terça-feira, 29 de outubro de 2019

NA TERRA DOS MASTODONTES


NA TERRA DOS MASTODONTES
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.205
Monumento ao tigre, acesso a Maravilha. (F. Com B. Chagas/Arquivo).

A cidade de Maravilha – Microrregião de Santana do Ipanema e Mesorregião do Sertão Alagoano – continua fazendo sucesso com seus monumentos de mastodontes distribuídos pela urbe e cercanias. As réplicas dos animais titãs que viveram na região, além de novo alento na paisagem urbana, atraem constantemente estudiosos, estudantes e turistas em busca das estátuas e do museu ali implantado. Todos querem posar com esses animais para suas reflexões ou simplesmente enviar lindas fotos para a Internet. Maravilha é um brejo de pé de serra famosa pela altura da serra da Caiçara e que agora soma com a descoberta de fósseis que impressionam; provas de que viveram naquelas paragens animais gigantes como a preguiça, o tatu e o tigre-dente-de-sabre.
O município de Maravilha que antes pertencera a Santana do Ipanema fica a uma distância de 232 km da capital, Maceió. Quem nasce no lugar é maravilhense e pertence à Paróquia da Sagrada Família. “Em 2007, foi inaugurado, na praça principal da cidade, o Museu Paleontológico Otaviano Florentino Ritir, único museu brasileiro voltado exclusivamente à Paleontologia. Ele reúne fósseis de mamíferos pré-históricos que foram encontrados na região (...)”. O município de Maravilha tem como limites outros como Ouro Branco, Canapi, Poço das Trincheiras e o estado de Pernambuco. Tendo como referência Santana do Ipanema, fica apenas a um salto da “Rainha do Sertão”.
Para quem gosta de coisas sobre o cangaço, foi por ali que foi assassinado a pedradas um dos irmãos Porcino. O bando dos Porcino foi o primeiro em conceder abrigo a Virgulino Ferreira, antes de virar Lampião. Era chefiado por três irmãos, mas o irmão assassinado na região de Maravilha, não fazia parte da caterva. Foi morto por Caiçara, o mesmo soldado que assassinara o pai de Virgulino, sem nem saber quem ele era. A área sertaneja de Maravilha e sua vizinha Ouro Branco foi bastante visitada por esses bandidos alagoanos que atuavam no alto sertão.
Portanto, se você é pesquisador, está aberto o sertão dos mastodontes e os primórdios lampionescos.
Visite Maravilha, cuja serra recentemente se transformou em reserva de caatinga.







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domingo, 27 de outubro de 2019

A BENGALA DO CAMPO


A BENGALA DO CAMPO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.204
SERRA DO POÇO, S. DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO)

Como professor de Geografia percorri inúmeras vezes o trajeto Santana do Ipanema – povoado Pedra d’Água dos Alexandre. Constatava muitas terras e poucos cuidadores. Até mesmo em império de terras, o mato tomava conta cobrindo tarefas e mais tarefas de palma forrageira. Velhice dos donos falta de mão de obra, êxodo da juventude. Sem mãos para agredir a natureza, surgiam bandos de pássaros das mais variadas espécies, cantando e agradecendo a falta de predadores humanos. Após a infância, nunca mais tinha visto aquilo.
Na serra do Poço, monte entre Santana e Poço das Trincheiras, notava o desmatamento, o abandono dos pomares pelo envelhecimento dos proprietários, falta de mão de obra e êxito da juventude. A maior fornecedora de frutas de qualidade da região estava combalida.
Na região do sítio santanense Olho d’Água do Amaro visitei um amigo que vivia sozinho, tipo ermitão. Cuidava da fazenda somente ele e Deus. Uma solidão que me deu medo. Os mesmos problemas das demais regiões refletiam-se nesse espaço entre Santana e Senador Rui Palmeira. A tese do envelhecimento do campo não tinha com quem ser discutida. Com prefeito? Com governador? Com faculdades? Um egoísmo domina o mundo e os jovens dizem: “cada um no seu quadrado”.
Agora o IBGE constata a teoria do geógrafo solitário, cerca de quinze anos depois. O campo está envelhecendo. Vários são os motivos, como alguns já citados acima. E para solucionar parte do problema só encontramos o incentivo do governo para fazer retornar ao campo os que fizeram cursos de agronomia, veterinária, zootecnia... E outras medidas que assegurem o futuro do trabalhador rural.
E para produzir nossa alimentação de cada dia, graças ainda a agricultura de roça, pois as grandes produções são exportadas para matar a fome do mundo.
A coisa é braba, Zé.





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