terça-feira, 14 de janeiro de 2020

OS EDIFÍCIOS


OS EDIFÍCIOS
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.246
EDIFÍCIO PALMARES. (Foto:cadaminuto.com.br).

As edificações parecem com os humanos. Criam raízes, amor e simpatia, servindo muitas vezes sem reconhecimento. Um dia, ah!... Um dia elas partem também com seus variados modos de adeus. Quando adoecem causam muita tristeza aos que têm sensibilidade. E na hora da partida, muitas vezes deixam lágrimas e saudades como nós. Nada mais feio de que uma edificação que tanto serviu e aguarda apenas a morte anunciada, montada no seu próprio esqueleto. Esqueleto humano ou quase, sem nervos, sem vísceras, sem carne. Certo dia se aproxima um bicho feio e metálico de forças mil e, golpes após golpes, põe fim ao que restava da velha companheira. As reações da vizinhança são enormes, mas ninguém vivo poderá resistir à morte.
Em Maceió, capital das Alagoas, aguarda-se o fim do edifício Palmares, na praça de igual nome. Centro Comercial da cidade, lugar de muito prestígio, já iniciou o choro com anúncio de fim de questão. Vai ser demolido após 50 anos de decisão da Justiça. “O imóvel que foi desocupado há oito anos foi depredado e é considerado um risco para a população de Maceió. Será demolido após decisão da justiça”. É assim que diz o jornal Cadaminuto em edição de 14 de janeiro de 2020. Após a fase de defesa não cabe mais recurso e vem a de execução. Aguarda-se, portanto data e hora da marreta. O local já foi sede de diversos órgãos federas e hoje está com o INSS.
Outras edificações tombam pelo abandono. Esta, pela ordem durona da Justiça. Quem na capital nunca entrou no edifício Palmares para resolver problemas pessoais? Agora os ambulantes da praça e periferia, parecem maiores de que várias construções de peso na tradição maceioense. O povo aguarda o dia martelado do abate.
Você vai?
Haja coração de carne e tijolo.
Estarei longe, Zé.








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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

SUBINDO E DESCENDO SERRAS


SUBINDO E DESCENDO SERRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.245

SERRA DAS PIAS. (FOTO: B. CHAGAS).
Os montes sempre fascinaram pessoas comuns, poetas, pesquisadores e religiosos. Todos são pessoas, mas o fascínio faz morada em cabeças especiais. Desde os tempos bíblicos que as grandes elevações do Oriente Médio atraem habitantes e peregrinos como poderosos imãs de segredos.
Em Alagoas as serra são modestas girando em torno dos mil metros para baixo. Encontramos belas muralhas da natureza na Mata, Sertão e Agreste, cada qual mais simpática e atrativa do que as outras. Fontes de pomares, nascentes e vegetação de porte, hoje em dia as serras também vão sendo desmatadas, lixiviadas e amargam prejuízos para a Natureza e o Homem.
Entre tantos montes famosos do estado, é destaque também a serra das Pias, no município de Palmeira dos Índios. Encosta na divisa com Pernambuco e liga por rodovia àquela cidade a Bom Conselho (PE). Ainda hoje se discute sua denominação: Pia ou Pinhas? O mais provável é que o correto seja serra das Pias, apesar de Palmeira dos Índios ser chamada de “Terra da Pinha Doce”. Mas o plantio do produto em grande escala, ainda é recente. Isso não quer dizer que não existam pinhas na serra, mas a denominação se perde no tempo. Em Alagoas, chamamos as rochas que acumulam água da chuva de “caldeirão”, “pilão de pedra” e “pedra d’água”.  Em Sergipe é costume chamar esse fenômeno de “pia”. Pernambuco também,
Seguindo a tradição de Sergipe algumas partes fronteiriças de Alagoas, no rio São Francisco, confirmam essa tradição. Exemplo: temos a chamada “Pia de Corisco”, lugar frequentado pelo famoso cangaceiro e onde nasceu o filho de Dadá e seu, Silvio Bulhões.
Inúmeras vezes subi e desci a serra das Pias em automóvel e ônibus com destino a Garanhuns, Arco Verde, Caruaru ou mesmo Recife. Ninguém fica indiferente à altura e a falta de segurança. Presenciei várias mudanças na paisagem, entristecido com o desmatamento (foto abaixo).
Pois, o topônimo “serra das Pias” parece o mais correto por existir essas “pias”, lajeiros, lajedos ou lajeados, rochas côncavas que afloram e acumulam água.


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