terça-feira, 4 de abril de 2023

 

O BACORINHO DE ZÉ PANTA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.859


Você já viu alguém criar porco em apartamento? Um gatinho, um cachorro mimoso... Ainda vai, mas um porco para arrebentar com tudo é coisa que parece mentira. Pois o caso aconteceu há muito em Maceió. O funcionário público do antigo Departamento Nacional de Estrada de Rodagem – DNER – moreno de mais de dois metros de altura, gaiato e tocador de violão, Zé Panta, sentiu-se grato pela passagem de um engenheiro residente na unidade de Santana do Ipanema. O querido engenheiro quando deixou Santana foi residir em Maceió. Planejando levar um presente para o homem cheio de bondades, Zé Panta comprou um bacorinho (porco ainda novo), boto-o debaixo do braço e partiu para a capital. A trajetória do tocador de violão foi repleta de histórias engraçadas até mesmo em ações somente para adultos.

Vamos interromper a história do bacorinho para dizer que certa feita Zé Panta foi enganado por um vendedor de mel falsificado na esquina da Feira do Passarinho, em Maceió. Quando descobriu que o produto era apenas água com açúcar, resolveu voltar ao local uma semana depois. O vendedor de mel estava no mesmo lugar fazendo sua propaganda. Ao notar a aproximação daquele homem gigante, tentou correr, mas não daria tempo carregar com ele a banquinha de madeira com vários litros do hodromel. Sendo assim, resolveu solucionar o problema com brincadeira.  Gaiato contra gaiato. Zé Panta fez cara de mau e indagou: “Qual foi a abelha que fabricou esse mel?”. E o vendilhão esperto: “Tá falando com ela!”. E bateu no peito. Como os semelhantes se entendem, o final resultou em gargalhadas.

Pois bem, voltando ao caso do porco, Panta chegou ao apartamento do engenheiro, cujo encontro foi uma festa. Apresentado o porquinho, o doutor agradeceu, mas alegou que não podia aceitar o presente porque não tinha onde colocar o bichinho. Estressado, o animal grunhia alto chamando a atenção de todos por ali. Um barulho dos seiscentos diabos! Diante do ajuntamento da vizinhança e a recusa do ex-chefe, Zé Panta se despediu. Quando o engenheiro tentou fechar a porta, Panta agiu com rapidez e jogou o bacorinho dentro do apartamento dizendo e correndo: “Presente para vossa senhoria!”. O pega-pega e a quebradeira que houve dentro do apartamento arrumadinho, fica por conta do leitor internauta.

Arre!

 


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segunda-feira, 3 de abril de 2023

 

PESCAR PESCANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.858



 

Quando o “Velho Chico”, aumenta suas águas no baixo São Francisco, as águas invadem as margens e inundam as várzeas que se transformam em lagoas. Quando essas várzeas estão secas, servem para o criatório e para o plantio. São as lagoas formadas pelo rio, berçários e criatórios de peixe que povoam o caudal. Na Geografia do saudoso prof. Ivan Fernandes, ele faz citações a essas lagoas. Já no meu livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, ainda inédito, eu falo o nome de praticamente todas as lagoas do Baixo São Francisco desde Pão de Açúcar a Penedo, acompanhado de foto de lagoa em São Brás. Essas lagoas vêm sendo prejudicadas por inúmeros fatores após as hidrelétricas, fazendo com a pesca seja quase extinta na região.

A boa notícia é que pesquisadores estão tentando resolver o problema a partir de uma lagoa do município de São Brás. Diz a reportagem que os estudos foram aprovados pela CODEVASF e poderá resolver o caso complexo de povoamento de peixes no São Francisco revigorando a tão antiga atividade pesqueira. Foi pena a reportagem não citar o nome da lagoa do plano piloto, apesar da extensa matéria apresentada. O escritor santanense, Oscar Silva, já falava sobre o entusiasmo da sua avó “Zifina”, morando em Santana e lembrando de Pão de Açúcar, sua terra, sobre as xiras gordas das lagoas marginais do São Francisco. Xiras essas chamadas de “bambás”, aqui no rio Ipanema. Peixe bom e de fácil remoção de espinhas.

Quem sabe o drama dos pescadores e do povo ribeirinho do São Francisco, há de torcer muito para que o projeto com apoio da CODEVASF, seja repleto de êxito. Uma exportação de sucesso para todas as bacias hidrográficas do Brasil. O tema é excelente para se voltar ao turismo interno alagoano, visitar e se encantar com São Braz e Pão de Açúcar; lugares esses que sempre se deseja passar semanas na visita de um dia. São Braz não fica longe de Arapiraca e Pão de Açúcar é bem ali em relação a Santana do Ipanema. Apesar das comunicações de lagoas com o rio, o que seria chamado de laguna, segue, entretanto, a denominação popular. Afinal de contas, tanto faz chamar laguna ou lagoa, o importante é que tenha saborosos peixes para deixar o bucho tinindo de satisfação.

PÃO DE AÇÚCAR

 


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