PAGINANDO OS
CARNAVAIS
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.841
BACALHAU DO BATATA. FOTO: (G1). |
Siloé Tavares – o
deputado estadual santanense – estivera no comando do combate violento do Impeachment do governador Muniz
Falcão. Mudando da violência para cena
doce, o deputado compadre de meu pai, construiu com festas todos os dias, a segunda
igrejinha do serrote do Cruzeiro. (O boi, a bota e a batina, história completa
de Santana do Ipanema). Não era de se esperar que um homem sério e rouco fosse
capaz de brincar o Carnaval. Mas estava ali no meio da rua para quem quisesse
ver. Siloé e seus amigos foliões fundaram o “Bloco do Bacalhau”. A turma tinha
um estandarte onde um bacalhau centralizava ladeado por recipientes de vinagre
e azeite. E se havia mais de uma estrofe na música do bloco, não foi
registrada. Mas o mote de guerra era repetido infinitas vezes:
“Olha
o bacalhau
Pra
nós é um colosso
Azeite
com vinagre
Salgado
ou insosso...”
Este conjunto de
folia, anos 60, foi apenas mais um dos tantos e tantos blocos carnavalescos da
minha terra, descritos desde a década de 1920.
Quando o bloco era organizado,
listava casa de pessoas influentes, para visitá-las durante o trajeto das ruas.
Essas pessoas preveniam-se e aguardavam a passagem do bloco com espaço, bebidas
e tira-gosto. Antes dos anos 20, os foliões costumavam invadir o sobrado do
coronel Manoel Rodrigues da Rocha e dançavam no salão principal do casarão.
Depois, a casa do padre Bulhões também era muito visitada onde o tira-gosto era
pão de ló.
Os carnavais, tanto
no interior do Brasil, quanto nas capitais, ora se apagam, ora se acendem. Mas
tanto os fracos quanto os fortes movimentos de Momo, trazem suas histórias coloridas
como suas roupas e estandartes. Quem gosta da folia, vai recordando suas
aventuras repetidas a cada mês de fevereiro, ocupando a mente com suas
fantasias. Em Santana do Ipanema, cada um que conte as piruetas e os amores dos
antigos carnavais, aumentando aqui, esticando mais ali, na ressurreição de
foliões como Seu Carola (ô), Silóe, Nozinho (ô), Lucena, Chico Paes, Agenor e
muitos outros que ficaram famosos na cidade. Sei lá...
“Olha o bacalhau
Pra nós é um colosso
Azeite com vinagre
Salgado ou insosso...”
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