terça-feira, 7 de dezembro de 2021

 

CASA IMPERIAL

Clerisvaldo B. Chagas, 8/9 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.624





Quem Conheceu “A IMPERIAL” no Centro Comercial de Santana do Ipanema, do proprietário Pedro Cristino de Melo, se não me engano? Homem baixinho e muito agradável, conhecido como Seu Piduca, vendia uma variedade enorme de mercadorias, além de possuir olaria na margem direita do Ipanema, anos 60. Seu Piduca era sogro do saudoso professor Ernande Brandão e prestou relevantes serviços à sociedade santanense. Ao falecer, A IMPERIAL continuou a funcionar com seu filho Rubens e o estabelecimento passou a ser CASA DAS TINTAS e assim entrou no Século XXI.  Pois bem, a loja que se tornou um patrimônio da cidade, mudou-se, segundo informações, para a Rua Pancrácio Rocha, onde mantém viva a tradição de bem servir.

Onde fora a IMPERIAL e a Casa das Tintas – falamos mais para os que estão ausentes da terrinha – está sendo reformada para abrigar uma luxuosa clínica odontológica, em mais um empreendimento de grande valor para o continuado progresso de Santana do Ipanema como Capital do Sertão. São os investimentos ininterruptos chegados de fora para a nossa terra: Arapiraca, Palmeira dos Índios, Maceió e de tantas partes das Alagoas. Em breve um titã mercado de Maceió também estará servindo Santana do Ipanema, por ora, dizem, encontra-se em negociação para o local. A cidade já está cheia de marcas nacionais e até internacionais, provando que o futuro do Sertão passa pela terra de Senhora Santana. Mas os filhos da terra também aprenderam a investir por aqui e as novidades comerciais e prestadoras de serviços não deixam nem a gente contá-las.

O bom disso tudo é que as outras cidades sertanejas do Sertão, Alto Sertão e Sertão do São Francisco, também vão se desenvolvendo rapidamente com ajuda externa e mentalidade moderna. São favorecidas e favorecem a Capital Sertaneja num intercâmbio de causar inveja. Sem conta são os transportes alternativos que desembarcam gente na cidade, principalmente no primeiro horário. Por outro lado, a cidade vai ficando cada vez mais bonita que dá gosto até entrar por todas as bibocas, mesmo sem gastar nada, porém, aguçar mais a curiosidade. Entretanto já foi tentando o transporte coletivo urbano e não deu certo. Os quase mil mototaxistas, parecem no domínio do deslocamento popular. Sei não...

RUA PANCRÁCIO ROCHA, TRECHO URBANO DA BR-316 (FOTO: GUILHERME CHAGAS).

 

 


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domingo, 5 de dezembro de 2021

 

ODE AO RIO IPANEMA

extra

Clerisvaldo B. Chagas, 6/7 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

POESIA NA PROSA EM 2.10.2007





Era um imenso e formidável lastro. Um paizão de 220 Km, coleante entre Pernambuco e Alagoas

Os desbravadores logo perceberam que o rio Ipanema – mesmo temporário – representava palpitações de vida. Uma veia grossa que irrigava todo o corpo sertanejo. E o pai amigo, generoso e bom, logo presenteou o semiárido com uma cidade morena, dourada, plena de Sol e ornada de colinas, chamada Santana.

As águas vivas sobre as areias, as águas serenas sobre as areias, as agitações supremas de cima, as quietudes divinais de baixo, o tempero salobro da ribeira, mataram a sede da “Rainha do Sertão”. E o rio gritou bem alto: Façam as casas, eu dou a areia; fabriquem os tijolos, eu cedo o barro verde; definam seus tetos, eu contribuo com argila; lembrem dos alicerces, eu tenho pedras milenares; tragam os animais, usem meus pastos; provem dos meus deliciosos peixes, e... Quando estiverem cansados do trabalho dignificante, durmam sobre colchões e descansem com travesseiros dos meus juncais.

E as espumas desciam das roupas sob lindos cânticos das lavadeiras caboclas; dorsos robustecidos submergiam nas águas turvas; e o sopro da leve brisa amenizava o suor negros dos corpos noturnos e nus.

Grita Santana, teu nascimento! Berra Santana, tua expansão! Enfeita teus aromáticos cabelos com a flor da craibeira. Embala teu berço com o sussurro do Cruzeiro, com a lenda da caipora, com o doce murmúrio dos regatos do mês de julho.

Silêncio, que esvoaça o gavião, câmera natural que filma e comanda os céus de borboletas e bem-te-vis. Olhos mágicos que perscrutam o Panema e a flora, e a fauna, e o relevo privilegiado do lugar. Sentinela altivo das paixões, dos amores... Dos queixumes do povo santanense.

Deus fez o Ipanema, o Ipanema fez Santana, Santana observa seu criador pelas frestas das portas, pelos rachões das janelas, pelas varandas de aroeiras... Pelo mormaço das tardes preguiçosas ou pela íris da mulata da ribeira.

Erga-se meu herói sertanejo, que o astro-rei traz a luz no Oriente; que os matizes do azul marcham no firmamento. Já soaram as trombetas dos pardais.

Breve, breve, minha cidade estará de pé; bênção meu Panema. Deus no ilumine neste novo dia.

RIO IPANEMA, SERENO, VISTO DA TRAVESSA PROF. ENÉAS. (FOTO: JEANE CHAGAS)

 

 


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