domingo, 27 de outubro de 2019

A BENGALA DO CAMPO


A BENGALA DO CAMPO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.204
SERRA DO POÇO, S. DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO)

Como professor de Geografia percorri inúmeras vezes o trajeto Santana do Ipanema – povoado Pedra d’Água dos Alexandre. Constatava muitas terras e poucos cuidadores. Até mesmo em império de terras, o mato tomava conta cobrindo tarefas e mais tarefas de palma forrageira. Velhice dos donos falta de mão de obra, êxodo da juventude. Sem mãos para agredir a natureza, surgiam bandos de pássaros das mais variadas espécies, cantando e agradecendo a falta de predadores humanos. Após a infância, nunca mais tinha visto aquilo.
Na serra do Poço, monte entre Santana e Poço das Trincheiras, notava o desmatamento, o abandono dos pomares pelo envelhecimento dos proprietários, falta de mão de obra e êxito da juventude. A maior fornecedora de frutas de qualidade da região estava combalida.
Na região do sítio santanense Olho d’Água do Amaro visitei um amigo que vivia sozinho, tipo ermitão. Cuidava da fazenda somente ele e Deus. Uma solidão que me deu medo. Os mesmos problemas das demais regiões refletiam-se nesse espaço entre Santana e Senador Rui Palmeira. A tese do envelhecimento do campo não tinha com quem ser discutida. Com prefeito? Com governador? Com faculdades? Um egoísmo domina o mundo e os jovens dizem: “cada um no seu quadrado”.
Agora o IBGE constata a teoria do geógrafo solitário, cerca de quinze anos depois. O campo está envelhecendo. Vários são os motivos, como alguns já citados acima. E para solucionar parte do problema só encontramos o incentivo do governo para fazer retornar ao campo os que fizeram cursos de agronomia, veterinária, zootecnia... E outras medidas que assegurem o futuro do trabalhador rural.
E para produzir nossa alimentação de cada dia, graças ainda a agricultura de roça, pois as grandes produções são exportadas para matar a fome do mundo.
A coisa é braba, Zé.





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