sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

O CRIME DO CRUZEIRO


O CRIME DO CRUZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.262


SERROTE DO CRUZEIRO E RESERVA TOCAIA (FOTO: B. CHAGAS)
Estimulando o desmatamento para plantio de eucaliptos, um órgão do governo nos anos 60 acabou com a mata nativa do Cruzeiro. O serrote do Cruzeiro, monte sagrado de Santana do Ipanema com inúmeras árvores centenárias em caatinga densa perdeu a batalha para o homem. O dono de padaria A.S., retirou no banco um empréstimo para desmatar o serrote e plantar eucalipto. Tudo apenas um plano para colocar a mão no dinheiro. A mata exuberante repleta de animais selvagens e de canto permanente de cigarras foi completamente devastada. Um só garrancho não foi plantado. O serrote sofreu intenso processo de lixiviação e somente deu sinal de vida entre 35 a 40 anos após o crime. Nasceu um matagal secundário que não chega nem a metade do porte original.
Mesmo hoje, com tantas informações sobre meio ambiente na mídia, pouca gente sabe em Santana, a história do Cruzeiro. Essa mata secundária, durante o inverno fica verde, mas não existe nutriente no solo que permita desenvolvê-la como outrora. E se na época chuvosa é desabitada, imagine durante o verão, com apenas exibição de garranchos. Não se ouve pássaros por ali. Ora, se o serrote não produz alimento, por que as aves iriam habitar o local? Quando muito se vê na elevação é um calango... Uma lagartixa... Urubus que procuram dormida no lajeiro do cume. Vez ou outra pode acontecer passagens de saguins (bichos curiosos) vindos da Reserva Tocaia que fica por detrás. No restante é um silêncio sem fim, ideal para meditações.
Já houve aborrecimentos por denúncia de tentativa de novo desmate. Nem o dono tem consciência de que a mata do Cruzeiro é um “pulmão verde” para a cidade de Santana, cujo casario já lhe chega aos pés. Enquanto isso, a pequena igreja, situada no cimo, tenta proteger com orações esporádicas o que restou da furiosa investida do passado. Caso não haja interesse nenhum das autoridades pelo que ainda resta, num piscar de olhos futuros nem mais calango restará.
Serrote do Cruzeiro, o mais admirável mirante da cidade.
Preocupação...
Saudade...
Abandono.



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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

A SEREIA DO MAJOR





A SEREIA DO MAJOR
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2020


Escritor Simbolo do Sertão Alagoano 
Crônica: 2.261

SEREIA E SUA PRAIA. (FOTO: SECRETARIA DE TURISMO)
Foi na gestão estadual do General Luís Cavalcante (1961-1966) que foi instalada a estátua da sereia em Maceió. O governante era conhecido popularmente como “Major”. Inclusive, foi ele quem proporcionou à Santana do Ipanema, água e luz do rio São Francisco. O Major, para melhorar ainda mais a beleza das praias do Bairro Riacho Doce, litoral norte de Maceió, encomendou a estátua de uma sereia de cimento e concreto. O artista convidado para realizar a obra foi o escultor Corbiniano Lins, de Pernambuco. A referida estátua foi mostrada ao público em um dos arrecifes da praia, com quase quatro metros de altura. Inicialmente o lugar passou a se chamar “Praia da Sereia” e, a escultura, de “Sereia da Major”. Todos queriam conhecê-la, tirar fotos e banhar-se em suas águas. Foi um sucesso na época como ainda hoje perdura.
A Praia da Sereia tornou-se assim um dos pontos turísticos mais  procurados de Maceió. Suas águas são barradas em parte pelo recife, fazendo piscina onde crianças costumam brincar. Houve época, porém, em que o mar estava de ressaca e chegou a danificar a cauda da sereia. Tirar uma foto da estátua, funciona como belo troféu e prova inconteste que você esteve mesmo na capital alagoana. O dia de Iemanjá, 8 de dezembro, é bastante visitada a praia pelos seus seguidores. São feitas muitas oferendas e pedidos de paz e felicidade para todos. A citada praia não fica tão longe do Centro. Famílias e mais famílias se deslocam até ali onde passam o dia gozando suas belezas naturais e usufruindo dos típicos restaurantes das suas imediações.
Destacamos no momento, a escultura ornamental de lugar muito interessante. Mas se o amigo ou amiga não conhece Alagoas e gosta de praias bonitas, irá encontrá-las para todos os gostos. Tanto faz  escolher o litoral Sul quanto o litoral Norte: praias habitadas e selvagens; de águas calmas ou bravias; repletas de coqueiros ou não; somente com dunas; e aquelas em que você penetra mais de quinhentos metros mar adentro. São muitos recifes de arenito, dunas, lagunas, falésias, manguezais, pequenas ilhas, baías e muitos outros desenhos que encantam turistas e pesquisadores.
Para quem gosta de muita Geografia, recomendamos uma visita a Jequiá da Praia. Mar e Lagoa Azeda.



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