terça-feira, 4 de junho de 2019

A FORÇA DO JACARÉ


A FORÇA DO JACARÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
 Crônica: 2.121


Diálogo no guichê da Estação Rodoviária de São Paulo, década de 30.
       -- Dê-me uma passagem para Jacaré dos Homens.
-- O senhor quer brincar comigo?
-- Não sou homem de brincadeira, quero uma passagem para Jacaré dos Homens, sertão de Alagoas.
O funcionário lembrou-se da lista de municípios e foi verificar se havia mesmo aquele tal Jacaré dos Homens.
Inúmeros municípios brasileiros possuem nomes estranhos, exóticos, desconhecidos para a maioria das pessoas. Muitos são de origens africanas e indígenas. Outras apenas pela combinação das palavras, como é o caso acima.
Jacaré dos Homens é uma pequena cidade do médio sertão alagoano, fincada na Bacia Leiteira, bem perto de Batalha. Sua população tem pouco mais de 5.000 habitantes. Em um dos logradouros da cidade há uma homenagem às origens, com tanque e jacaré atestando a história. Foi no início do Século XX quando ainda era uma povoação, que surgiu um jacaré no riacho próximo. O lugar passou a ser conhecido como Jacaré, bem como o próprio riacho. Ninguém conta de onde veio o bicho. É melhor acreditar que o crocodiliano foi colocado no riacho por alguma pessoa. Bem, visto como se deu o episódio do jacaré, vejamos o dos “homens”. Os “Peixoto” de Penedo negociavam na região e apontavam os comerciantes de Jacaré como pessoas corretas nos negócios. Chamados os “homens” de Jacaré, a expressão foi anexada.
“Distrito criado com a denominação de Jacaré dos Homens ex-povoado, pela lei estadual nº 1473, de 17-09-1949, criado com território desmembrado do distrito de Alecrim, subordinado Pão de Açúcar. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1955. Elevado à categoria de município com a denominação de Jacaré dos Homens, pela lei estadual nº 2073, de 09-11-1957, desmembrado de Pão de Açúcar. Sede no antigo distrito de Jacaré dos Homens. Construído do distrito sede. Instalado em 01-01-1959.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007”. (Fonte: IBGE). (FOTOS: PREFEITURA/DIVULGAÇÃO).


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domingo, 2 de junho de 2019

PRA QUE CHORAR!


PRA QUE CHORAR!
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.120
CARUARU.(FOTO: DIVULGAÇÃO/PREFEITURA).

Finalmente chegou o mês de junho, época mais aguardada no nordeste brasileiro; período em que o “Rei do Baião” ressuscita todos os anos nas festas espalhadas à base do forró. A diminuição das fogueiras nas cidades, ainda não retiraram o brilho e o fascínio que exerce o sexto mês do calendário gregoriano. A deusa romana Juno – mulher do deus Júpiter – deve ficar orgulhosa do tempo e visitar os nordestinos quentes do Brasil. O fole velho já começou a roncar do Sertão ao Litoral, do Maranhão ao Sergipe, com fogueira, sem fogueira, com mulher produzida e aguardente de encher riacho. Danem-se as dores e sofrimentos e viva a saia rodada e o chapéu de palha das quadrilhas que alegram o mundo. Até Santo Antônio, São João e São Pedro entram em recesso no céu e vêm curtir o fuzuê dos zabumbeiros.
Corre mulher, que Campina Grande e Caruaru novamente estão à cabeça das festanças. Tem até um escritor que é azoado por milho cozido, doido por canjica, maluco pela pamonha. Enfeitam-se os arraiais, as escolas, as pessoas e haja coco de roda em solo alagoano. Quando o inverno é bom, as praças exibem e vendem montanhas de milho verde. Roda o som do maior cantador do coco sincopado, o saudoso Jacinto Silva:

“(...) Mas um coco bom
De pandeiro e ganzá
Pra poeira levantar
Só quem cantava era eu...”.

Assim fica feliz a nação Nordeste, logo nos primeiros passos do mês gostoso. Gostoso de clima e de guloseimas arretadas. As estradas ficam lotadas de veículos com os nordestinos trocando de cidades em busca das melhores opções festeiras. Nos lugares núcleos do evento, pousadas e hotéis não conseguem abrigar tanta gente. Multiplicam-se os empregos temporários em torno da forrolândia que contamina tudo. As atrações anexadas ao motivo central da festa, sempre se expandem como cobra de borracha. E o viajor sedento encontra novos motivos para arrastá o pé no cimento do mercado, da praça, do clube... Do “arraiá”.
Quem não consegue brincar, rrssh...
Ô mês atrativo da gota serena! Fui.



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