domingo, 18 de outubro de 2009

FRUTA MADURA E LULA

FRUTA MADURA E LULA
(Clerisvaldo B. Chagas. 19.10.2009)

Laranja madura na beira da estrada, ou estar bichada, Zé, ou tem maribon-do no pé”. É assim que o povo fala e canta quando vê muita facilidade. So-mente quem não acompanha as transformações do mundo segue a vida paca-ta da cidade pequena. Sequer vê o tempo passar. As transformações que ocor-reram no mundo após a queda do muro de Berlim, nunca mais pararam e nem vai parar tão cedo. O bipolarismo deu lugar ao dono do mundo, o império ame-ricano, comprador de todas as bodegas do planeta. Foi preciso aparecer essa tal crise para que o gigante sedento parasse um pouco a sua investida e con-templasse por aí os estragos das besteiras. Obama veio sim como uma grande esperança, não só americana, mas planetária. Entretanto, parece que o ho-mem tão esperado ainda não se reencontrou totalmente, talvez, devido às po-derosas pressões das velhas hierarquias bestas do seu próprio país. Todas as nações invadidas pelos americanos sofrem o impacto, mas depois reagem e tornam-se invencíveis. Já discutíamos isso quando adolescentes: Entrar é fácil, difícil é sair. Quantos americanos já morreram no Vietnam, no Iraque, no Afe-ganistão? Em nenhum ganhou a guerra. É por isso que Obama ou volta ao passado para seguir a trilha de sangue de Bush, ou luta contra os poderosos do seu país, fazedores de guerra. Está o presidente tão preocupado com a sua própria imagem, que parece não ver a queda de outros muros como o seu próprio império, a moral da OEA, da ONU e do G7.
Foi por isso que o presidente Luís Inácio disse que a ONU é uma fruta ma-dura. Amadureceu, passou do ponto e cairá, como caiu o G7. Porque não tem mais moral para ordenar coisa alguma, já que a Águia americana é na verdade a própria ONU. Os Estados Unidos fazem o que querem, tem a ONU apenas para oficializar as suas vontades. É por isso que ainda reluta em ampliar e forti-ficar o Conselho, velho, podre, carcomido do tempo da II Guerra Mundial. Co-mo todos os outros países querem, ou a ONU entra em reforma ou muita coisa feia ainda vai acontecer. Esse negócio de conselho rotativo é coisa para boi dormir. Ou Conselho Permanente ou nada. Eles, os do Norte, ainda não abri-ram os olhos. O mundo com um Brasil forte, a Índia e a China, no primeiro pa-tamar, tudo muda. Não adianta americano espernear. Todos os impérios caí-ram como já foi dito aqui. Mais um é questão de tempo. Quando o Lula, esta-dista ou não, diz que a fruta está madura, pelo menos é o primeiro homem do mundo a reunir coragem para afirmar isso. Ele vê como eu vejo como os que não são cegos veem. O mundo não é mais o mesmo, uma nova ordem está sendo construída, mas tem certas arrogâncias que são tão comodistas que não enxergam o óbvio. Estão nos tronos de marfim cercados de teias de aranhas que impedem à luz solar. Mais uma vez o presidente brasileiro sai à frente nu-ma afirmação planetária de tão grande importância. A OEA E A ONU passaram a ser laranja de beira de estrada. É aprendendo na agricultura e na política A FRUTA MADURA E LULA.

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CACHAÇA NO QUENGO

CACHAÇA NO QUENGO

(Clerisvaldo B. Chagas. 16.10.2009)

Para os professores apologistas do folclore nordestino: Valter Alves, Fábio Campos mais João de Oniel e Cecéu.

Entre os folguedos do estado alagoano, avulta-se o Guerreiro. Dependendo de inúmeras coisas, cada grupo pode variar entre 25 e 64 figurantes. O Guerreiro, com roupas vermelhas e azuis entre fitas coloridas, chapéus e espelhos, comemora o nascimento do Cristo, daí o surgimento quase sempre em época natalina. Alguns pesquisadores atribuem à origem do Guerreiro, vinda de uma dissidência do Reisado, sendo mais leve e ocupando menos pessoas. Esse folguedo teria aparecido entre as décadas de 20 e 30 do século passado. Chamam a atenção no Guerreiro, o colorido das suas vestes, as belas mocinhas que são chamadas “figuras”, o ritmo agradável, os improvisos do Mestre, também chamados de “embaixadas” e as brincadeiras dos Mateus. De qualquer forma, não cabem neste trabalho os detalhes sobre esse maravilhoso folguedo. Queremos chamar atenção apenas para a beleza dos versos de mestres talentosos. Muitos poetas célebres de Reisados e Guerreiros ainda continuam imortais em Alagoas. Algumas estrofes tornaram-se clássicas alagoanas como as seguintes:

“Ô minha gente...

Dinheiro só de papé

Carinho só de mulé

Capitá só Maceió...”

“Se eu me casar

Com mulé feia demais

O diabo é quem não faz

Todo dia ela chorar...”

Lembro da Expedita, mulherona branca e formosa chegada ao Guerreiro; era empregada na casa de meu pai. (Por onde andará a Expedita?). Gostava de cantar para mim no balançar da rede (inclusive, a estrofe abaixo foi parar em um dos meus romances):

“O avião subiu

Se alevantou

No ar

se peneirou

Pegou fogo e levou fim...”

Pois bem, deixando tantos versos bonitos de lado, resolvemos contar um caso de Guerreiro que se passou na zona rural de Penedo, segundo o subtenente Eurípedes (In memoriam). Convidado para brincar no aniversário de um fazendeiro, o grupo folclórico apresentou-se e começou a dançar até a meia-noite. O mestre era bom, tirava versos a valer e, as figuras faziam sucesso absoluto. Mas acontece que ninguém é de ferro e o mestre do guerreiro já começava a enrolar a língua pela força da “marvada”. Foi aí que alguém interferiu, dizendo ao mestre que ele já havia falado em tudo menos elogiado o dono da casa e a sua senhora. O mestre, surpreendido, arregalou os olhos e perguntou o nome do fazendeiro: “Seu Artur”. E o da dona da casa: “Dona Enedina”. E o nome da fazenda: “fazenda Urucu”. O mestre não se fez de rogado e bem que tentou uma quadrinha, mas se engrolou todo no nome da fazenda de rima parecida:

“Ô Seu Artur...

Ô dona Enedina...

Ô peça fina

Na fazenda deram o c...

Depois de a capangada quebrar tudo no cacete, dizem que o mestre do guerreiro ainda hoje corre. Alguém perguntou o que era aquilo. Outro respondeu cuspindo longe: CACHAÇA NO QUENGO!


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