SIM À
MOCOCA, NÃO À MACACOA
Clerisvaldo B.
Chagas, 19 de fevereiro de 2018
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.845
MOCOCA (DIVULGAÇÃO). |
Aos
oito anos vivendo por uns tempos em Maceió, já ouvia a propaganda agradável que
me chamava atenção: “A vaquinha Mococa está falando/a vaquinha Mococa está
dizendo/beba leite em pó Mococa...” E um mugido longo e saudoso de sertão
fechava a propaganda: “moooon...”. Minha tia, Carminha Braga, sempre comprava o
leite em pó que vinha com uma vaquinha simpática desenhada no pacote. E como
vai bastante tempo, pensei até que não existisse mais a marca. Olha a surpresa!
Estava escrito na notícia: “Unidade da Mococa fechou e deixou 157 desempregados
no interior de São Paulo”. Corri os olhos na Folha e vi que era mesmo a Mococa
do meu tempo de criança.
O
lado ruim ficou para o município paulista de Cerqueira César, onde a Mococa
possui uma unidade de produção de leite UHT. A unidade foi fechada no último
dia 6, deixando de produzir 500.000 litros de leite longa vida por dia. A sede
da empresa é na cidade de Mococa, onde tudo começou em 1919, produzindo
manteiga artesanal. Em 1930 já produzia em escala de indústria. Entretanto, a unidade de Cerqueira César será
vendida e, produtores de leite já estão fornecendo para outras marcas
implantadas na mesma cidade. A empresa, por questões estratégicas, quer migrar
para outros segmentos de derivados lácteos, terceirizando e produzindo
achocolatados. Essa parte ruim é o problemão que a empresa deixa para seus fornecedores,
desempregados e a circulação do dinheiro em Cerqueira César.
O
lado bom é que essa indústria estará funcionando dentro de poucos meses em
Alagoas, produzindo achocolatado. Não sabemos como a Mococa foi atraída para
essas bandas, provavelmente pela política de governo em trazer mais indústrias
com incentivos para o nosso território. Como já existem dois gigantes do leite
e derivados em Alagoas (Palmeira dos Índios e Batalha) vem à indagação onde
será implantada a Mococa. Tão bom que fosse em Santana do Ipanema, mas nem
sonhando! As autoridades nunca deixaram que fosse implantada em Santana sequer
uma fábrica de quebra-queixo. Mesmo assim, seja onde for, sendo em Alagoas já
está de bom tamanho.
É
o leite Mococa da minha infância. Bom, muito bom.
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