quarta-feira, 30 de março de 2022

 

PONTE, PASSARELA, VIADUTOS

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.683



 

Novamente viemos bater na tecla de pontes em Santana. Na década de 60, o prefeito Adeildo Nepomuceno Marques conseguiu uma ponte para o rio Ipanema, através do, então, governador João Batista Tubino. Após estudos do melhor local, optaram pela região do Comércio onde foi construída em 1969; contrariando a vontade do povo que preferia a ponte sobre o rio, na região antigamente chamada Minuíno ou região das olarias, antiga estrada para Olho d’Água das Flores, pelo Bairro São Pedro. Com a ponte, a margem direita do Ipanema, antes desabitada, hoje é dona dos bairros: Domingos Acácio, Paulo Ferreira, Santa Quitéria, Santo Antônio e Isnaldo Bulhões. O que não faz uma ponte!

Passados os mais de 30 anos, uma nova ponte no Minuíno é necessária. É necessária para desenvolver diretamente os bairros São Pedro, Santa Quitéria, Isnaldo Bulhões e Santo Antônio e no geral, auxiliar a mobilidade urbana e Santana do Ipanema. Ver o exemplo acima. Além disso, o rio que atravessa toda à cidade Oeste-Leste, necessita também uma outra ponte ligando diretamente a Avenida Castelo Branco – Bairro São José – às imediações do Hospital da Cajarana. No mínimo, uma passarela que evitaria cerca de 6 km de rodeio e aliviaria o trânsito pela ponte do Comércio. Viadutos curtos e longos são necessários em regiões de sufoco desta cidade ladeirosa. Temos que formar estruturas urbanas para hoje e para o futuro. Não podemos ficar só no feijão com arroz. Muito já foi feito, muito se tem a fazer.

Quando será construído um anel viário no Maracanã? Aqui não existem críticas à gestão municipal, porém, sugestões arrojadas para a realidade de Santana século XXI. Uma faculdade de Medicina continua a ser o sonho da cereja do bolo, mas é tão difícil assim? As aspirações santanenses por uma ponte no Minuíno – hoje com o nome de Passagem Molhada – é uma aspiração legítima em que a verba federal faria isso num piscar de olhos. Ali funcionavam as três olarias que ajudaram no crescimento urbano: de Zé Cirilo, de Eduardo Rita e de Seu Piduca. Aliás aquela parte da cidade bem que deveria ser chamada de Bairro Olarias, como no Rio de Janeiro, justa homenagem à tradição e seus heróis.

Construir pontes é erguer ideais.

RIO IPANEMA NA REGIÃO DAS OLARIAS (FOTO: JEANE CHAGAS)


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terça-feira, 29 de março de 2022

 

POU-POU-TÁ-TÁ... BUM!

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.682



As festas mais antigas da padroeira de Santana do Ipanema tinham um alto padrão de festejos que os tempos atuais não conseguem. Considerada a maior festa religiosa de Alagoas, era repleta de atrativos sacros e profanos que faziam da terra um paraíso. De Penedo vinham cantoras famosas para o coral da Igreja e banda de música. Na praça central, foguetório, balão, barco de fogo, estandarte aberto com fogos, banda de música, parque de diversão e uma infinidade de bancas defronte a Matriz, no Largo da Feira, a se estender pelas ruas José Américo e Tertuliano Nepomuceno. Os balões flutuavam a partir dos fundos do “sobrado do meio da rua” (“Casa A Triunfante” de José e depois Manoel Constantino). Já o foguetório acontecia a partir do Beco de São Sebastião, ao lado da sua igrejinha.

Antes da banda de música do maestro Miguel Bulhões, anos 60, 70, e que tocava tanto fora da igreja, quanto dentro, havia um fogueteiro famoso e muito querido pelo povo, mas não vem à memória o nome dele. Faleceu. Passou uns tempos sendo substituído nos preparativos e fogos da igreja, através do moreno Manoel Domingos que também ajudava nas missas. Depois surgiu o fogueteiro Zuza, principal personagem nesta crônica. O fogueteiro era importante porque raramente aparecia fogos de indústria. O fogueteiro do interior fazia tudo: foguete normal, foguetão, foguete de lágrimas e bombas de todas as espécies. A maior bomba não era atômica, mas só era lançada   bem longe da cidade, no rio Ipanema. Abalava tudo.

Zuza fogueteiro surgiu do nada. Aos poucos conquistou todo o povo santanense. Branco, forte (quase gordo) só andava sem camisa. Paciente e educado, morava numa esquina da rua Tertuliano Nepomuceno, onde fabricava seus artefatos. Podemos dizer que a última banda de música de Santana do Ipanema foi a do senhor Miguel Bulhões (seu filho Ivaldo herdou, mas durou pouco). E o último fogueteiro da terrinha foi o carismático Zuza Fogueteiro. Em se tratando de fogos, deixava a festa da Padroeira sempre na vanguarda. Quanto ao beco de São Sebastião, deva acesso à Rua Prof. Enéas, por trás do comércio, e ao rio Ipanema. Devido à multidão, era dali de onde ganhava asas os foguetes de Senhora Santana.

Deus o proteja e guarde por onde se encontrar.

·         O título da crônica refere-se ao foguetório do Zuza.

COMÉRCIO ATUAL DE SANTANA (FOTO: B. Chagas)

 


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