quarta-feira, 25 de setembro de 2024

 

AS CUECAS DE LABIRINTO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 116

 



Vou contar de novo com outra roupagem. Uma vez por ano uma turma de homens casados jovens e alguns rapazes, saiam para Pernambuco para pescaria no riacho do Navio. Isso se tornou tradição. A medida que o tempo passava novos elementos iam aderindo à viagem de lazer que durava, aproximadamente uma semana. A turma levava a feira total, acampava sob às craibeiras de um poço, armavam redes e inventavam mil divertimentos, chamados pelos participantes de “cachorrada”. Tinha muitas brincadeiras pesadas no meio. Entre eles, se entrosou o cidadão com mais de 60 anos, Sebastião Gonçalo, vulgo Sebastião Labirinto. Fumava muito, era sério ou fingia, mas gostava das cachorradas dos parceiros. Contava seus casos vantagens, mas não escondia as rebordosas.

Certa feita Sebastião estava palestrando defronte à loja de tecidos de meu pai, quando os amigos das “cachorradas” começaram a acuá-lo dizendo que “ele só tinha uma cueca”. Este cerco durou vários dias e, Sebastião Labirinto fazia que não estava ouvindo, mas intimamente, gostava da “cahorrada”, como já foi dito. Entretanto, não era somente os companheiros de pesca que mexiam com ele, mas também outros que procuravam agastá-lo, mas, Labirinto continuava fumando e rebatendo de outras maneiras. Um dia apertaram tanto: “Sebastião só tem uma cueca”, que Labirinto, saiu e foi até a sua casa onde ultimamente morou, na CONHAB velha. Pois não é que Sebastião Labirinto retornou com um pacote e o entregou a um dos zombadores dizendo: “Abra”.

Os cabras, pegos de surpresa, abriram o pacote. Estavam ali entre dez e doze cuecas brancas tipo samba-canção, moda da época. Os colegas ficaram pasmos, pois jamais esperariam uma atitude daquela.

Calmamente, disse labirinto: “É porque são todas brancas.

As brincadeiras não paravam entre eles e muitas vezes eram sobre fatos acontecidos nas pescarias do riacho do Navio.

Os enfrentantes das viagens foram adoecendo, morrendo, e a tradição teve fim em Santana do Ipanema.

Sebastião se foi também, muito feliz com as “cachorradas”. Depois do pacote, nunca mais ninguém duvidou das CUECAS DE LABIRINTO.


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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

 

PRIMAVERA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de setembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 114

 



É, meus amigos e amigas, foi domingo, primeiro dia de primavera que fiquei eufórico por ter terminado o livro que estava escrevendo sobre o padre Cícero Romão Batista. Muitos percalços nesses 12 anos de pesquisas, inclusive o COVID. “Padre Cícero, 100 milagres Nordestinos”, agora foi para a segunda fase que é consultas a gráficas para orçamento. E com outras etapas, se Deus quiser, o livro será distribuído gratuitamente, primeiro entre os depoentes/testemunhos, depois aos romeiros que estiverem na Pedra do Padre Cícero no dia 20 de julho, em Dois Riachos, Alagoas. Grande romaria tradicional à Pedra pelo dia de morte do padre Cicero. Mas como ia falando, chegou a primavera trazendo esperanças para o nosso hemisfério e para todas as nossas almas.

O sertão, nesse primeiro dia da estação, amanheceu, nublado, úmido e ainda com as últimas friezas do inverno que se foi. As árvores da caatinga estão floridas se preparando para o Natal, a exemplo da belíssima craibeira de flores amarelas. Pela intensa arborização dos quintais de Santana, vamos notando a mudança do tempo com flores e frutos de época. Mesmo na arborização das ruas, diversas árvores como a Acácia, o Pau-Brasil... Vão soltando seus pequenos frutos que atapetam o chão. Os montes que circundam a cidade, convidam para um domingueiro passeio familiar. E pelas ruas da cidade, pelos sítios, pelos povoados, o ritmo febril de campanhas políticas, parece nem ligar muito para a Natureza. Mas a primavera avança acenando para o mundo.

Infelizmente, o rio Ipanema continua poluído, pelo próprio povo inconsciente. E como foi dito acima, faz parte de belas paisagens genuinamente sertanejas. Mesmo cheio de descartes dos poluidores, suas areias mostram muito o verde, formando um belo jardim entre os pedregulhos, bolsões de lixo, poços afogados e pedras lisas. E os jardins primaveris que se formam no trajeto do leito sem água, igualam-se a quaisquer outros belos jardins, mas também depende dos olhares do observador.

Pensamento positivo, leitoras e leitores para contribuirmos com uma PRIMAVERA verdadeira na faxina dos mundos e baseada no coração magnânimo do Grande Arquiteto do Universo.

IGREJA AO PADRE CÍCERO. LAJEIRO GRANDE (B. CHAGAS/ACERVO DO AUTOR).

 


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