domingo, 25 de agosto de 2013

"O NATAL DE GRECCIO"



“O NATAL DE GRECCIO”
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2013.
                                                        Crônica Nº 1074

Vamos iniciar a semana com um inspiradíssimo puxão de orelha do nosso saudoso amigo e escritor penedense.
“Os homens crescem no acumular riquezas. Lutam e nem sempre com dignidade pela conquista do poder. Procuram solapar a dignidade da família. Agridem à natureza, obra de Deus, a serviço do próprio homem. Nega a Deus, construindo dentro de si, do seu “eu” um ídolo que o atrai e o trai, deixando-o apaixonado pela sua própria grandeza fugidia e passageira. Assistimos, não vejamos nesta afirmação pieguismo e nem cafonismo, um termo do momento, uma total “negação de Deus”.
O mundo da técnica que deveria crescer harmonicamente está perdido dentro de sua própria realidade. Quando o homem que é obra de Deus, deveria como Francisco cantar o ─ “Cântico das Criaturas”, louvando pelas coisas criadas ao Criador, ele com seu egoísmo procura destruir a natureza, pois destruir o próprio homem já não satisfaz.
Tudo isso acontece porque o homem moderno prefere fechar o caminho que o leva a Deus que é a “oração”, construindo dento de si o muro que divide ricos e pobres, povos, filhos e pais, homens e o homem e Deus.
Como o homem do século XX precisaria parar para uma reflexão! Calar, para no silêncio poder escutar. Tomar consciência de que a sua vida é um trânsito longo ou curto. Porque tanta ânsia de acumular riquezas, deter nas mãos o poder? Porque anular o irmão para conquistar posição na sociedade? Porque anular fugir de sua procedência divina, assumindo um comportamento que nega a sua razão de ser? (...)
(...) Nós homens todavia, continuamos com uma atitude covarde, distanciados da nossa própria realidade, surdos ao chamamento, temerosos do encontro com a Verdade, iludidos com o fugitivo, vazios, realmente, vazios.
Viver a nossa realidade de ser criado não significa negar o valor dos “valores de hoje”. Cada tempo tem a sua marca e sempre o homem é o agente da sua realização. Se na Idade Média vivemos um momento inspirado no “Teocentrismo”, no Renascimento assistimos a transformação da sociedade alicerçada no ideal Antropocêntrico. O homem assume a própria dignidade de ser criado e começa a participação da obra da criação que é contínua e perene.
A mística seráfica não objetiva deixar o homem apático, fora da realidade da vida, alienado das exigências do tempo. A mística seráfica soma com muita autenticidade o Teocentrismo como fonte de ser como o antropocentrismo atitude consequente de tomada de posição, onde o homem realiza a sua missão de ser “co-criador com Deus”. Viver o franciscanismo é assumir com dignidade a presença dos desafios porém sem egoísmo, mas com plena consciência em Deus. É aceitar a sua realidade de agente co-criador e na obra de criação que continua. É a aceitação plena da nossa condição de homem”.
·        MÉRO, Ernani. Retalhos. Maceió, Sergasa, 1987. Págs. 50-52.




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