PINGA-FOGO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.633
Quem
não lembra das brincadeiras de pular-corda? Quase sempre todos já brincaram ou
pelo menos apreciaram esse lazer mais praticados pelas adolescentes. Duas mocinhas seguravam nas extremidades da
corda enquanto uma terceira submetia-se ao teste. A atividade iniciava
lentamente e cada vez ia ficando mais rápida. A moça do meio pulava, pulava,
pulava... Até que a velocidade da corda chegava ao máximo. Com grande
habilidade a adolescente desafiante dominava incrivelmente a brincadeira na
velocidade extrema chamada de pinga-fogo. Nem todas conseguiam a façanha onde
predominava pessoas do sexo feminino. Pular corda no sistema pinga-fogo não era
nada fácil nas ruas empoeiradas do interior. Era ou não era!
Em
alguns momentos da vida o filme passa muitas vezes sem ser chamado. O trem da
vida somente estaciona para alguém descer. Assim os momentos da existência são
explicados e não têm explicações até porque depende do momento em que se quer ver
ou não. Caminhar, pensar, filosofar, entretanto, vai ajudando a viver entre o
ânimo e o desânimo. Não existe apenas caminhos planos, firmes e seguros, mas
montanhas a serem escaladas, mares para serem explorados e pântanos fantasmagóricos
nas trilhas camufladas. As coisas da existência, controladas com as mãos
invisíveis, quase sempre surgem abruptamente e a reação depende do preparo do
caminhante.
É
final de ano.
Vou me
preparando para uma devoção, uma aliança feita com Nosso Senhor Jesus Cristo
para o dia 25 de dezembro de todos os anos. Mas isso não afasta momentos de
angústias, esperanças trôpegas ou felicidade extremada. Bem diz o poeta que
felicidade não existe, mas apenas momentos felizes. Se é assim, deve acontecer
também para a desesperança, para a amargura, para o baixo astral de uma hora,
de um dia... Pensar nos mistérios da vida tanto pode levar ao céu quanto ao
purgatório. Talvez seja melhor vivenciar a hora, o dia, o mês nos conformes dos
projetos divinais. Sei não! Sinto que em
alguns momentos da existência estou no meio de uma corda de movimentos
invisíveis sem saber como sair de um tremendo PINGA-FOGO.
(FOTO:
AUTOR NÃO IDENTIFICADO)
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