O PESTE DO GUINÉ Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.735   GUINÉS. Foto: ...

O PESTE DO GUINÉ

O PESTE DO GUINÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.735
 
GUINÉS. Foto: (Sítiocolírio).
Quando o meu amigo agricultor se referiu a um político local e o apelidou de guiné, chamou-me atenção. Apesar de conhecer algumas façanhas dessa ave, não conhecia a semelhança do apelido levado ao sujeito.
Como criávamos muitos guinés sempre tivemos a melhor impressão possível da ave. No sertão alagoano ela também é chamada capote e tô-fraco, mas em outras regiões recebem denominações como galinha-d’angola, cocá, galinha-do-mato, faraona, sakué, pintada, picota, fraca e cakuê. Essa ave, extremamente arisca, é originária da África e introduzida no Brasil pela colonização portuguesa. Cria-se guiné no terreiro, em bando e, por mais grãos de milho que se dê, a fêmea está sempre a cantar, o canto que se entende por: tô-fraco. Existem ainda outros nomes correspondentes ao animal. Algumas religiões africanas gostam do guiné para oferenda a certos orixás.
Essas aves possuem nove subespécies e gostam de esconder os ovos no mato. A fêmea põe em um lugar e vai cantar em outro para despistar os predadores. O ovo de guiné é pequeno, tem casca dura, gema muito amarela e uma delícia de paladar. Se estiverem divididos em grupos, cada grupo tem seu líder. Na canela ninguém consegue pegar o bicho; só na espingarda ou à noite na dormida. Quando se descobre uma ninhada de ovos, está quase sempre acima de 40, pois as aves gostam da postura no mesmo ninho. São tão nervosas que o líder do bando fica vigiando na hora da comida e só come por último se tiver tudo bem. O cavalheirismo faz inveja a muitos marmanjos, não!
A sua carne é saborosa e exótica. Nas feiras do interior sempre se encontra ovos de guiné à venda, mesmo em quantidade mínima, assim como a própria ave. Os apreciadores fazem encomenda e nada melhor para se oferecer como almoço a um visitante da capital. Ainda existe àquela dureza no conselho que a carne é carregada. E se você acha que não foi carregada e sim comprada, tenha cuidado com as coisas que não deseja revelar.
Voltando a empolgação do amigo, ainda não descobri porque ele chamou o político de guiné. Mas conforme as informações postadas, você mesmo descobrirá. Só sei dizer que o companheiro estava irado e disse: “Fulano! Aquilo é um guiné da peste!”. Como Polícia Federal descobre tudo...

A BALEIA SUBIU O POSTE Clerisvaldo B. Chagas, 11 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.734 Surpreen...

A BALEIA SUBIU O POSTE
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.734

Surpreendeu o povo alagoano, o número exagerado de baleias que surgiu em suas praias, nos últimos dias. O que estaria acontecendo com a baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) em nosso mar? Estaria sendo vítima de pescadores? De desorientação? De bancos de areia? Afinal um mamífero que atinge a média de 12 a 16 metros não pode passar despercebido nas praias  mais bonitas do Brasil. E ao mesmo tempo em que os biólogos tentam explicar o fenômeno, o pensamento corre para a iluminação pública no Brasil antigamente.
No século XVIII não havia iluminação no país. Na Europa se usava o óleo de oliva e que era muito caro. Só no século XIX foi iniciada em alguns lugares a iluminação pública no Brasil. Mas pelo alto preço do óleo de oliva, o Brasil começou a usar o óleo de coco e de mamona. Óleo de mamona, esse mesmo usado no eixo do carro de boi para que ele fique cantador. Foi, então, que a baleia subiu nos postes através do seu precioso óleo, para as célebres lâmpadas de óleo de baleia. Rio de Janeiro iniciou sua iluminação em 1794 e usava óleo vegetal e animal. São Paulo em 1830 iluminava-se com óleos. E foi ele quem primeiro usou o gás no período 1854 até 1936. E mesmo com o surgimento da luz elétrica, algumas cidades usavam tanto a eletricidade quanto o gás.
Em Santana do Ipanema, interior de Alagoas, usava-se nos postes a iluminação com óleo, provavelmente, com os dois tipos, tanto de mamona quanto de baleia. E só em 1922 – com a elevação de Vila à Cidade – Santana do Ipanema passou a utilizar a eletricidade por força Motriz e a baleia desceu dos postes.

Volta-se ao surgimento dos grandes mamíferos nas areias do litoral alagoano. Os estudiosos  afirmam que as baleias não estão encontrando  alimentos por uma série de fenômenos e ações dos homens. Morrem em alto mar e são trazidas às praias pelas correntes marinhas. E se muitos fenômenos físicos são provocados pelo homem, indiretamente é o próprio homem o culpado das mortes das baleias. Nesse caso os gigantescos mamíferos dos mares são apenas a continuação dos atos irresponsáveis dos “pernas de calça” de várias partes do mundo.

ÓI, ÓI O TREM! Clerisvaldo B. Chagas, 8 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.733 VLT. Foto (Divulgaçã...

Ói, Ói O TREM

ÓI, ÓI O TREM!
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.733
VLT. Foto (Divulgação).

“Café com pão
Café com pão
Café com pão

Bolacha não...”

Era assim que a meninada marcava o ritmo do trem de ferro, antiga Mara Fumaça. Enquanto o tufo de fumo subia contorcido pelo vento, a máquina apitava roucamente próxima às estações; ponto de encontro entre os que ficavam e os que partiam dividindo as lágrimas com os vendedores de laranja e tapioca nas plataformas. Quase todos escritores filhos de cidades onde havia linha férrea, não deixaram de descrever cenas acontecidas no trem. Nas Alagoas foi romance necessário que fez desenvolver os vales dos rios Mundaú e Paraíba do Meio, repletos de canaviais. Eram eles condutores de cargas para os antigos trapiches armazenadores de mercadorias para esportações pelos navios do Porto de Jaraguá.  Da Zona da Mata de Viçosa, novo ramal tomou direção do Agreste e foi bater em Palmeira dos Índios para descer até Porto Real de Colégio, no Baixo São Francisco.
Perdendo a luta para os transportes rodoviários, as antigas ferrovias morreram pelo abandono. E agora nos tempos modernos ressuscita-se o trem nas capitais como transporte urbano sob a denominação de VLT – Veículos Leves Sobre Trilhos – um misto de trem e bonde, bonito que só uma boneca e confortável que só braços de mãe. O preço de cada viagem é simbólico e transporta diariamente milhares de trabalhadores em parte da zona metropolitana de Maceió. Finalmente chega outra excelente notícia para a capital e os municípios de Satuba e Rio Largo. A reinauguração da antinga linha ferrovária, totalmente modernizada, do Centro de Maceió ao Porto de Jaraguá, coisa que parecia um sonho.
Valeu, portanto, o transtorno causado com as obras dos trilhos até o histórico bairro. Com seria bom viajar num bichão desse do Sertão à capital! Mas esse sonho nunca aconteceu antes e pelo jeito parece que nunca acontecerá. O Sertão agora está movido à Vans, também chamadas de Bestas, por aqui. Até os ônibus passaram a sofrer à nova onda de transporte menor. O exemplo é o fechamento de importante empresa de ônibus da cidade de Palmeira dos Índios a qual serviu durantes décadas. Com a ressureição do trem com alma de VLT pelo menos se resgata parte do romantismo de outrora, na capital. No restante, vamos embarcando na música de Raul Seixas: Ói, Ói o Trem...
Ô vida “Marvada”!