SANTA LUZIA E A BANDA
Clerisvaldo B. Chagas, 21/22 de dezembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.632
No
mundo sertanejo, vez em quando somos surpreendidos pela tradição. Recebemos
vídeo da mana Jeane Chagas, sobre as andanças de nova banda de pífanos pela Rua
Antônio Tavares. Como antigamente, uma senhora com uma sombrinha, devido ao Sol
forte do Sertão, comanda a bandinha. Leva nos braços a imagem envolvida em
panos de Santa Luzia e pede auxílio para a novena da santa, de casa em casa.
Seguindo à senhora, dois tocadores de pife, um zabumbeiro, um tocador de caixa
e um ás no tarol animam as ruas e o ego dos pedintes. O pessoal da banda vai
recebendo o auxílio para a festa, avisando onde será realizado o evento com o
convite ao vivo. Esses gestos de homenagear os santos, acontecem mais com Santa
Luzia, São José e Santa Quitéria, três grandes preferências sertanejas.
Não
temos mais banda de pife ou esquenta-muié, porém, elas existem em municípios
como São José da Tapera, Pão de Açúcar e outros mais. É preciso saúde para
passar o dia inteiro rua acima, rua abaixo, fé para a persistência e muita
devoção para informar, pedir, passar troco, e não se alimentar corretamente. Conforme
o grupo, ele também dança com seus bailados próprios. Seguem páginas musicais
gravadas por semelhantes criativos que atingiram o ápice, como o do saudoso
João do Pife, sucesso no Brasil inteiro. particularmente gostamos muito da
página musical “a Onça”. É um tipo de ópera matuta em que os músicos
interpretam uma caçada de onça feita com cachorros. Os cachorros acoam a onça, brigam, cachorro
grita, tudo representado pelos pifes e os acompanhamentos, com fidelidade. Um
espetáculo! Quanto mais se entende sobre o assunto maior valorização.
Como
em Maceió que os movimentos folclóricos aconteciam no Bairro Bebedouro, as
nossas novenas com banda de pife, concentravam-se na zona rural e no subúrbio
Bebedouro/Maniçoba. Um nome inesquecível mais recente dessas manifestações, senhor
José Rosa que não está mais entre nós. Porém outros nomes se destacaram no
Bebedouro antigo como o artesão de chapéu de couro de bode, João Lourenço,
fundador da igrejinha de São João contra a Influenza, da Primeira Guerra
Mundial.
As
bandas de pife também se apresentavam sem o santo nas ruas, nos logradouros
públicos, diante das igrejas... Patrocinadas pelas respectivas prefeituras.
Ô que
Sertão gostoso de se viver!
BANDA
DD OUTRA REGIÃO. (FOTO: AMORIAL BRASILEIRO).
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