domingo, 24 de março de 2013

ADALBERON



ADALBERON
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2013.
Crônica Nº 989

SATUBA - AL
Quando adolescente ouvi pela primeira vez o nome “Adalberon”. Fiquei encantado com aquele nome tão bonito que para mim era como se fosse uma denominação mágica. Seu simples pronunciamento trazia força reluzente. O Adalberon que eu conheci, se não me engano, era filho do mais famoso retelhador de Santana do Ipanema, conhecido como “Seu Tô”. Depois, Adalberon, rapaz que jogava bola conosco nas areias do rio seco, tornou-se soldado de polícia e parece que não é mais vivo, não sei. Mais tarde, iniciando em leituras mais pesadas, descobri outra pessoa que se chamava Adalberon. Tratava-se do escritor romancista palmeirense, Adalberon Cavalcanti Lins que escreveu “Curral Novo”, “Sidrônio”, “Caminhos Incertos” (que continuavam o primeiro) “O Tigre dos Palmares” e outros mais. Um Adalberon soldado de polícia e um Adalberon escritor. O primeiro ficou na minha mente com apenas uma lembrança da hoje Rua São Paulo e adjacências. O Adalberon escritor, com o romance Curral Novo, foi tudo na minha vida literária. O livro que me trouxe o orgulho de ser sertanejo; o maior incentivador para meus romances e, além disso, a força pessoal do autor afirmando o meu trabalho como um dos futuros maiores romancistas do Brasil. Nunca tive uma aproximação maior com o escritor de Palmeira que, na aparência física, parecia seco como Graciliano. Mas Adalberon tinha uma poesia dura na prosa e era impiedoso com seus personagens, quer dizer, muito cru com eles todos. Toda a minha influência de escritor vem de Adalberon, porém a poesia das minhas prosas é doce e não costumo ser cruel com minhas crias.
O radiante nome Adalberon, foi ficando encardido, manchado, preto, quando um prefeito de Satuba, cidadezinha da Grande Maceió, mandou assassinar um professor. Ao denunciar desvio de verbas, o professor foi sequestrado e queimado dentro do carro, numa barbaridade sem fim. A população alagoana aguardou muito, mas, finalmente a justiça chegou montada em tartaruga, porém, fincou 34 anos de cadeia nas costas do atual ex-prefeito de Satuba.
Nesses caminhos certos e tortuosos, qual será o quarto ADALBERON?

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2013/03/adalberon.html

Um comentário:

  1. Fico imensamente feliz em descobrir a importância e o valor não só da pessoa que era Adalberon Cavalcanti Lins, meu querido bisavô, mas de suas obras literárias.
    Maria Gabriela Lins

    ResponderExcluir