quinta-feira, 18 de maio de 2023

 

MINISTREI PALESTRA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.887

 




Diante de uma plateia educada e atenta, ministramos palestra sobre parte da história de Santana com alguns episódios, onde desaguamos novamente na Santana industrializada, nas grandes cheias do rio e nos feitos dos gigantes canoeiros que impulsionaram o desenvolvimento da cidade. Prestamos homenagem ao último canoeiro, sustentáculo do resgate dos “Canoeiros do Ipanema”, Zé de Toinho, cuja passagem faz poucos dias, em Maceió, com 97 anos. de idade. E como a Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira Silva, completou 59 anos de existência, falamos das suas origens, situações geográficas e sociais que levaram a ser implantada ali, a primeira escola pública do município com 20 Grau (Curso Médio). Hoje a escola já não ostenta o nome original do seu fundador Deraldo Campos, e sim, do 10 diretor que esteve no cargo por 20 anos.

Houve problema técnico com os slides e tive que seguir somente no gogó como nos velhos tempos. Que pena que os alunos, professores e funcionários não viram as fotos que se tornaram históricas e relíquias dos anais da Santana do Ipanema ainda dos tempos do fotógrafo tipo lambe-lambe. O evento, organizado pelo 20 Ano B, tinha um título pomposo: “Café com Sabedoria”, onde uma mesa farta aguardava o final de palestra. Muita gentileza do diretor e escritor Fábio Campos e do empenho e boa vontade do professor e escritor Marcello Fausto, preparador carinhoso dos slides históricos da nossa terra. A propósito, o escritor Fábio Campos foi o prefaciador dos “Canoeiros do Ipanema”.

Aproveitei para rever a Galeria de Diretores e que se iniciou na minha gestão, ouvir opiniões espontâneas sobre o Magistério, todas   de baixo-astral, infelizmente, rever ex-alunos e ex-colegas e cravar os olhos na paisagem não tão renovada assim. O retorno à casa coincidiu com taxista ex-alunos do Estadual que também opinou sobre colegas professores antigos e assim o dia ficou enriquecido de tantas informações orais e visuais que de uma forma ou de outra sempre se agregam ao conhecimento.  Uma incursão desse porte sempre mexe com o corpo inteiro, mesmo no esforço grande para uma neutralidade de emoções. Não tem jeito. A história das coisas cala fundo na alma e impregna a mente.

SEU TOINHO (FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA). FOTO ANEXAS (ALUNOS DO ESTADUAL).

 

 

 

 

 


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terça-feira, 16 de maio de 2023

 

DE QUEIXO CAÍDO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de maio de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.886

 

A Biblioteca Pública de Santana do Ipanema funcionou por um longo período no Centro Comercial, precisamente no 10 andar do “prédio do deus mercúrio”. No andar térreo funcionava a loja de tecidos do comerciante Benedito V. Nepomuceno, assim como estava escrito na fachada da loja. O acesso à biblioteca era pela lateral da loja que podia adentrar à residência aos fundos ou à casa dos livros através de uma escadaria. Era sim, em nossa opinião, um prédio de luxo construído ainda no tempo de vila pelo Cel. Manoel Rodrigues da Rocha. E como quase tudo do coronel vinha da Europa, calculamos que o corrimão da escadaria e os vidros coloridos das portas/janelas do 10 andar, tenham vindo do outro lado do Atlântico. Frequentar aquele ambiente tão simples e ao mesmo tempo tão sofisticado era quase um privilégio divino.

Compêndios nas prateleiras envidraçadas e no verniz; livros cuidadosamente assentados, catalogados e numerados; instrução como retirá-los e recolocá-los e amplos catálogos à disposição; Um silêncio civilizado protegendo a leitura dos usuários e consultas em voz baixa à bibliotecária; direito a empréstimo de um livro para quinze dias; cartão/ficha para renovação infinita da concessão. A imensa variedade de Literatura nos transportava para autores russos, franceses, americanos e famosos da Brasil, principalmente. A novela, o romance, o conto a poesia, a história, enciclopédias e dicionários famosos nos deslumbravam e agiam às mil maravilhas nas mentalidades em formação.

E por questões diversas vamos observando esse fenômeno de abandono das mansões e sobrados antigos com amostras, praticamente em todas as cidades e capitais brasileiras. Em nossa terra não poderia ser diferente. É a transformação inexorável do planeta erguendo novos pilares da história física no mundo. Assim são montanhas que se transformam em vales, ilhas que desaparecem, cachoeiras que se somem e rios que não choram mais. Ficamos apenas com receio de que as antigas grandes obras da cidade, por falta de manutenção, não causem tragédias nos seus prováveis desabamentos. Mesmo assim, ainda hoje, ao passarmos pelo casarão do “deus Mercúrio”, os olhos não conseguem fugir da estátua que ornamentou a Biblioteca Pública. Um momento, um passo ronceiro, uma saudade e um queixo caído.

CASARÃO DO DEUS MERCÚRIO, EM 2013 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 


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