LAMPIÃO
E A CRUZ DE TINAN
Clerisvaldo B.
Chagas, 8 de agosto de 2013.
Crônica Nº 1064
06 a 09.1934. Fazenda Marrecas (AL). (Município de Inhapi).
Muita gente trabalhava na fazenda Marreca do senhor João Martins, e todos
andavam armados. Numa época de colheita (achamos que deve ter sido no período
de safra entre julho e setembro de 1934), Lampião começou a rondar a fazenda
para tentar pegar alguma pessoa armada.
O caçador Pedro Tinan
também estava por ali. Certa manhã o caçador foi tocaiar veados com o
companheiro Zeca Alves. Espalharam-se em duas esperas. Zeca Alves ouviu um tiro
e pensou que Tinan matara um veado. Tempos depois, foi e viu Tinan, que fora
atingido por um tiro de Lampião em cima de árvore. Após a queda, o bandido
sangrou-o e abriu seu ventre. Apoderou-se do fuzil do caçador e continuou sua
perambulação sinistra (SILVA 117:118).
Contou-me o senhor
Antônio, meu fiel empregado, por alguns anos, que morou muito na região da
Ribeira do Candunda, pois é originário dali, sobre Tinan. Tempos depois da sua
morte, uma mocinha começou a ter problemas e descobriram que era a alma de
Tinan que procurava falar com algum encarnado, usando a moça para chamar
atenção. Ao deparar-se com um médium, declarou não querer fazer mal a moça.
Tudo que queria era apenas que colocassem uma cruz em sua cova, lá num pé de
lajeiro onde sepultaram seu corpo, pois sua alma estava sofrendo por falta do
símbolo cristão. Providenciada a cruz, tudo voltou à paz de antes. (55).
·
Do livro Lampião em Alagoas, pag. 200.
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