IGREJA:
NA FORÇA DA GRADE
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.253
Após
uma entrevista na Casa da Cultura, resolvi estacionar defronte a Igreja Matiz
de Senhora Santana, que estava muito bonita ao entardecer e com o sol
refletindo em partes metálicas da parede com um céu bonitão ao fundo. Não tive
como não me lembrar quando havia vários fotógrafos tipos lambe-lambe que
atuavam naquela calçada alta. Eram homens que registravam casamentos, batizados,
crismas... Enfim, registravam o andamento da cidade, usos e costumes de uma
época. Ao nosso ver, nada tinham de vendilhões do templo. Para mim, eram
historiadores registrando a história santanense através do milagre da foto.
Mas, por isso ou por aquilo, o padre Delorizano Marques, muito abusado e
pernóstico, resolveu expulsar todos os fotógrafos da calçada alta da Igreja
Matriz. Aliás, ali também costumava se reunir para palestra entre si, os
remanescentes das forças volantes que trucidaram Lampião.
Não
conformado com a expulsão daqueles profissionais que alimentava a família do
que ali produziam nos dias de feira, resolveu passar uma grade nos degraus da
Matriz. Os profissionais, desarvorados desapareceram da calçada da Igreja, da
feira e da cidade. A grade colocada pelo padre ainda hoje permanece passados mais
de uma década. A calçada sem grade sempre foi corta-caminho dos passantes por
ali e nunca se ouviu dizer que a calçada afundasse porque os passantes cortavam
caminho. Mas, do meu tempo de criança até os presentes dias houve cerca de três
reformas no aspecto do acesso à Matriz.
Igreja
construída em 17... teve sua primeira
reforma no ano de 1900 e depois na década de 1940, quando se apresenta no
aspecto de hoje. A Igreja Matriz de Senhora Santana, foi erguida no curral do
gado do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia e, esse núcleo que já era um
arraial, passou a ser as origens da futura cidade de Santana do Ipanema,
divinamente acidentada. Quanto às grades que ostenta limitando os seus degraus,
o que pensaria disso o seu fundador, padre Francisco Correia de Albuquerque?
Entretanto, esses pensamentos tão fugazes, não me impedem de continuar
admirando o grande templo de dentro do carro. O trânsito de fim de expediente
já começou com sua loucura, principalmente de motoqueiros. Hora de comprar pão quente.
IGREJA
MATRIZ DE SENHORA SANTANA À TARDINHA. (FOTO: B. CHAGAS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário