segunda-feira, 3 de abril de 2023

 

PESCAR PESCANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.858



 

Quando o “Velho Chico”, aumenta suas águas no baixo São Francisco, as águas invadem as margens e inundam as várzeas que se transformam em lagoas. Quando essas várzeas estão secas, servem para o criatório e para o plantio. São as lagoas formadas pelo rio, berçários e criatórios de peixe que povoam o caudal. Na Geografia do saudoso prof. Ivan Fernandes, ele faz citações a essas lagoas. Já no meu livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, ainda inédito, eu falo o nome de praticamente todas as lagoas do Baixo São Francisco desde Pão de Açúcar a Penedo, acompanhado de foto de lagoa em São Brás. Essas lagoas vêm sendo prejudicadas por inúmeros fatores após as hidrelétricas, fazendo com a pesca seja quase extinta na região.

A boa notícia é que pesquisadores estão tentando resolver o problema a partir de uma lagoa do município de São Brás. Diz a reportagem que os estudos foram aprovados pela CODEVASF e poderá resolver o caso complexo de povoamento de peixes no São Francisco revigorando a tão antiga atividade pesqueira. Foi pena a reportagem não citar o nome da lagoa do plano piloto, apesar da extensa matéria apresentada. O escritor santanense, Oscar Silva, já falava sobre o entusiasmo da sua avó “Zifina”, morando em Santana e lembrando de Pão de Açúcar, sua terra, sobre as xiras gordas das lagoas marginais do São Francisco. Xiras essas chamadas de “bambás”, aqui no rio Ipanema. Peixe bom e de fácil remoção de espinhas.

Quem sabe o drama dos pescadores e do povo ribeirinho do São Francisco, há de torcer muito para que o projeto com apoio da CODEVASF, seja repleto de êxito. Uma exportação de sucesso para todas as bacias hidrográficas do Brasil. O tema é excelente para se voltar ao turismo interno alagoano, visitar e se encantar com São Braz e Pão de Açúcar; lugares esses que sempre se deseja passar semanas na visita de um dia. São Braz não fica longe de Arapiraca e Pão de Açúcar é bem ali em relação a Santana do Ipanema. Apesar das comunicações de lagoas com o rio, o que seria chamado de laguna, segue, entretanto, a denominação popular. Afinal de contas, tanto faz chamar laguna ou lagoa, o importante é que tenha saborosos peixes para deixar o bucho tinindo de satisfação.

PÃO DE AÇÚCAR

 


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domingo, 2 de abril de 2023

 

FORÇA DE VONTADE

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.857

 



O farinheiro Valdemar Camilo, quase vizinho à nossa casa, nunca me chamou pelo nome na minha vida de adolescente e rapaz. Sempre me chamava de Pedro Melo. Quando parava um pouco diante de mim, exclamava: “Mais parece com Pedro Melo!” E assim jamais deixou de me cumprimentar por esse nome. Procurei, então saber quem era esse tal Pedro Melo. Havia sido um comerciante que negociava na Rua Barão do Rio Branco, no trecho chamado “os armazéns”, em Santana do Ipanema. Tudo indica, então, que era um comerciante de cereais e bastante conhecido na região. Mas esse comerciante não residia mais em Santana e assim não pude conhecê-lo. Sobre suas atividades profissionais, dissera a meu pai que também era comerciante, acho que em uma visita a terrinha.

“Cresci muito em Santana, mas cheguei a um ponto que não tive mais como crescer por causa do limite da ‘praça’. E como se falava muito bem do Recife, fui para lá. De fato, fui expandindo o meu negócio, mas também Recife ficou pequena para mim. Resolvi partir para São Paulo. Aí sim, encontrei um mundo ilimitado para as minhas atividades e até hoje ali permaneço sem nunca alcançar o teto”. Esse depoimento a meu pai, sempre me impressionou. Foi assim que resolvi mais uma vez falar sobre o caso e o homem querido por todos, progressista com visão de futuro e força de vontade. Um exemplo santanense a ser seguido, mas que sua trajetória ficou no anonimato; e homens dessa envergadura não podem permanecer na obscuridade.

O antigo corredor de armazéns de cereais e que foi apelidado por nós no Jornal do Sertão, de “Corredor do Aperto”, pelos constantes engarrafamento do trânsito, hoje é comércio variadíssimo. Não tem mais cereais. É trecho da Avenida Barão do Rio Branco, mas ainda não deixou de ser o Corredor do Aperto. Bem assim a força de vontade humana é coisa muito importante não só para persistir e desenvolver no comércio, mas em todas as ações da existência. Uma das piores coisas que atinge a pessoa é o desânimo. A força de vontade vem corrigir essa lacuna. Entretanto é bom o reconhecimento também dos méritos alheios que sem querer fabrica empregos e exemplos coruscantes que devem ser seguidos.

Viva a força de vontade! Viva quem tem visão de futuro!

 

 

 

 


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