OLHE A ONÇA, ZÉ! Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.984   Chega o amigo...

 

OLHE A ONÇA, ZÉ!

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.984

 



Chega o amigo à minha casa e vamos tratar de interesses mútuos. Comento logo a sequidão a que estou apreciando do portão.  Os montes que circundam Santana do Ipanema, mostram-se sem a cor verde que reflete o fim antecipado de uma primavera. As árvores mais resistentes ainda mostram a palidez dessa cor, porém, a maioria da vegetação, composta de arbustos, não tem como exibir um quadro que inspire esperança tão cedo nos galhos pelados e secos que caracterizam a estiagem. Contemplar o cenário crestado dos arredores antes do verão, é acreditar que a zona rural se assemelha ao que a vista alcança. E se esses montes de altura razoável, puxam para baixo o otimismo, como apostar no verde nas terras de planuras?

Isso me faz lembrar as trilhas brutas e íngremes que tive que encarar no sopé da serra das Porteiras, entre Batalha e Belo Monte.  Uma tortura não anunciada em meio aos raros cenários deslumbrantes, desconhecidos, longínquos, escondidos da civilização. Era o grosso da teimosa viagem a pé seguindo o leito seco do rio Ipanema das nascentes à foz. Tudo isso registrado no livro DNA de Santana, “Ipanema, um rio macho”. As maiores dificuldades encontradas nos 220 km de trajeto, foi a partir do povoado Saúde, município de Batalha. Dali em diante, não tem mais como passar por dentro do rio. Também ali morre a estrada e surge a serra das Porteiras, margeando pela esquerda o rio Ipanema. Só se continua a viagem se subir e descer várias vezes pelo sopé da serra onde uma trilha, estreita repleta de pedrinhas rosas e brancas, quadradas, de cerca de 8 cm, tomam grande parte do trajeto.

Comentada como lugar de onça suçuarana, deixava a expectativa de um ataque a qualquer momento, naquela trilha sombreada pela caatinga “virgem”, muito difícil para cavalos, burros e jumentos, quanto mais para gente. Mas a frustração como geógrafo, foi não ter trazido no bornal, uma amostra daquela pedra para análise com especialistas. A exaustão beirou um falecimento súbito porque subir e descer por aqueles caminhos misteriosos, era coisa para matar qualquer animal. Posso dizer que fui um sobrevivente daquela aventura maluca, ladeado pelos saudosos companheiros João Soares Neto (Quen-Quen) e o radialista Wellington Costa.

Já estou cansado só em recordar.

Ô sertão do rio Macho!

 

 

 

 

  UM JORNALISTA DE PESO Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.983   Tive ime...

 

UM JORNALISTA DE PESO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.983

 



Tive imenso prazer ao apreciar a leitura do livro do renomado jornalista Fernando Valões. Lançado há pouco na Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte em Santana do Ipanema, o livro é mais um sucesso da Editora Edfika de Arapiraca, Alagoas e, contém 199 páginas escritas em papel estilo envelhecido. Estou primeiramente agradecendo a referência a meu nome artístico à página sem número que precede o dilúvio de relevantes documentos. Antes invisíveis, as penumbras que elevam o compêndio “Santana do Ipanema, sua origem” e o destemido autor, aureolam a audácia dos intimoratos pesquisadores. Portanto, é sempre gratificante quando uma obra é publicada sobe a “Rainha do Sertão”, abordando qualquer tema que venha a contribuir com a intelectualidade da Ribeira.

Fernando Valões, jornalista renomado principalmente no eixo Arapiraca – Santana do Ipanema, especializou-se em reportagens de impactos e polêmicas causadas pelo jornalismo investigativo. Autor de outros livros, Valões volta agora com um livro de pesquisas apuradas, cujo epicentro é o município de Santana do Ipanema. A pedra lançada ao lago cristalino faz propagar as ondas que vão além das nossas fronteiras, levando luzes, notadamente para o tema emancipação política, precisão de data e argumentos perseguidos pelo sagaz pesquisador. Escrever história é polemizar, sempre foi. Todos argumentam possuir a verdade e cada renovação da mesma história é sempre marcada por novos vieses.

Não se limitou o ilustre jornalista – que possui outros títulos – a datar a emancipação correta do nosso município, mas movido pela euforia dos descobrimentos, ainda brinda seus leitores com fatos semelhantes acontecidos em outras plagas alagoanas; elenca protagonistas, atores e situações históricas detalhadas, já conhecidas ou não, mas que corrobora consistência aos fatos primordiais. Assim, mesmo que o autor não consiga oficialmente corrigir possíveis falhas de antigas narrativas, aponta novas rotas de escapes para o emaranhado político que se formaram nos séculos passados.

O livro do jornalista Fenando Valões é um convite a uma reflexão profunda com roupagem nova, no cenário de uma plateia acomodada.

Recomendo.