quarta-feira, 20 de novembro de 2019

CASA DE TAIPA


CASA DE TAIPA


Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.219

(BLOG: FOTOS E FATOS DA CAATINGA).
Casa de taipa no Brasil está em todas as regiões com variações de nomes. Seu formato é coisa antiga da África, do Oriente e mesmo da Europa. Mas estamos apresentando a residência rude do nosso sertão nordestino, com suas peculiaridades. A casa de taipa é mais comum na zona rural, principalmente feita por pessoas de baixíssimo poder aquisitivo. Sua construção artesanal tem a sua eficiência diretamente ligada as habilidades do seu construtor. Pode ser erguida com o próprio barro do local, podendo também ser transportado em carro de bois. Primeiro se faz um entrançado de varas e outras madeiras. Varas verticais, varas horizontais que formam uma espécie de gaiola. Quando a parte de madeira se encontra apta, vem à parte do barro, molhado, mexido e até pisados por muitos em dança de coco de roda.
O mestre vai jogando com a mão o barro no entrançado da madeira, enquanto os convidados bebem, dançam e cantam o coco misturando o barro com os pés, ao som de instrumentos musicais  como o pandeiro e a “peneira”. Esse ritual recebe o nome de “Tapagem de Casa”. Um cantor ou uma cantora canta o coco, geralmente improvisado. Depois o teto é coberto com palha de coqueiro (mais comum nos litorais) ou telhas. As paredes, após o serviço, podem ficar perfeitas ou não, dependendo do mestre construtor. Muitas casas surgem com rachaduras onde insetos e roedores costumam se esconder, como o barbeiro transmissor da doença de Chagas. Entretanto as paredes podem receber acabamento e até reboco semelhante às casas de alvenaria.
Muitas cidades do sertão nordestino têm em suas ruas casas importantes feitas de taipas com reboco que de longe não demonstram suas origens.
Mesmo com programas governamentais para substituir essa modalidade de construção, a casa de taipa nunca foi erradicada totalmente desse Brasil, velho de guerra.
Os costumes vão desaparecendo com a evolução, mas aqui, acolá, pode surgir um convite ao amigo para uma Tapagem de Casa.
E haja coco de roda, namoro suado e cachaça “rinchona”!




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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

ESCLARESCIMENTO DE FOTO CANGACEIRA

ESCLARESCIMENTO DE FOTO CANGACEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.218

       
Sobre a famosa foto de onze cabeças dos cangaceiros abatidos na Grota de Angicos, temos a dizer o seguinte: A do próprio dia 28.07.1938, quando as cabeças foram expostas nos degraus da prefeitura de Piranhas. Essa foto reproduzida em maior quantidade enquadra apenas o objetivo: cabeças, pertences e degraus grossos. Quando a foto do mesmo autor (ou não) abre mais um pouco, vemos também, o outro lado da rua com uma pessoa passando defronte a uma fachada de casa tipo comercial, porta larga e fechada.         Se a foto for apenas sobre o objetivo, você reconhece ter sido produzida em Piranhas pela altura enorme dos quatro degraus da prefeitura.
Em Santana do Ipanema, policiais fizeram como em Piranhas (30.07.1938). Primeiro apresentaram as onze cabeças, inclusive, a de Lampião e Maria Bonita, em latas de querosene, Depois dispuseram as cabeças em um lençol branco estendido nos degraus da Igrejinha/monumento de Nossa Senhora Assunção, defronte o quartel do batalhão. A foto famosa não tem diferença da foto de Piranhas, uma vez que a formação de cabeças e material apreendido são os mesmos. Quando a foto do mesmo autor (ou não) abre, vê-se ao fundo uma parte do Grupo Padre Francisco Correia e uma parte do quartel. Como reconhecer se a foto é a de Piranhas ou de Santana se as duas só mostram os objetivos? Unicamente pela espessura dos degraus. Os degraus da Igrejinha de Santana do Ipanema são mais finos, menos da metade da espessura dos de Piranhas.
Alguns livros sobre o cangaço trazem as fotos com fundos diferenciados, identificadas na hora. Tornaram-se mais raras por causa da preferência pelos objetivos. Quem quiser pesquisar, mãos à obra. É só mergulhar em mais de mil obras ilustradas e as acharão.
Os mortos querem descanso.




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