segunda-feira, 7 de outubro de 2019

NÃO TRABALHA QUEM NÃO QUER


NÃO TRABALHA QUEM NÃO QUER
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.194
EM CACHOEIRINHA. (FOTO: G1).

Foi retornando de Garanhuns que eu conheci a cidade de Cachoerinha. Fiquei sabendo que ali era a Terra dos Arreios. Demorei muito pouco na urbe, mas em Santana do Ipanema, um fabricante me disse que vendia seus produtos naquele lugar. Dizia mais: “Produto ruim não chega a Cachoeirinha. Ali é a Capital dos Arreios do Brasil, professor. Vem gente até de Goiás comprar arreios de couro os mais diversos, em Pernambuco. Outra coisa, meu mestre, todo o mundo trabalha e ninguém vê um só vagabundo na cidade. Caso o senhor veja alguém pedindo esmola, é gente de fora, de passagem”. Fiquei satisfeito porque o santanense fornecia para um mercado exigente e quando soube que ali não havia desempregado.
De outra feita, tive a mesma sensação de boa notícia na região do baixo São Francisco. Com uma turma de alunos fomos conhecer o ciclo do peixe no vale do Marituba, Alagoas. Depois passamos para o lado sergipano, em visita a Propriá. Foi um excelente achado, quando nós sertanejos conhecemos outro cenário. Região natural chamada até de pantanal alagoano, água de irrigação à vontade e o trabalho de criação com seu ciclo completo, até a venda. Tudo nos impressionou, inclusive os peixes reprodutores, touros da água entre doze e treze quilos. Força descomunal. Foi ali que ouvi a repetição da frase do santanense fabricante de arreios, saudoso José Henrique. Disse-me um dos trabalhadores: “Aqui, professor, só não trabalha quem não quer”.
Viagem proveitosa cheia de novos conhecimentos, mas para nós, a vitória da região sobre o desemprego soava mais forte de que tudo. E quem conhece compara. Por que em algumas cidades não falta emprego e em outras o desemprego é lei? Vemos nas periferias de cidades sertanejas, particularmente, uma pobreza que faz dó. Na zona rural o pobre ainda cria um porco, uma cabra, meia dúzia de galinhas... Mas o pobre citadino nem possui o animal nem o lugar de criação. Se houvesse interesse dos gestores, nas quatro zonas da cidade seriam criados empreendimentos para absorver a mão de obra local. Todos empregados não haveria miséria. E por falta de um real ganho no trabalho, deixa-se de comprar uma cocada. Deus não quer a miséria, mas a responsabilidade dos DONOS dos municípios.



 

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