DAMAS
DE BRANCO
Clerisvaldo B.
Chagas, 13 de novembro de 2013.
Crônica Nº 1085
Garça-branca-pequena. (Imagem Wikipédia). |
O inverno prolongado
no sertão alagoano pode emendar com trovoadas terríveis e benfazejas em benefício
da agropecuária. Retornam as aves migratórias para as telas da paisagem
campesina. Entretanto, o Bairro Floresta, em Santana do Ipanema, registra todos
os dias ao entardecer, uma cena de colônia. Ocupando metade de um campo de
futebol, garças-brancas-pequenas (Egretta Thula), provavelmente, pousam para o
pernoite no garçal improvisado.
As garças já viviam
no período eoceno (há 40 milhões de anos) e no plioceno (há 11 milhões). Elas
são apreciadoras de terrenos pantanosos de águas rasas, onde encontram fartura
de alimentos. Aplicam estratégia particular caçando e pescando aos deixar os ninhais.
Nutrem-se de peixes, insetos aquáticos, caranguejos, moluscos, sapos e répteis.
Não temos uma região
típica do habitat das garças, por aqui, o que faz pensar na razão dessa
permanência. Em terreno pedregoso, inclinado e seco, ao lado de uma rua nova e
sem calçamento, acomodam-se as aves. Na barreira, entre o hospital Dr. Clodolfo
Rodrigues de Melo e o rio periódico Ipanema, formam o garçal pelo chão e sobre
os arbustos resistentes às estações. Onde as garças-brancas-pequenas procuram
alimentos para centenas de indivíduos? Ali por perto o rio Ipanema está
completamente poluído. Os poços estão cobertos por plantas aquáticas e os
peixes sumiram. Garça por perto é sinal de rio em condições ecológicas
razoáveis, o que não acontece com o trecho urbano do Panema.
Encontramos bandos
dessas aves nas proximidades do matadouro público municipal, no leito do rio, lugar
denominado Volta. Contudo, as garças também se espalham pelos campos e são vistas
ao lado de bovinos em plena pastagem, acompanhando os rebanhos. Dizem que em
busca de carrapatos.
O certo é que ao
pôr-do-sol, o espetáculo do ninhal na barreira do Bairro Floresta está
completamente garantida. Aguardando estudiosos, apreciadores da natureza e
máquinas fotográficas, ali estão as elegantíssimas aves. Possuem a perfil de
sinuosas e belas mulheres da nossa sociedade, ilustrando verdadeiramente as
DAMAS DE BRANCO.
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Sutilezas que ninguém nunca viu, nunca percebeu, nunca se deliciou... Tudo a um custo irrisório, bastando apenas efetivamente olhar. Sertão rico e maravilhoso, apesar de ser tão castigado, esquecido, até pelos seus. Parabéns pela crônica!!
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