segunda-feira, 30 de setembro de 2019

MONTADO NA HISTÓRIA SANTANENSE


 MONTADO NA HISTÓRIA SANTANENSE
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.189
SERROTE DO CRUZEIRO. (FOTO: B. CHAGAS).

Santana do Ipanema, Alagoas, tem como principal bairro o do Monumento. O Bairro do Monumento ganhou o título, após a inauguração da igrejinha/monumento, construída pelo padre Capitulino para marcar a passagem do século XIX para o século XX. Tempos depois, o seu altar recebeu a imagem de Nossa Senhora da Assunção, vinda de Portugal. Os seus degraus ganharam notoriedade quando serviram para expor as cabeças de onze cangaceiros, inclusive, a de Lampião e de Maria Bonita, em 1938. Quanto ao padre Capitulino, era filho de Piaçabuçu, município do baixo São Francisco. Foi prefeito de Santana, chegando a substituir interinamente o governador Fernandes Lima. Nesse cargo, elevou à cidade a vila de Santana.
Mas, mesmo sendo uma igrejinha, muitas vezes era esquecida como tal por turmas de desocupados. Os marmanjos sentavam-se nos seus degraus, escorados com as costas na porta da igreja, abriam as páginas das fofocas e da pornofonia e mulher nenhuma que passasse por ali estaria livre das maledicências. Por isso mesmo, certo padre resolveu extirpar os desavisados daqueles degraus, colocando em torno dos batentes, grade de proteção. Tempos depois, as grades foram retiradas, mas retornaram. Nem sabemos atualmente, se a igrejinha/monumento está com grades ou sem grades. A pintura do prédio está sempre em dia com suas paredes limpas acompanhando a evolução da Praça Adelson Isaac de Miranda, antes Praça da Bandeira, onde se acha encravada.
Outro marco, porém, de passagem de século (XIX – XX) foi erguido na cidade. Um cruzeiro de madeira que foi fincado no antigo morro da Goiabeira, monte que circunda a urbe na parte sul. Logo depois, o morro da Goiabeira passou a ser denominado serrote do Cruzeiro. Aproximadamente, nos anos sessenta, o cruzeiro de pau foi substituído por outro semelhante e pintado de azul.
No final do século XX, novo marco de passagem de século foi construído e desta feita, na entrada do Bairro São Vicente. Trata-se do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, erguido pelo pároco Delorizano.
Achamos que os três marcos deveriam ser tratados como pontos turísticos.
Sei lá.





Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/09/montado-na-historia-santanense.html

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

A MÃE DO ABACAXI


A MÃE DO ABACAXI
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.188

(FOTO: MERCADO/DIVULGAÇÃO).
As antigas bodegas, vendas, quiosques, foram substituídas pelas mercearias, armazéns, mercadinhos, supermercado e outras denominações pomposas. Com a antiga bodega, havia um relacionamento mais estreito entre o freguês e o dono. Vingava a cumplicidade do fiado, mesmo com aquelas famigeradas plaquetas de “fiado só amanhã”. Com o modernismo dos tempos atuais, as bodegas não foram totalmente extintas. Elas estão nos interiores e capitais resistindo com bravura. E assim como antigamente, sempre existem os clientes do fiado e os pagamentos semanais, quinzenais, baseados na confiança. Em qualquer lugar do Brasil, sempre se esquece de alguma coisa nas compras do Comércio, coisa que termina no complemento rápido da bodega.
A venda tem a sua gíria própria, as suas histórias, experiências e conhecimentos do comprador em busca do melhor produto. Cada cliente tem jeito peculiar de fazer as compras. Muitas coisas já se sabem e outras não. Foi assim que sem querer tomei conhecimento sobre uma particularidade do abacaxi. Para que ele esteja perfeito por dentro, não pode “chorar”. E abacaxi chorando, significa que ele estar escorrendo água do miolo. Não presta, está se diluindo e, segundo ouvi da boca de uma cliente: “está chorando para você não levá-lo”.
Na porta da bodega, a mulher puxando cachorro, teimava com o bodegueiro que o abacaxi estava chorando. O dono garantia que não e desafiava a senhora para abrir o produto. Ao passar pela porta da venda fui convidado pela mulher que me chamou: “Moço, faz favor. Olhe bem direitinho para esse abacaxi e me diga se ele não está chorando...”. Como eu não entendia dessas coisas e nem queria entrar em discussão alheia, deixei a mulher aborrecida ao desviar a conversa e escapulir:
“Minha senhora, eu nem sabia que a mãe do abacaxi havia morrido”.









Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/09/a-mae-do-abacaxi.html