terça-feira, 1 de outubro de 2019

GUGI, PAPAGAIO E CATA-VENTO


GUGI, PAPAGAIO E CATA-VENTO
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.190
PAPAGAIO. (FOTO: CANAL DO PET).

O papagaio e o cata-vento estavam sempre ali na última casa do Bairro São Vicente. Todos os domingos batíamos perna rumo a serra do Gugi. Turminha de quatro a cinco companheiros, descíamos a ladeira do Pelado, Baixio, Imburana do Bicho, Camonga, Cedro, Gravatá, Cedro do Gugi, Terra Vermelha, Pé da Serra. Galinhada na casa do senhor Jonas – várias vezes candidato a vereador – e fila indiana pelo difícil acesso ao lombo da serra. Lá no alto, um paraíso na terra. Inúmeras árvores frutíferas e uma paisagem de tirar o fôlego. Era o dia inteiro chupando manga “Gobom”, grande, deliciosa, quase sem caroço, no sítio de dona Neném. Jabuticaba, caqui, goiaba, cana caiana, laranja, banana, naquele Éden santanense. Mais tarde descíamos mais um pouco para beber caldo de cana no engenho do senhor Olavo.
Nunca fomos mais acima onde existe uma grande pedra e vista para a cidade de Dois Riachos. Foi por ali que foi morto mais tarde o famigerado pistoleiro Zé Crispim. Ponto culminante do município de Santana do Ipanema, o Gugi está situado a 12 km do centro de Santana. Aos seus pés escorre o riacho Gravatá, afluente pela margem esquerda do rio Ipanema. O complemento das delícias serranas estava num belíssimo poço sombreado com árvores de porte e pedras enormes em suas margens. Nunca encontrávamos o riacho Gravatá em época de cheia, mas o poço de água fria nunca nos faltou naquelas andanças domingueiras. Nos estertores da tarde retornávamos em cima dos pés, chegando à cidade já com as luzes dos postes em atividade.
Atualmente o Bairro São Vicente encontra-se completamente modificado. Inúmeras e importantes construções ocuparam o antigo espaço vazio e acidentado entre ele e a Lagoa do Junco. Até mesmo hotel de luxo se encontra onde se ouvia o charlear do papagaio. O trajeto até a serra parece o mesmo de cinquenta anos atrás. Mas o cume do Gugi só não mudou a parte física. Infelizmente o tal desmatamento está sempre amolando machado a golpear a natureza.
E no pensamento, segue a jornada, Clerisvaldo, Mileno e José Carvalho, Chico de Assis... Subindo e descendo a Ladeira do Pelado...
Saudade no cenário: cata-vento e papagaio.




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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

MONTADO NA HISTÓRIA SANTANENSE


 MONTADO NA HISTÓRIA SANTANENSE
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.189
SERROTE DO CRUZEIRO. (FOTO: B. CHAGAS).

Santana do Ipanema, Alagoas, tem como principal bairro o do Monumento. O Bairro do Monumento ganhou o título, após a inauguração da igrejinha/monumento, construída pelo padre Capitulino para marcar a passagem do século XIX para o século XX. Tempos depois, o seu altar recebeu a imagem de Nossa Senhora da Assunção, vinda de Portugal. Os seus degraus ganharam notoriedade quando serviram para expor as cabeças de onze cangaceiros, inclusive, a de Lampião e de Maria Bonita, em 1938. Quanto ao padre Capitulino, era filho de Piaçabuçu, município do baixo São Francisco. Foi prefeito de Santana, chegando a substituir interinamente o governador Fernandes Lima. Nesse cargo, elevou à cidade a vila de Santana.
Mas, mesmo sendo uma igrejinha, muitas vezes era esquecida como tal por turmas de desocupados. Os marmanjos sentavam-se nos seus degraus, escorados com as costas na porta da igreja, abriam as páginas das fofocas e da pornofonia e mulher nenhuma que passasse por ali estaria livre das maledicências. Por isso mesmo, certo padre resolveu extirpar os desavisados daqueles degraus, colocando em torno dos batentes, grade de proteção. Tempos depois, as grades foram retiradas, mas retornaram. Nem sabemos atualmente, se a igrejinha/monumento está com grades ou sem grades. A pintura do prédio está sempre em dia com suas paredes limpas acompanhando a evolução da Praça Adelson Isaac de Miranda, antes Praça da Bandeira, onde se acha encravada.
Outro marco, porém, de passagem de século (XIX – XX) foi erguido na cidade. Um cruzeiro de madeira que foi fincado no antigo morro da Goiabeira, monte que circunda a urbe na parte sul. Logo depois, o morro da Goiabeira passou a ser denominado serrote do Cruzeiro. Aproximadamente, nos anos sessenta, o cruzeiro de pau foi substituído por outro semelhante e pintado de azul.
No final do século XX, novo marco de passagem de século foi construído e desta feita, na entrada do Bairro São Vicente. Trata-se do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, erguido pelo pároco Delorizano.
Achamos que os três marcos deveriam ser tratados como pontos turísticos.
Sei lá.





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