A BENGALA DO CAMPO
Clerisvaldo
B. Chagas, 28 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Como professor de
Geografia percorri inúmeras vezes o trajeto Santana do Ipanema – povoado Pedra
d’Água dos Alexandre. Constatava muitas terras e poucos cuidadores. Até mesmo
em império de terras, o mato tomava conta cobrindo tarefas e mais tarefas de
palma forrageira. Velhice dos donos falta de mão de obra, êxodo da juventude.
Sem mãos para agredir a natureza, surgiam bandos de pássaros das mais variadas
espécies, cantando e agradecendo a falta de predadores humanos. Após a
infância, nunca mais tinha visto aquilo.
Na serra do Poço,
monte entre Santana e Poço das Trincheiras, notava o desmatamento, o abandono
dos pomares pelo envelhecimento dos proprietários, falta de mão de obra e êxito
da juventude. A maior fornecedora de frutas de qualidade da região estava
combalida.
Na região do sítio
santanense Olho d’Água do Amaro visitei um amigo que vivia sozinho, tipo
ermitão. Cuidava da fazenda somente ele e Deus. Uma solidão que me deu medo. Os
mesmos problemas das demais regiões refletiam-se nesse espaço entre Santana e Senador
Rui Palmeira. A tese do envelhecimento do campo não tinha com quem ser
discutida. Com prefeito? Com governador? Com faculdades? Um egoísmo domina o
mundo e os jovens dizem: “cada um no seu quadrado”.
Agora o IBGE constata
a teoria do geógrafo solitário, cerca de quinze anos depois. O campo está
envelhecendo. Vários são os motivos, como alguns já citados acima. E para
solucionar parte do problema só encontramos o incentivo do governo para fazer
retornar ao campo os que fizeram cursos de agronomia, veterinária, zootecnia...
E outras medidas que assegurem o futuro do trabalhador rural.
E para produzir nossa
alimentação de cada dia, graças ainda a agricultura de roça, pois as grandes
produções são exportadas para matar a fome do mundo.
A coisa é braba, Zé.
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