(Clerisvaldo B. Chagas. 18.9.2009)
No Sertão alagoano, década de cinquenta do século passado, a figura do mascate estava em evidência nas feiras de cidades e vilas. Comerciantes de tecidos, armarinhos, cordas, miçangas... Eram transportados de Santana do Ipanema para Olho d’Água das Flores, Carneiros, Pão de Açúcar... Aonde armavam suas toldas de lona ou espalhavam pelo chão batido as mercadorias. Os mascates eram criaturas simpáticas que saíam cedo e retornavam após as feiras livres. Muitas vezes, em tempos de inverno ou trovoadas, enfrentavam as cheias de riachos como o João Gomes (ainda sem ponte) ou a fúria das águas do Ipanema em canoas rústicas e negras, como opção. A cobrança das passagens era realizada nas proximidades do destino, quando os caminhoneiros paravam ao lado da rodagem. Em cima da carga de homens e objetos, passageiros andavam em franja nas laterais com os pés do lado de fora, sentados nas próprias mercadorias. Outros preferiam o centro da carga. O cobrador — geralmente o próprio motorista — equilibrava-se pelas tralhas pegando dinheiro, passando troco, mantendo a cara fechada.
Foram os mascates, depois, os novos comerciantes fixos de Santana do Ipanema. Todos progrediram em os mais diversos ramos de negócios. Heróis de um tempo difícil, eles ajudaram a consolidar o comércio sertanejo da Rainha do Sertão. Qualquer homenagem ainda seria pouca diante desses que aqui constituíram famílias, enriqueceram, educaram os filhos e alargaram os horizontes da terra de Santa Ana. BENDITOS MASCATES!