domingo, 27 de setembro de 2009

OS DE BAIXO E OS DE CIMA

OS DE BAIXO E OS DE CIMA
(Clerisvaldo B, Chagas. 28.9.2009)

Muitas coisas importantes aconteceram na semana que passou. Para o Brasil, a programação foi apertada, dificultando a respiração com eventos concentrados em cinco dias. A Assembleia Geral da ONU, a reunião do G20 e a 2ª Cúpula da América do Sul-África (ASA), foram de fato uma dose cavalar para o nosso país que busca cada vez mais uma posição adequada as suas aspirações. Além do arrocho temporal, ainda chega de supetão o caso de Honduras que faz lembrar a conversa do povo: durma-se com um barulho desses. No primeiro caso, isto é, na Assembleia, podemos dizer que os emergentes se saíram muito bem, alcançando seus objetivos iniciais. As questões do mundo não poderiam mesmo ficar nas mãos de apenas sete países ricos mais a Rússia. Essa ampliação para vinte, mesmo contra a má vontade de alguns, não tem como regredir. E todos sabem que para se chegar ao degrau dois tem que se passar pelo batente um. A reunião do G20, apenas consolida a Assembleia da ONU, porém, muita luta ainda vai haver por parte dos emergentes que entraram na marra no clube dos ricos. Quanto ao caso da embaixada de Honduras, o golpista é muito mais louco do que o que se pensa. Mas o Brasil não pode esperar ação nenhuma dos Estados Unidos. Eles não tem interesse. Ao Brasil, caso a embaixada seja invadida, só tem uma saída para não ficar desmoralizado: invadir Honduras e derrubar o ditador. Não resta outra saída, se não vai servir de chacota para outros países, perdendo o respeito definitivamente.
Em relação à Cúpula América do Sul-África, ficou apagada para a imprensa devido à importância das outras duas. 22 líderes dos dois continentes estiveram presentes na ilha Margarita, pertencente à Venezuela, numa tentativa de andamento em diversos aspectos entre ambas as partes. A América do Sul, principalmente o Brasil, muito tem a oferecer a África, principalmente em tecnologia e pesquisas agropecuárias. O continente negro por sua vez, explorado duramente pelas ex-colônias, agora são abandonados à seca, à fome e as guerras tribais, situações que os europeus mesmo provocaram. Em havendo democracia e união no enorme continente africano existe uma oportunidade de saída como esta, por exemplo, de cooperação sul-sul, Isto é, entre as nações que estão abaixo da Linha do Equador. Mas é preciso entender também que esse tipo de reunião, somente para ouvir impropérios do senhor Chávez ou do senhor Muammar Gaddafi (homem com quarenta anos no poder), não vai levar a lugar algum. A África, continente composto por cerca de 52 países, tem subsolo rico, mas continua sendo explorado pelos países desenvolvidos, os mesmos de outrora. Eles, os ricos, detestam a ideia de uma África industrializada. Não querem concorrência. Pouco importa se a seca, a fome, a AIDS e os fuzis continuem matando em terras africanas. Mesmo assim, com tanta “sabedoria” de exportação ideológica do desvairado venezuelano, poderá ser que alguma coisa mude para melhor nessa nova ordem sul-sul. Por mais que um homem resista à morte ele não é eterno por aqui. Só com um pouco mais de tempo, veremos o resultado da semana cheia que passou. No resto, tudo continua como dantes: OS DE BAIXO E OS DE CIMA.

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BRASIL E O EQUILÍBRIO CIRCENSE

BRASIL E O EQUILÍBRIO CIRCENSE

(Clerisvaldo B. Chagas. 25.9.2009)

Para os professores de História de Santana do Ipanema

Honduras é um dos países mais pobres das Américas. Situado na América Central, banhado pelo mar do Caribe — porção do Oceano Atlântico — Honduras tem como capital Tegucigalpa e possui um distrito e 18 territórios. Esse belo país está sempre precisando de ajuda externa como as que chegam da União Europeia, do Japão e de Taiwan. Da sua exportação, fazem parte produtos como café, banana, camarão, lagosta, carne, zinco e madeira. É ela, a agricultura, a principal empregadora daquele território. Com sua população mestiça, o país sempre foi aliado dos Estados Unidos que ali possuíam bases militares contra guerrilheiros da região. Esse acordo, porém, foi revisto, não existindo mais as bases americanas.

A crise gerada em terras hondurenhas, não representa nenhuma novidade no cenário caribenho. A América Central sempre participou da brincadeira preferida pela região: colocar e derrubar ditadores. Se os Estados Unidos estão sem entusiasmo para intervir contra o golpista atual Roberto Micheletti, é que o presidente deposto, Manuel Zelaya, reza na cartilha do fura-penico da Venezuela. Por outro lado, o Brasil que vem sendo o novo protagonista no Planeta, tem mesmo que agir com o máximo cuidado e esperteza, por duas razões básicas. Primeira, prega sempre o diálogo antes da força. No caso atual não poderia fazer diferente para defender sua embaixada e seu incômodo hóspede; principalmente agora em que está havendo reunião da ONU, ali pertinho. Segunda razão, o Brasil também poderia intimidar Micheletti, deslocando tropas para águas internacionais próximas ao Caribe. Muito fácil, porém, se sabe que ninguém pode mexer no que os Estados Unidos chamam de seu quintal. Seria uma temeridade tomar decisões isoladas, principalmente de força. Por isso, talvez o Brasil, sabiamente, pediu a intervenção da ONU. A Organização das Nações Unidas é um poder legítimo e que já condenou as pretensiosas eleições articuladas por Roberto Micheletti (mais um caudilho para perpetuar situações de pobrezas e ditaduras do Caribe).

O Brasil tem o apoio global da atitude democrática que tomou em Tegucigalpa. Passou a ser a atenção do mundo. Para quem está pretendendo um lugar permanente no Conselho da ONU, é um excelente teste para a sua diplomacia externa. É hora de domínio da prudência e da habilidade. Domínio esse usado até agora. Isso faz lembrar circos grandes e pequenos em trânsito pelo nosso interior; a tensão e a expectativa da plateia quando os exímios artistas caminhavam por cima do arame. Àquele mundo encantado, colorido e alegre, também era um espelho mágico da realidade humana. Sob a lona amarela das bandeiras agitadas, aprende-se bastante. Vamos torcer para que o Brasil passe no teste do EQUILÍBRIO CIRCENSE.


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