PARAIBANO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2012.
O homem foi mordido pela cobra cascavel
─ Leve-o para Antonio Paraibano.A menina está com uma ferida estranha na pele.
─ Leve-a para Antonio Paraibano.
O neném está com olhado.
─ Leve-o para Antonio Paraibano.
A frequência do nome do rezador, curador ou curandeiro, aos poucos foi enfraquecendo. O senhor Antonio Paraibano, cabelos branquinhos, já não sabe mais das coisas nos seus mais de 98 anos de existência. Aposentado do DNER, não conhece mais as pessoas e vive sob os cuidados de uma filha, bem pertinho da repartição onde por tanto tempo trabalhou. Se tivesse ficado registrada cada uma das suas curas, o todo não caberia em um livro comum. Deus passou para vários escolhidos da terra o dom e o poder de curar de algumas doenças. O curador não cura de todos os males. Cada rezador tem suas áreas específicas de atuações. Existe um ferida provocada pela aranha que os médicos não entendiam e nem curavam. Antonio Paraibano descobria a causa e curava com reza, na hora. A mordida da serpente mais venenosa perdia o efeito caso o animal ou pessoa fosse socorrida a tempo pelo Paraibano. Os fazendeiros contratavam o mestre para expulsar as cobras das fazendas e ele ainda perguntava por onde queria que elas saíssem. Quanto ciúme os curadores causaram à medicina!
Certa feita vi uma pessoa encaroçada dos pés à cabeça e os pais desesperados sem saber o que fizessem. Muitos médicos apanharam da doença. A doutora Vera que atuou muito tempo em Santana e hoje se acha em Maceió, chamada para o caso, descobriu que era uma alergia causada por mosquitos de bananeiras. Descobertas as bananeiras em alguns quintais das imediações, foram eliminadas e, a doença teve fim. Essa foi uma vitória médica. Outra pessoa com verrugas da cabeça aos pés gastava o dinheiro dos pais com médicos de vários municípios e remédios de farmácia e o mal somente aumentando. No último grau do aperreio familiar, Deus enviou um morador da fazenda do famoso advogado Aderval Tenório (já falecido). O humilde cidadão, ao passar para a feira, viu a pessoa repleta de verrugas e se ofereceu para curá-la. Morava esse cidadão no local Riacho do Bode, periferia de Santana do Ipanema. Dentro de uma semana, as verrugas começaram a cair até a pele da vítima ficar completamente sã. O rezador rezava a uma distância de dois a três quilômetros de distância e só voltou a aparecer quando o cliente estava completamente são. Eu vi.
Os famosos rezadores vão desaparecendo: dona Mocinha morreu. Dona Lica morreu. Dona Maria, da Floresta, morreu. Seu Roberto ainda reza e ultimamente muito me serviu. E voltando para o mesmo polo, infelizmente ninguém pode contar mais com o nonagenário, quase centenário dos cabelinhos grisalhos, mestre Antonio PARAIBANO.
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