quinta-feira, 3 de agosto de 2017

NA TERRA DE CORISCO

NA TERRA DE CORISCO
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.708

CORISCO. Foto: (Livro: "Lampião em Alagoas").
Mais uma opção para os cabras andadores desse Brasil, compadre. Para esfriar a cabeça, aumentar a cultura e se divertir bastante, surge o Festival de Inverno de Água Branca, em sua 14 edição. O evento acontecerá no decorrer dos dias quatro, cinco e seis, deste mês de agosto. Como o nosso inverno costuma chegar até o final da primeira quinzena deste mês, é aproveitar a beleza da neblina na parte serrana do Sertão. Participar do festival é conhecer a outra face sertaneja marcada eternamente pelas longas estiagens nordestinas. Distante apenas 304 quilômetros de Maceió, Água Branca possui quase vinte mil habitantes e está situada a 570 metros acima do nível do mar. Antes chamada Matinha de Água Branca, teve destaque no século passado, tanto pela sua influência política quanto pelos primeiros passos de Virgolino Ferreira em seu território, antes e depois de virar Lampião.
Aproveitando suas montanhas, o município vive da Agricultura e da Pecuária com produções de algodão, banana, cana-de-açúcar, feijão, laranja, mamona, milho, manga e mandioca. Seus roçados e criatórios se estendem pelos verdejantes vales entres serras com paisagens de tirar o fôlego. Sob a égide de Nossa Senhora da Conceição, cuja igreja foi construída pelo Barão de Água Branca, oferece o município um festival que faz o restante do estado lembrar a sua existência. Isso porque, estando na chamada contramão e no extremo oeste do mapa, precisa mostrar sua arquitetura, tesouros da cultura e os belos cenários que a todos encantam.
Água Branca é a terra do seu mais conhecido filho, infelizmente voltado para o mal, nascido ali na serra da Jurema. Corisco foi o mais famoso cangaceiro do bando de Lampião, tanto quando estava junto ao cabeça quanto nas suas atuações independentes em subgrupo de seis a oito comparsas.
Quem pretende aprofundar-se nos temas municipais de Água Branca vai encontrar um leque de opções, facilitado por boas estradas que ligam o município à capital.  O frio da região serrana sempre foi motivo de comentários em todos os veículos de comunicação. Ultimamente começou a ser destaque do mundo sertanejo os cenários de inverno da urbe, cuja neblina imita a região Sul e Sudeste do País.
O que você ainda espera que seja dito para “picar a mula” rumo a Água Branca, meu senhor?




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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

GREVE DA GOTA SERENA!

GREVE DA GOTA SERENA!
Clerisvaldo B. Chagas, 03 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.707

MACEIÓ SEM ÔNIBUS.  Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Estão em nossa “Repensando a Geografia de Alagoas”, os principais problemas da cidade grande. E se fôssemos falar como os desbocados do nosso Sertão, “foi para lascar”, terça-feira última em Maceió. Capital com mais de um milhão de habitantes com a maioria dependendo de ônibus urbanos, não poderia ter sido diferente. Bastou um dia para gerar desesperos em todas as organizações sociais do povo maceioense. Sem dúvida alguma os maiores aperreios estavam nos necessitados de saúde e os empregados particulares que não conseguiam chegar ao local de trabalho. As vans e as motos aproveitaram-se da miséria alheia, os preços ganharam asas e se não alcançaram os céus, chegaram aos dois dedos lembrando safada anedota brasileira.
O que normalmente custava três reais subiu a escada ligeiro como perna de ema para cinco, dez, vinte e até mesmo trinta reais para o trabalhador sacrificado, liso e refém da ambição humana. Onde só cabia quinze, houve milagre da física e da matemática que acolheram trinta. E quem ainda tinha o pudor de defender a traseira, nem sequer podia mover o “bumba” dentro das vans sardinhas e fedorentas. Idoso e deficiente ou chegaram a casa sem camisa ou desistiram no ponto dos espertos antes do embarque na aventura. Pela precisão, grande número de automóveis voltou às ruas, cujo trânsito não alisava ninguém na chuva, nos buracos e nas pragas. Qualquer radinho peba que falasse em greve de ônibus fazia grande sucesso onde diabo fosse ligado, mesmo aqueles chamados “consolos de cornos” da velha China.
No embate entre patrões e empregados foi preciso a Justiça intermediar acordos em posições endurecidas. Sabe-se que trabalhadores de empresas particulares em todos os setores se sentem como escravos diante dos salários pagos no estado. Inúmeros empregados falam mal dos próprios sindicatos acusando-os de conchavo. Mas os que trabalham em ônibus reclamam direto dos salários escravagistas.
Por sua vez empresário não coloca ônibus suficientes para a população e em lugar de três põe um só na rua. O coletivo demora a circular para juntar mais gente nos pontos e andar lotado. O que acontece que os prefeitos se curvam quanto ao ar condicionado nos coletivos para a altíssima temperatura de Maceió? O que está por trás disso? Os abrigos para os usuários são verdadeiras piadas de gosto azedo diante de um serviço de terceira categoria? E esse terceiro mundo vai se arrastando para gestor nenhum dá jeito, seja ele velho ou novo. Precisamos de mais cinquenta anos à frente para que os serviços viários coletivos se igualem aos do Canadá, por exemplo.

E sobre o que aconteceu na terça-feira, àquela velhinha da boca mole que havia escapado do caos dominante, falou querendo puxar conversa: “O senhor viu? Foi uma greve da gota serena!”.

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