quarta-feira, 19 de junho de 2013

DEPOIS



DEPOIS
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2013
Crônica Nº 1037

(campinas.classificados.br.)
Enquanto cassetete dá preço pelas principais capitais brasileiras, cínicos balançam a cabeça e o sertão veste cinza. Bem que após as pragas de moscas, besouros e mosquitos, as chuvas vão embora deixando o mês de junho sem pai e sem mãe. Voltamos aos velhos tempos dos bons invernos quando o mês de agosto matava o restante da lavoura com a frieza e com as lagartas. Essas bichas silenciosas nunca mais haviam dado às caras por aqui, mas agora resolveram "atanazar" o agricultor. Anteciparam-se ao mês fatídico e danaram-se a “roer” o verdume desbotado dos plantios. Como quase todos os homens do campo são pequenos proprietários em roças de subsistência, não vale à pena gastarem dinheiro para envenenarem as suas plantações. Mesmo porque, por uma parte não dispõem da verba necessária e, por outra, para que gastar com inseticida na incerteza das chuvas que estão presas?! Os mandacarus vão espiando do alto a paisagem pedindo socorro e o tempo carrasco com a corda na mão. As madrugadas trazem para o sertanejo os sonhos de bonança, o pesadelo da realidade e os sinais da inconstância.
Nas ruas do país o cacete come! O cara-pintada ou o cara-sem-tinta berram, gritam, vociferam e amarrotam o vinco. Os culpados tremem de medo dentro dos seus bunkers ornados com dinheiro público. Diante da imposição do microfone alguns afirmam que os movimentos são “lindos”, “belezas puras”, “festas democráticas”, receosos por dentro que sejam apontados como campeões dos desvios originários dos protestos. Dizer o contrário seria muito pior. Eles são espertos o suficiente para não melindrarem a causa do que protesta. E o Sertão sofrido, acuado, martirizado pela Natureza e pelos reizinhos, vai acompanhando tudo pelo televisor comprado à prestação. O conformismo pula para o front do pensamento revolucionário. Chega à vontade doida de ir às ruas somar suas frustrações a milhares de outros militantes com o testemunho dos altos edifícios espigados. E no meio da massa citadina, peleja o campesino com o boné da roça e da bandeira. Como os movimentos surgiram, assim desaparecem, mas o treino da revolta fica desenhado, para um retorno mais firme e muito mais duro para novamente abalar as almas dos culpados.
Estão brincando com o povo e, com o povo não se brinca. Ontem foi dia de cacete, hoje é dia de pão. Dia de jogo de Neymar. Depois... DEPOIS!

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terça-feira, 18 de junho de 2013

ADVERTÊNCIA



ADVERTÊNCIA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de junho de 2013
Crônica Nº 1036

Foto: (Brasil Photo Press).
Enganam-se os que pensam que o Brasil sempre foi um país pacífico, internamente. Inúmeras revoltas que se tornaram famosas iniciaram em conflitos locais, agigantando-se pelo país inteiro. É verdade, porém, que o brasileiro tem uma paciência quase chinesa diante de tanta cachorrada que atinge o nosso bolso. A explosão das multidões enfurecidas, recentemente, é semelhante à outras da nossa história. O povo vai acumulando na cabeça os desmandos administrativos até que um dia não aguenta mais. Tudo o que se precisa em determinadas épocas é apenas um simples palito de fósforo. A mãe de todos os desmandos, sem dúvida alguma é a corrupção. Enquanto o bandido das ruas vai ao assalto armado, direto, disposto a matar, o homem da gravata faz a mesma coisa com os cofres públicos porque não tem a coragem exposta do bandido. Age nas sombras com o nosso dinheiro, cada vez mais se aperfeiçoando na arte de levar a verba do povo. A cachorrada começa com os salários exorbitantes que somente eles têm direito, enquanto o povo vai para o salário mínimo.  Somente aí já é uma sangria enorme no país, mas protegido por leis criadas por eles mesmos, à coisa se torna legalizada. Depois vêm as verbas extras para comprar isso e aquilo e mais emendas e emendas e propinas obesas em licitações dos que entram no mesmo baile. Abusam da paciência do povo e apodrecem com tantos bens acumulados. Um dia, um dia, porém, poderá acontecer como a Revolução Francesa e, a fúria da plebe tornar-se guilhotina nas invasões às sedes dos dirigentes públicos. Um simples protesto com pneus queimados pode se tornar uma grande tragédia nacional. Mas os que desonram o nome a todo o momento, chafurdando na lama microbiana monetárias do suor alheio, nem percebem os ruídos iniciais das massas.
A quebradeira que se viu ontem pelo Brasil inteiro pode terminar mansa como a brisa ou prosseguir e causar estragos como terremotos. Todos os protestos têm como pano de fundo a corrupção que se apresenta com várias outras denominações. É muito difícil segurar um movimento pacato sem partir para a violência. No Brasil de outrora e mais recente não havia comunicações. Agora o sino que toca em um ponto repica imediatamente nos quadrantes. Diante do que vamos acompanhando através de anos, pelas notícias cotidianas, viemos mostrando. O Brasil não tem mais como recuar. Para se tornar um grande país de fato e de direito, vai evoluir à tolerância zero com a parte podre dos seus “teatros”. Isso nos parece apenas uma furiosa ADVERTÊNCIA.  

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