OS
EDIFÍCIOS
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2020
Escritor
Símbolo do
Sertão Alagoano
As edificações parecem com os
humanos. Criam raízes, amor e simpatia, servindo muitas vezes sem
reconhecimento. Um dia, ah!... Um dia elas partem também com seus variados
modos de adeus. Quando adoecem causam muita tristeza aos que têm sensibilidade.
E na hora da partida, muitas vezes deixam lágrimas e saudades como nós. Nada
mais feio de que uma edificação que tanto serviu e aguarda apenas a morte
anunciada, montada no seu próprio esqueleto. Esqueleto humano ou quase, sem
nervos, sem vísceras, sem carne. Certo dia se aproxima um bicho feio e metálico
de forças mil e, golpes após golpes, põe fim ao que restava da velha
companheira. As reações da vizinhança são enormes, mas ninguém vivo poderá
resistir à morte.
Em Maceió, capital das Alagoas,
aguarda-se o fim do edifício Palmares, na praça de igual nome. Centro Comercial
da cidade, lugar de muito prestígio, já iniciou o choro com anúncio de fim de
questão. Vai ser demolido após 50 anos de decisão da Justiça. “O imóvel que foi
desocupado há oito anos foi depredado e é considerado um risco para a população
de Maceió. Será demolido após decisão da justiça”. É assim que diz o jornal
Cadaminuto em edição de 14 de janeiro de 2020. Após a fase de defesa não cabe
mais recurso e vem a de execução. Aguarda-se, portanto data e hora da marreta.
O local já foi sede de diversos órgãos federas e hoje está com o INSS.
Outras edificações tombam pelo
abandono. Esta, pela ordem durona da Justiça. Quem na capital nunca entrou no
edifício Palmares para resolver problemas pessoais? Agora os ambulantes da
praça e periferia, parecem maiores de que várias construções de peso na
tradição maceioense. O povo aguarda o dia martelado do abate.
Você vai?
Haja coração de carne e tijolo.
Estarei longe, Zé.
.
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