terça-feira, 11 de junho de 2019

NA SOMBRA DO CAJUEIRO


   NA SOMBRA DO CAJUEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.124

CAJUEIRO DE PIRANGI, O MAIOR DO MUNDO. (FOTO: DIVULGAÇÃO).
Planta originária do Nordeste do Brasil, o cajueiro (Anacardium occidentale) pode atingir até os doze metros de altura ou muito mais. O seu fruto é a castanha e seu pedúnculo o caju, delícias da culinária nordestina. Mas sua madeira, húmida, fibrosa e complexa não tem aceitação nas serrarias comuns. Pensando nisso um apicultor do Ceará passou muito tempo estudando sua madeira e inventando máquinas que pudessem trabalhar com ela. Conseguiu. As máquinas estão em ação aproveitando o tronco de cajueiros antigos que são descartados para um novo plantio. O homem iniciou aproveitando a madeira para os caixotes de apicultura, no Ceará, cujos antigos caixotes eram feitos de madeira importada de outros estados e que ficavam com preços elevados.
Além de resolver o problema do preço da madeira que baixou incrivelmente com o cajueiro, resolveu também o problema maior da apicultura (caixote caros) e o descarte das árvores velhas. Isso também evita derrubadas na mata nativa da região. A novo técnica é repassada e o conhecimento vai se alastrando, gerando emprego e renda. Antes, os cajueiros não mais produtivos serviam apenas para uso de lenha. Outras utilidades para o aproveitamento do tronco do cajueiro vão aparecendo, graças à invenção dessas máquinas específicas do senhor Arquimedes. Isso faz lembrar o Arquimedes antigo: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo”.
O cajueiro aparece no Nordeste, do litoral ao sertão. Existe o caju amarelo e o caju vermelho, sendo este, geralmente azedo. Fonte de vitamina C ajudou muito aos escravos que chegavam ao Brasil com escorbuto. Os homens negros passavam semanas sob os cajueiros para a cura do problema. O caju é ingerido in natura, em forma de doces e sucos. A castanha, muito mais valorizada está presente em inúmeros setores da economia. E para os apreciadores de uma cachacinha, nada igual ao caju após uma talagada.

“Mas mamãe não quer que eu vá 
Pra sombra do cajueiro...”




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segunda-feira, 10 de junho de 2019

PROCURANDO GAMELA


PROCURANDO GAMELA
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.123

GAMELA. (FOTO: MOZART MELO).
Foi a danada da gamela que me veio à cabeça para certa ornamentação.  Mas aí a gente esbarra e pergunta aos mais novos e aos mais velhos: você sabe o que é gamela? Será que ainda existe? Onde encontrar? Dizem que sim, gamela ainda existe e pode ser encontrada na feira livre de Santana e de todo o sertão. Mas, será que o leitor conhece a gamela original. Gamela, vasilha de madeira de vários tamanhos, em forma de alguidar ou quadrilonga para dar de comer aos porcos, para banhos, lavagens e outros fins, diz o velho dicionário. A gamela também pode ser de barro, mas estamos no referindo a de madeira. É feita artesanalmente da gameleira, árvore da família das moráceas, do gênero Ficus muito usada para confecção de objetos domésticos.
A gamela é leve igual ao mulungu, amarelada e bastante versátil. Antes do advento do plástico, era muito usada para lavar os pés ou para conduzir comida aos porcos. Para outras várias tarefas domésticas era indispensável, notadamente na cozinha. A rapidez com que surgiram inúmeros objetos industrializados, fez com que a gamela quase desaparecesse, como a bucha de lavar pratos, encontradas nas cercas de arame farpado. Ê comadre, para não passar vergonha é melhor indagar.  E por falar em gamela, gameleira, versos de estrofes do saudoso cantador Jacinto Silva:

“O gameleira
Se tu fulorou
Manda teu perfume
Para o nosso amor...”.

Resolvi o caso da ornamentação de outra maneira e nem procurei a gamela no aglomerado do lugar. Pergunta-se também ainda se fabrica chapéu, abano e esteira de palha? E colher de pau, pilão de tempero, grelha de arame? Assim, para o homem moderno e a mulher atual, pesquisar nas feiras do sertão não deixa de ser uma aventura de arqueologia. Em havendo procura haverá artesãos para todos os gostos, porque a criatividade é coisa da natureza. Muitos objetos interessantes estão espalhados pelas feiras de Pão de Açúcar, São José da Tapera, Palestina, Santana do Ipanema e outras do sertão de Alagoas.
É prazeroso, pesquisar nas feiras livres.

                                                                                                                







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