terça-feira, 23 de julho de 2019

É HOJE O ENCERRAMENTO


É HOJE O ENCERRAMENTO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.149

MATRIZ DE SENHORA SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS).
Encerrar-se-á hoje (quarta-feira) a maior festa religiosa do interior alagoano.
“Nossa Senhora Santana é aquela criatura que Deus predestinou e escolheu para ser, na terra, Mãe da Virgem Imaculada, Mãe da Mãe de Deus e avó de Jesus Cristo, Nosso Salvador.
Santa Ana, São Joaquim e o Glorioso São José, os Pais e o Esposo castíssimo de Maria, estão envoltos no silêncio e na humildade.
Bem pouco deles se conhece. E, no entanto, o universo inteiro há séculos não cessa de cantar os seus louvores.
Santa Ana, depois de São José, foi a criatura mais íntima do Verbo Encarnado, a Intimidade do sangue e do parentesco, Mãe de Maria, a Virgem concebida sem pecado, e por Maria, avó de Jesus Cristo. Há um véu de mistério e um grande silêncio da História e das Escrituras sobre Santa Ana.
Dela bem pouco nos diziam a História e a Tradição, mas basta para sabermos o que Ela é e quão grande é seu poder e sua glória. Basta-nos só isto: É Mãe da Mãe de Deus e Avó de Jesus Cristo!
Segundo a tradição dos antepassados, Joaquim (São Joaquim), chegado o tempo de contrair matrimônio, foi procurar, na família de David, entre a gente da sua estirpe, uma esposa digna e virtuosa. Encontrou Santa Ana, privilegiada criatura do seu ideal. Não era rico, mas possuía alguns bens, e segundo a tradição, vivia do comércio de lãs e de carneiros. (Acta Sanct Martir Ton. III – Anne Chretienne). (...).
(...) Santa Ana é, pois, da família nobre do Rei – Profeta. Maria, quer da parte de São Joaquim, quer de origem materna, é filha de David.
(...) O pai de Santa Ana chamava-se Mathan e a mãe, Maria”.

(Trecho extraído do livro “Santana do Ipanema conta sua História”, dos irmãos Floro e Darci Araújo de Melo, págs. 15-16).

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domingo, 21 de julho de 2019

HEROÍNAS DO RIO IPANEMA


HEROÍNAS DO RIO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.148

LAVADEIRA. (FOTO: CORONEL EZEQUIEL BLOG.).
Antes da água encanada do São Francisco, década de 60, não era fácil a vida das lavadeiras profissionais em Santana do Ipanema. Lembramo-nos das que atuavam no trecho das três olarias do rio que corta a cidade. A passagem pelo rio, da antiga rodagem que ia de Santana a Olho d’Água das Flores, chamava-se Minuíno, palavra que arrancou muitos cabelos em busca de um significado, sem êxito. Pois era ali no tal Minuíno que as lavadeiras ganhavam a vida na profissão. Escavavam no leito seco do rio Ipanema com uma cuia ou outra vasilha e logo a água assoberbava na cacimba rodeada de areia grossa. Faziam um jirau com varas esqueléticas e cobriam-no com palha de coqueiro ouricuri e panos velhos. Debaixo daquela fragilidade contra o Sol de mais de trinta graus, lavavam-se roupas da classe mais aquinhoada da sociedade.
Sempre se encontravam lavadeiras com trouxas de panos à cabeça descendo às ruas em direção ao Panema. Raras dessas senhoras também engomavam. Se se fazia uma coisa, não se fazia  outra. Havia uma diferença profissional em que a engomadeira estava em patamar mais elevado, embora ambas fossem subalternas.
A apreciação romântica no saudosismo poético visto por alguns escritores, não existia nas lavadeiras do selvagem e rude rio Ipanema. Havia a dura labuta, sem cânticos, sem afeto, sem porvir, daquelas fêmeas rijas e batalhadoras para levar o pão à mesa. Mulheres do Ipanema, companheiras inseparáveis do tempo, filhas da favela e do alastrado.
Após luta feroz, o advento da água encanada, foi aos poucos extinguindo as profissionais lavadeiras e os botadores d’água em jumentos (mais de cem), em Santana do Ipanema. Assim também, a ponte sobre o rio – década de 60 – afastou banhistas e lazer do mais famoso e aprazível Poço dos Homens, no mesmo rio Panema.
Tempos depois surgiram algumas lavanderias que abriam e fechavam às postas, como até os dias atuais.
Vou historiando à minha terra na hora de botar roupa na máquina de lavar. Também virei moderna lavadeira... Ou lavadeiro? Sei apenas, compadre, que a roupa sai cheirosinha e chega à memória um preito de gratidão e carinho às antigas lavadeiras, heroínas anônimas do meu amado rio Ipanema. Saudade... .













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