terça-feira, 12 de novembro de 2013

DAMAS DE BRANCO



DAMAS DE BRANCO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2013.
Crônica Nº 1085

Garça-branca-pequena. (Imagem Wikipédia).
O inverno prolongado no sertão alagoano pode emendar com trovoadas terríveis e benfazejas em benefício da agropecuária. Retornam as aves migratórias para as telas da paisagem campesina. Entretanto, o Bairro Floresta, em Santana do Ipanema, registra todos os dias ao entardecer, uma cena de colônia. Ocupando metade de um campo de futebol, garças-brancas-pequenas (Egretta Thula), provavelmente, pousam para o pernoite no garçal improvisado.
As garças já viviam no período eoceno (há 40 milhões de anos) e no plioceno (há 11 milhões). Elas são apreciadoras de terrenos pantanosos de águas rasas, onde encontram fartura de alimentos. Aplicam estratégia particular caçando e pescando aos deixar os ninhais. Nutrem-se de peixes, insetos aquáticos, caranguejos, moluscos, sapos e répteis.
Não temos uma região típica do habitat das garças, por aqui, o que faz pensar na razão dessa permanência. Em terreno pedregoso, inclinado e seco, ao lado de uma rua nova e sem calçamento, acomodam-se as aves. Na barreira, entre o hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo e o rio periódico Ipanema, formam o garçal pelo chão e sobre os arbustos resistentes às estações. Onde as garças-brancas-pequenas procuram alimentos para centenas de indivíduos? Ali por perto o rio Ipanema está completamente poluído. Os poços estão cobertos por plantas aquáticas e os peixes sumiram. Garça por perto é sinal de rio em condições ecológicas razoáveis, o que não acontece com o trecho urbano do Panema.
Encontramos bandos dessas aves nas proximidades do matadouro público municipal, no leito do rio, lugar denominado Volta. Contudo, as garças também se espalham pelos campos e são vistas ao lado de bovinos em plena pastagem, acompanhando os rebanhos. Dizem que em busca de carrapatos.
O certo é que ao pôr-do-sol, o espetáculo do ninhal na barreira do Bairro Floresta está completamente garantida. Aguardando estudiosos, apreciadores da natureza e máquinas fotográficas, ali estão as elegantíssimas aves. Possuem a perfil de sinuosas e belas mulheres da nossa sociedade, ilustrando verdadeiramente as DAMAS DE BRANCO.

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http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2013/11/damas-de-branco.html

Um comentário:

  1. Sutilezas que ninguém nunca viu, nunca percebeu, nunca se deliciou... Tudo a um custo irrisório, bastando apenas efetivamente olhar. Sertão rico e maravilhoso, apesar de ser tão castigado, esquecido, até pelos seus. Parabéns pela crônica!!

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