terça-feira, 18 de maio de 2010

É O MUNDO TODO

É O MUNDO TODO
(Clerisvaldo B. Chagas. 18.5.2010)
Anedota é um pequeno fato curioso e divertido, segundo Benildo Pacífico em tempos de Ginásio Santana. Anedota parece ser algum acontecimento inexistente, mas o caso de “é o mundo todo”, aconteceu e ganhou até crônica por aí. Resumindo essa passagem, O Ipanema, time de Santana, sempre contou com seus seguidores fanáticos. Alguns deles acompanhavam os jogadores aonde quer que eles jogassem: Maceió, Capela, Penedo, Arapiraca, Palmeira dos Índios e Capela eram os lugares mais comuns de jogos pelo campeonato alagoano. Ao retornar da cidade de Capela, após um desses jogos, o torcedor José Maximiano deu um cochilo no automóvel lotado. O gozador José Chagas, aproveitou para sujar de fezes ainda frescas o bigode do companheiro. Ao acordar, Maximiano, situa-se no tempo e no espaço, eriça o bigode e contorce os lábios, depois afirma que está sentindo um fedor enorme da dita cuja. Não satisfeito, enfia a cabeça para fora da janelinha e exclama: “Oxente! E é o mundo todo!”
O Maceió do meu tempo tinha como atrações as suas belas praias, motivos de orgulho para os alagoanos. As mais concorridas eram a da Avenida, a do Sobral e a da Pajuçara. A praia da Avenida era um verdadeiro colírio. Aos domingos, nada havia de mais belo do que a multidão que se divertia sem preocupação alguma. Águas limpas, azul na água, azul no céu, navios ao fundo do cenário e a meninada a correr brincando sem perigos aparentes. O calçadão era bem cuidado. Bastava o trânsito da pessoa pela calçada para se sentir bem com o cheiro gostoso da maresia. A praia do Sobral, por ser muito perigosa, ficava quase toda reservada aos jogos de futebol e aos treinamentos de militares. Já a praia de Pajuçara era frequentada, principalmente, pela elite que morava em mansões no próprio bairro. Por falar em Pajuçara, o bairro entra na história do escritor Graciliano Ramos, por ter sido o local onde ele foi preso e, por esse motivo, saíram os escritos “Memórias do Cárcere”.
Atualmente, não são poucas as pessoas que saem do interior para morar em Maceió, visando suas belas praias. Mas que decepção! Gente que mora na capital vai avisando que todas estão poluídas. Pessoas dizem que Avenida e Sobral recebem as fezes dos pobres; Pajuçara, Jatiúca e as demais, coletam as fezes cinco estrelas. E o pior é que não se vê uma só placa indicativa da poluição. Ficamos tentados a sair para Jacarecica, Sereia, Paripueira, mas aí um jornal estampa que dezenove praias estão impróprias para o banho. A que ponto chegou o nosso estado. Poluição nos rios Ipanema, São Francisco, Mundaú, São Miguel e dezenas de outros espalhados no mapa da hidrografia. Mas, “cabra velho”, se você pensa que escapa deixando o interior para se deliciar no litoral norte, ê, ê... Caso insista em tomar banho de mar, confira seu plano de saúde e cuidado no bigode para depois não dizer como o torcedor José Maximiano: “Oxente! E É O MUNDO TODO!”




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domingo, 16 de maio de 2010

OLHO (Ô) NOS DOIS

OLHO (Ô) NOS DOIS
(Clerisvaldo B. Chagas. 17. 5 2010)
A proximidade da copa vai diminuindo a incerteza do Oriente Médio, perante o mundo. Mesmo assim, existe um forte interesse das nações desenvolvidas da Europa mais Estados Unidos, na visita do presidente Lula ao Irã. Aumenta cada vez mais a pressão americana em cima do Conselho Permanente da Organização das Nações Unidas para sanções ao país iraniano. É certo que o senhor Mahmoud Ahmadinejad tem a língua solta e fica, de fato, “futucando o cão com vara curta”. Os americanos ─ grandes derramadores de sangue do Planeta ─ continuam a sede de domínio mundial, assim como os romanos da Antiguidade. Detestam os que não concordam com suas ideias de poder absoluto. Mesmo admitindo o poderio de nações fortes econômica e militarmente como Alemanha e Inglaterra, o que mesmo existe é uma grande vassalagem ao Tio Sam, muito difícil de se libertar. Por que isso acontece nesses tempos de União Europeia, de alta tecnologia e de uma sacudidela na ordem mundial? Enquanto a vassalagem continua, a águia vai dominando cada vez mais os becos de escapes. No momento em que os Estados Unidos fazem um acordo nuclear de destruição de armas atômicas com a Rússia, surge uma nova potência que é a China. Chinês pensa e age diferente de ocidentais, primordialmente, de americanos. Ao evitar um hipotético conflito com a Rússia, os Estado Unidos respiram aliviados e fazem consultas ao país asiático sobre pontos de conflitos no mundo, de interesses para ambas as partes. Entretanto, surge como obstáculo da sua dominação absoluta, uma China, por exemplo, com um exército poderoso e uma posição assumida de segunda economia mundial. Agora fica mais difícil dominar o mundo inteiro sozinho, como devem pensar os dirigentes do país do norte.
Diante do surgimento robusto no cenário global da China, Brasil e Índia, Estados Unidos não ficam bem à vontade. Como ficar à vontade? O mundo chinês, altivo, frio, modernizando-se e sem vassalagem. Brasil, assumindo uma posição independente na política exterior, tornando-se potência e conquistando espaços em todos os recantos da Terra. Índia, com a segundo população do globo e com armas nucleares, calada, mas entrando na briga total por espaço. É de fazer, portanto, a secretária americana explodir de raiva por dentro, mantendo a pose por fora. Como desejar que o presidente Lula tenha êxito nas negociações nucleares no Irã? A secretária quer mesmo, não sanções, mas sim, uma invasão ao Irã respaldada nos vassalos da Europa. E não é por que o Irã quer fabricar bomba atômica. É porque não admite um país falar grosso com os Estados Unidos, o Nero do mundo. Depois, caso Lula tenha sucesso na missão do acordo, os Estados Unidos ainda vão procurar minimizar a importância desse acontecimento, com ciúmes do Brasil que rouba parte da sua liderança em lugares acostumados ao mando. De fato, Ahmadinejad parece pedir uma invasão americana para testar não sei o quê. O povo é quem deve pagar pela sua insensatez. Por outro lado, os gringos ainda não invadiram o Irã, cremos nós, por que estão atarefados com o Afeganistão, com o Iraque e com o debate da crise econômica. Mas rato não confia em gato. Fiquemos, então, com um sentido na bola, outro no urânio. OLHO (Ô) NOS DOIS.

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