terça-feira, 11 de julho de 2017

MAR VERMELHO



MAR VERMELHO
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de julho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Mar Vermelho (divulgação)
Olhando para o movimento turístico em Alagoas temos destaque para Maceió, Marechal Deodoro ─ cidade do entorno ─ e Maragogi no litoral norte, como polos mais fortes ultimamente. A propaganda lá fora valoriza muito o litoral e não é à toa dizer que a região norte litorânea está repleta de italianos. Dólares, euros, cruzeiros, ônibus e aviões vão sustentando essa atividade que passou a ser a segunda renda do estado. No interior surge Penedo perto da foz do rio São Francisco, primeiro núcleo habitacional fundado em Alagoas. O turismo ali baseia-se na sua história propriamente dita e nos velhos casarões que glorificaram o seu passado. O rio São Francisco é fonte de atração perene marcando indelevelmente a região. Depois de uma novela na rede Globo, Piranhas, mais acima, foi mostrada ao Brasil inteiro e as visitas se intensificaram por ali baseadas em suas belezas naturais.
Mas nessa política devagar na busca da interiorização surge o Festival de Inverno de Mar Vermelho. Município que antes pertencia a Anadia tem uma população de cerca de 3.674 habitantes. Ultimamente vem se destacando mais pela sua posição geográfica uma vez que sua altitude permite clima de serra e já está sendo conhecida como “Suíça alagoana”. Antigamente o povoado era rodeado de gravatás que deixa cair suas folhas avermelhadas. E como havia depressão com água pelos arredores, as folhas foram colorindo a superfície tanto que chamou atenção de certo criador de gado e que chamou o lugar de Mar Vermelho. A cidade também é conhecida por suas fontes de águas minerais e por possuir um clima favorável para quem sofre de certos problemas de saúde.
Seu clima é frio e seco no inverno podendo chegar aos 10 graus; e sua padroeira é Nossa Senhora da Conceição.
Para quem procura se divertir e gosta desse atrativo, o Festival de Inverno que se destaca como um dos melhores do Nordeste fica à disposição. Para quem gosta de Natureza e tranquilidade, poderá enfrentar suas serras e pontos mais altos consagrados, além da calma de uma cidade com tão poucos habitantes.
Enquanto isso continua a luta de formiguinhas de outros interiores em busca de um lugarzinho no turismo para pegar as migalhas turísticas que caem do gigantismo litorâneo. Ô Brasil!

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segunda-feira, 10 de julho de 2017

RIOS CHEIOS, BARRIGAS CHEIAS



RIOS CHEIOS, BARRIGAS CHEIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.690
Rio Ipanema (Arquivo).

Até agora no Sertão de Alagoas continua o formidável inverno. Não estamos ainda nem na metade da época das chuvas e nunca se viu por aqui, tanta água como no mês de junho. Mesmo pertencente ao período invernoso, o mês de São João sempre foi moderado, deixando quase toda pluviosidade das duas estações para o mês pesado de julho. Após os seis anos de seca, junho de 2017 chegou disposto a apagar toda má impressão do flagelo. Nunca tínhamos visto junho tão bravo como agora. Chuvas ou muitas ou poucas foi uma tirada só dia e noite sem direito a descanso. No caso das chuvas, o sertão virou Amazônia, no caso do frio, virou Paraná. Somente agora à noite o tempo resolveu dar uma trégua depois um mês e nove dias.
Enquanto a época traz bastantes transtornos para a capital o velha Sertão de guerra agradece a Deus todos os dias por tamanha bondade. Tem pasto para o boi, o cavalo, o carneiro e os bodes que bodejam alegres escolhendo a cabrinha de preferência. Barreiros, barragens, pilões de pedra, açudes, sangram esbanjando crédito. Rios e riachos ficaram robustos em suas cheias barrentas avisando a fartura regional. Corre o Ipanema, o Traipu, Capiá, Dois Riachos, Riacho Grande, Jacaré, Farias, Desumano, Camoxinga e outros menores, levando para os nascidos ontem como era no passado. E você quer saber? Daí surge o feijão-de-corda, de arranca, fava, andu e o milho tão festejado em todos os lugares. O vento assovia nas telhas e os cobertores pesados não encontram sol para tirar o cheiro.
Ninguém pode ser inimigo de inverno e nem verão. O que falta são as ações efetivas e permanentes para o resguardo de vidas. Na zona da Mata, em muitas cidades as casas foram construídas muito perto de rios perigosos. Os extensos canaviais dos grandolas não permitiam ceder um palmo da terra para a pobreza que se foi acumulando na área de risco. As tragédias são repetidas na capital, principalmente, pela cegueira das autoridades. Quinze mil famílias vivem dentro das grotas, clamando por melhoria que quando chegam vêm à moda de conta-gotas. São Pedro nada tem a vê com isso, pois ele não desvia verbas públicas, nem está envolvido na Lava-Jato.
Lembra-se da trégua citada no primeiro parágrafo? Acabou agora mesmo antes de chegarmos ao último.
No Sertão, rios cheios, barrigas cheias. Viva a chuva, comadre!

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