MACACO-PREGO
Clerisvaldo
B. Chagas, 25 de agosto de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.951
Quando
o senhor Silvano mantinha um macaco-prego engaiolado em gaiola de ferro, diante
do seu estabelecimento de serviços, servia de curiosidade e distração aos seus
clientes. No lugar chamado “Firminão” – saída de Santana do Ipanema para Pão de
Açúcar – o símio era valente, estressado e tanto se masturbava quanto avançava
em quem com ele mexia. Era de fazer pena, um bicho enjaulado onde mal cabia o
próprio macaco. Isso fazia pensar se aquele era o último macaco sertanejo de
Alagoas, pois, do seu parente o saguim, tínhamos notícias sobre sua existência
em reserva ecológica, próxima. Inclusive, o macaco do Silvano foi motivo de
peça de cordel, por cordelista das proximidades. O caso está com alguns anos e
não sabemos onde foi parar o (Sapajus flavius).
A
descoberta recente da existência de um bando de macacos-pregos-galegos, numa
Unidade de Reserva do nosso Sertão, pelo IMA, traz uma certa alegria às pessoas
que se preocupam com a conservação da Natureza. Uma Natureza belíssima semeada
pelo Criador e destruída pelo homem. A onça já foi, o tamanduá, o veado
galheiro, o lobo-guará, a preguiça... Ficando apenas os que tentam resistir
como a cobra, o preá e a raposa...
Portanto, uma notícia dessa trazida por órgão oficial, da existência do
macaco-prego-galego, não deixa de ser uma esperança de que mesmo tarde, da
reação protetiva dos humanos, é melhor de que nunca. Não é o bastante uma
vigilância efetiva nas Unidades de Conservação, mas uma consciência coletiva no
entorno para reforçar a segurança dos bichos, comidas e assistência veterinária
Os
macacos gostam de viver em bando, possuem organização e lideranças.
Alimentam-se de frutas e gostam de comer coquinhos, tipo Ouricuri, que quebram
com uma pedra à semelhança de um ser humano. O nome macaco-prego vem da
constante ereção do pênis.
Quando
entram em roçado de milho costumam roubar espigas organizadas em atilhos.
Enquanto fazem esse serviço, é escalado um vigia, cujo descuido na vigilância
leva castigo do bando. Lembram-nos um macaco-prego acorrentado na feira de
Santana que fazia acrobacias e vários mandados do seu dono, para ganhar dinheiro.
Mais tarde soubemos que pelos mal tratos, o primata assassinou o seu algoz, com
uma facada, pelas costas, na zona da Mata. É isso, este não suportou mais tempo
pela chegada da lei dos humanos. Não soubemos, porém, o seu destino após a
vingança peculiar de um bicho escravizado.
MACACO-PREGO
(FOTO: TRIPADIVISOR).
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