RETALHO DOS VALORES AMOFAMBADOS
Clerisvaldo
B. Chagas, 6 de junho de 2016
Crônica Nº 1.526
“Recordo-me
perfeitamente como tomei conhecimento da nova poesia de Jorge de Lima, através
de Essa Negra Fulô e Banguê. Foi na
loja da Viúva Manoel Rodrigues da Rocha, nos fins de minhas férias de colegial
recifense, depois do carnaval de 1928.
O
poeta Valdemar Lima e o “causeur” Atanagildo Brandão, principais auxiliares
daquela firma, não gostaram da liberdade do Dr. Jorge, um médico respeitado em
todo o território alagoano. E eu, com os meus botões, achei a poesia meio
indecente.
Na
mesma semana, as pessoas “sabidas” lá de Santana do Ipanema ─ o Juiz de Direito Dr. Acioli, o Promotor Público Dr.
Arquimedes, o professor Pedro Bulhões, o negociante Fernando Nepomuceno, o
farmacêutico “doutor” Carôla, o “engenheiro” Joaquim Ferreira, o “advogado”
Joel Marques, o “astrônomo” Sinhô Morais (porque conhecia a direção das chuvas)
e o dentista prático “doutor” Perdigão, que vivia aboletado de cama, mesa e
consultório, na casa do Vigário ─ comentavam
desfavoravelmente a traição do “príncipe dos poetas alagoanos”.
Com
a sua reviravolta, o Dr. Jorge de Lima decaíra no conceito dos homens de bem e
dos bem-pensantes de toda a Província de Alagoas, desde a baía de Jaraguá até a
cachoeira de Paulo Afonso”.
ROCHA, Tadeu. Modernismo e
Regionalismo. Imprensa oficial,
Maceió, 1964. Págs. 35-36.
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