FECHANDO A SEMANA
(Clerisvaldo B. Chagas. 11.12.2009)
Para amenizar o final dos dias úteis, marcados pelas tragédias dos jornais, encerremos com poesias. Vamos contar dois casos acontecidos em sextilhas (estrofes de seis versos com sete sílabas). O primeiro tem uma terminação chula, porém, o importante é a criatividade, a rima incomum e a métrica perfeita.
O cantador violeiro-repentista gosta muito de cantar às belezas naturais: o Sol, a Lua, as montanhas, rios lagos, lagoas, inverno, verão... Entre os repentistas se destacam aqueles que são mais específicos em determinados gêneros. Fulano é bom em martelo agalopado, beltrano é ótimo em temas, cicrano é mais lírico e assim em diante. Quando se canta em sextilhas (estrofes básicas de seis versos) o cantador tem que iniciar a sua estrofe rimando com a última palavra da estrofe do companheiro para evitar balaio (jogar verso decorado no meio do improviso como quem passa “rabo de porco” no jogo de dominó).
Pois bem, segundo o saudoso vereador Zé Bodinho e o Cecéu mecânico, uma dupla se digladiava em algum lugar do Nordeste. Um dos cantadores descrevia as maravilhas físicas do mundo e fez uma estrofe mais ou menos assim:
Admiro o céu azul
Que parece uma esplanada
Sem ter cola no espaço
A nuvem fica parada
Admiro a chuva fina
No bojo da madrugada
O outro cantador, afeito mais às coisas do sertão, aproveitou a deixa e disse:
“Eu admiro isso nada
Admiro é o teiú
Que corre dentro do mato
Descalço pelado nu
Com tanta velocidade
Não pega um toco no c...”
É pena não sabermos o nome do autor. O segundo caso foi contado pelo repentista e apresentador da TV Diário, amigo Geraldo Amâncio, defronte a Matriz de Senhora Santa Ana. Não falou sobre o autor da façanha. Um cantador cantava sozinho em uma tolda na feira. Elogiava os transeuntes. Alguns paravam com o elogio e depositavam sempre uma nota de real, não passavam disso. Acontece que o poeta avistou uma dona muito bonita e elegante que se aproximava. Rapidamente indagou ao barraqueiro quem era ela. O homem respondeu que se tratava de uma rapariga, a dona do cabaré local. Ao passar pela tolda, a mulher recebeu um inspirador elogio do poeta. Vaidosa, voltou-se, abriu a bolsa e depositou no prato duas notas de 10 reais. Ora, para quem só estava recebendo de um, o repentista ficou eufórico e agradeceu:
“Muito obrigado dona
Pela paga verdadeira
Mal empregado esse nome
Que lhe dão mulher solteira
Raparigas são as pestes
Que andam lisas na feira”.
(OBS. Leitor assíduo: mande suas impressões sobre os nossos trabalhos através de E-mail ou pelo mural (pombo-correio) do Site Santana Oxente. Não ficará sem resposta, inclusive crônicas dedicadas quando caírem no seu perfil). Até segunda.
Esta crônica saiu adiantada. Correu na frente dizendo: Não me pega, seu besta!
(Clerisvaldo B. Chagas. 11.12.2009)
Para amenizar o final dos dias úteis, marcados pelas tragédias dos jornais, encerremos com poesias. Vamos contar dois casos acontecidos em sextilhas (estrofes de seis versos com sete sílabas). O primeiro tem uma terminação chula, porém, o importante é a criatividade, a rima incomum e a métrica perfeita.
O cantador violeiro-repentista gosta muito de cantar às belezas naturais: o Sol, a Lua, as montanhas, rios lagos, lagoas, inverno, verão... Entre os repentistas se destacam aqueles que são mais específicos em determinados gêneros. Fulano é bom em martelo agalopado, beltrano é ótimo em temas, cicrano é mais lírico e assim em diante. Quando se canta em sextilhas (estrofes básicas de seis versos) o cantador tem que iniciar a sua estrofe rimando com a última palavra da estrofe do companheiro para evitar balaio (jogar verso decorado no meio do improviso como quem passa “rabo de porco” no jogo de dominó).
Pois bem, segundo o saudoso vereador Zé Bodinho e o Cecéu mecânico, uma dupla se digladiava em algum lugar do Nordeste. Um dos cantadores descrevia as maravilhas físicas do mundo e fez uma estrofe mais ou menos assim:
Admiro o céu azul
Que parece uma esplanada
Sem ter cola no espaço
A nuvem fica parada
Admiro a chuva fina
No bojo da madrugada
O outro cantador, afeito mais às coisas do sertão, aproveitou a deixa e disse:
“Eu admiro isso nada
Admiro é o teiú
Que corre dentro do mato
Descalço pelado nu
Com tanta velocidade
Não pega um toco no c...”
É pena não sabermos o nome do autor. O segundo caso foi contado pelo repentista e apresentador da TV Diário, amigo Geraldo Amâncio, defronte a Matriz de Senhora Santa Ana. Não falou sobre o autor da façanha. Um cantador cantava sozinho em uma tolda na feira. Elogiava os transeuntes. Alguns paravam com o elogio e depositavam sempre uma nota de real, não passavam disso. Acontece que o poeta avistou uma dona muito bonita e elegante que se aproximava. Rapidamente indagou ao barraqueiro quem era ela. O homem respondeu que se tratava de uma rapariga, a dona do cabaré local. Ao passar pela tolda, a mulher recebeu um inspirador elogio do poeta. Vaidosa, voltou-se, abriu a bolsa e depositou no prato duas notas de 10 reais. Ora, para quem só estava recebendo de um, o repentista ficou eufórico e agradeceu:
“Muito obrigado dona
Pela paga verdadeira
Mal empregado esse nome
Que lhe dão mulher solteira
Raparigas são as pestes
Que andam lisas na feira”.
(OBS. Leitor assíduo: mande suas impressões sobre os nossos trabalhos através de E-mail ou pelo mural (pombo-correio) do Site Santana Oxente. Não ficará sem resposta, inclusive crônicas dedicadas quando caírem no seu perfil). Até segunda.
Esta crônica saiu adiantada. Correu na frente dizendo: Não me pega, seu besta!
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