POU-POU-TÁ-TÁ... BUM!
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.682
As
festas mais antigas da padroeira de Santana do Ipanema tinham um alto padrão de
festejos que os tempos atuais não conseguem. Considerada a maior festa
religiosa de Alagoas, era repleta de atrativos sacros e profanos que faziam da
terra um paraíso. De Penedo vinham cantoras famosas para o coral da Igreja e
banda de música. Na praça central, foguetório, balão, barco de fogo, estandarte
aberto com fogos, banda de música, parque de diversão e uma infinidade de
bancas defronte a Matriz, no Largo da Feira, a se estender pelas ruas José
Américo e Tertuliano Nepomuceno. Os balões flutuavam a partir dos fundos do “sobrado
do meio da rua” (“Casa A Triunfante” de José e depois Manoel Constantino). Já o
foguetório acontecia a partir do Beco de São Sebastião, ao lado da sua
igrejinha.
Antes
da banda de música do maestro Miguel Bulhões, anos 60, 70, e que tocava tanto
fora da igreja, quanto dentro, havia um fogueteiro famoso e muito querido pelo
povo, mas não vem à memória o nome dele. Faleceu. Passou uns tempos sendo
substituído nos preparativos e fogos da igreja, através do moreno Manoel
Domingos que também ajudava nas missas. Depois surgiu o fogueteiro Zuza,
principal personagem nesta crônica. O fogueteiro era importante porque
raramente aparecia fogos de indústria. O fogueteiro do interior fazia tudo:
foguete normal, foguetão, foguete de lágrimas e bombas de todas as espécies. A
maior bomba não era atômica, mas só era lançada
bem longe da cidade, no rio
Ipanema. Abalava tudo.
Zuza
fogueteiro surgiu do nada. Aos poucos conquistou todo o povo santanense.
Branco, forte (quase gordo) só andava sem camisa. Paciente e educado, morava
numa esquina da rua Tertuliano Nepomuceno, onde fabricava seus artefatos.
Podemos dizer que a última banda de música de Santana do Ipanema foi a do
senhor Miguel Bulhões (seu filho Ivaldo herdou, mas durou pouco). E o último
fogueteiro da terrinha foi o carismático Zuza Fogueteiro. Em se tratando de
fogos, deixava a festa da Padroeira sempre na vanguarda. Quanto ao beco de São
Sebastião, deva acesso à Rua Prof. Enéas, por trás do comércio, e ao rio
Ipanema. Devido à multidão, era dali de onde ganhava asas os foguetes de
Senhora Santana.
Deus o
proteja e guarde por onde se encontrar.
·
O
título da crônica refere-se ao foguetório do Zuza.
COMÉRCIO ATUAL DE SANTANA (FOTO: B. Chagas)
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