ali perto, na casa da mãe deles, viúva, do outro lado do morro das Perdidas, perto da foz do riacho Forquilha com o São Francisco.
Durval Rosa (Durval Rodrigues Rosa) e seu irmão Pedro de Cândido, filhos do falecido Cândido Rodrigues Rosa e Guilhermina, eram proprietários da fazenda Angicos, onde Lampião se acoitara e foi morto. Durval era muito novo ainda, com dezesseis anos e ajudava os irmãos: Pedro, na padaria e seu José (Zezé) nos negócios e na matança de boi que ele vendia na feira”.
O rapaz tangia uns bois do seu tio, para matar e vender na feira semanal de Pão de Açúcar. Foi cercado por um grupo de cangaceiros chefiado por Zé Sereno. Levado à presença de Lampião, ficou impressionado com o ouro que brilhava do chapéu e dos cordões do bandido. Lampião indagou:
─ Sabe com quem tá falando?
─ Não senhor.
─ Já ouviu falar em Lampião?
─ É o capitão Lampião?
O rapaz diz que é marchante, vai matar uns bois para vender...
Lampião indaga se sabe a regra do bom viver. Durval diz que não sabe e Lampião diz que: ouvir, vê, calar é a regra do bom viver porque em boca fechada não entra mosca. Indagou mais e disse:

Tá certo. Olhe aqui, se eu souber que você chamou uma volante para botar em cima de mim, você morre! Da sua raça não fica nem pinto que eu não deixo. Se você sair daqui e a volante lhe pegar, não sofra não, diga onde nós tá, porque cangaceiro é pra morrer no mato, nasceu para isso. Só não vá chamar. Se tiver tempo de me avisar, lhe agradeço muito! E amanhã volte de novo.

“Durval garantiu que assim o faria. Foi embora e entregou os bois em Entremontes, ao irmão Zezé”.
* Baseado no livro: CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió,Grafmarques, 2012.

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segunda-feira, 20 de julho de 2015

LAMPIÃO ACAMPA NA GROTA DOS ANGICOS (II)



LAMPIÃO ACAMPA NA GROTA DOS ANGICOS (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de julho de 2015
Crônica Nº 1.454

21.07.1938. (Quinta-feira).
O bando de Lampião chega à grota da fazenda Angicos, ao amanhecer. Armam acampamento assim: Em baixo, 03 subgrupos no leito seco do riacho Angico ou Ouro Fino. 01 subgrupo no alto do morro das Umburanas à direita do riacho.
A distribuição fica assim:
Subgrupo de Lampião: Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro, Vila Nova (afilhado de Luiz Pedro) Quinta-feira, Amoroso, Moeda, Cajarana, Caixa de Fósforos, Elétrico, Paturi, Diferente e Vinte Cinco.
Este grupo ficou perto de uma pequena furna. O mais abaixo do riacho. Lampião estava em barraca de lona branca; os cabras um pouco mais afastados.
Subgrupo de Balão. Vinte braças mais acima: Balão, Mergulhão, Criança e Dulce. Cajazeira e Enedina, Candeeiro, Mangueira II e depois José (sobrinho de Lampião que veio ingressar no cangaço e só chegou no dia 25) e que depois foi para o grupo de cima).
Subgrupo de José Sereno. Vinte braças mais acima: José Sereno e Cila, Marinheiro, Gavião, Cobra Verde, Sabiá, Nevoeiro, Pernambuco, Novo Tempo, Juriti e Peitica.
Subgrupo de Relâmpago. No alto do morro das Imburanas: Relâmpago, Cruzeiro, Zé de Vera, Marinheiro, Chá Preto II (vigia dos cavalos) Tempo Duro, Canário II (depois José que subiu).
Temos aí um total de 41 cangaceiros. Lampião comenta que quer sair no dia 27, fim da semana da morte do padre Cícero Romão Batista. Manda chamar Zé Sereno, por Eráclito, coiteiro fiel de uma das fazendas de Antônio Caixeiro.
Observação: Paturi depois vai testemunhar tudo que viu com o ataque das volantes. Dizem que não existiu cangaceiro com esse nome, entretanto, para se dá o depoimento que ele deu, teria mesmo que usar um nome diferente.
Quanto a Chá Preto, Mangueira e Juriti, houve mais de um no bando que iam herdando o nome dos que morreram.
Continua amanhã.
·         * Narrativa baseada no livro: CHAGAS, Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcello. Lampião em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.


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