terça-feira, 25 de maio de 2010

CIDADE SORRISO

CIDADE SORRISO
                             (Clerisvaldo B. Chagas. 26.5.2010)
Escavações em ruas centrais de Maceió causam transtornos a comerciantes e transeuntes. Qualquer chuvarada sobre esse barro amarelado provoca maior estreitamento ainda nas sendas dos pedestres. Corre-corre e exclamações fazem parte dos obstáculos saneadores, mas tudo compensará quando usufruirmos dos belos resultados nos calçadões da capital. Na época do primeiro shopping, implantado em um dos bairros, o centro ficara vazio, a ponto de fechar inúmeros estabelecimentos. Entrevistei um comerciante local quando ele falava da agitação mínima da clientela. A tristeza do seu semblante parecia trazer lágrimas invisíveis que tocavam também no provocador. Não fecharam somente casas pequenas, mas também estabelecimentos tradicionais e de renomes, diante da crise. Com a revitalização, porém, o comércio tomou o rumo de outras capitais destaques. Com a beleza dos calçadões, comerciantes capricharam em suas lojas e, o comércio capenga virou chique. O trecho da rodovia em direção ao aeroporto – a partir da polícia rodoviária – ficou belíssimo. Pista larga, canteiro central arborizado, terreno de tabuleiro, prédios de atrativas arquiteturas e particular clima agradável, fazem um dos lugares mais charmosos de Maceió. A construção de viaduto defronte o Aeroporto Zumbi dos Palmares, ao invés de enfear, vai desenhando mais um item a favor da ornamentação.
A volta das atividades, em breve, do Teatro Deodoro, deverá trazer incentivo, não somente às artes, à cultura, mas também o gosto pela preservação da praça e reforço na área comercial do entorno. Quando as favelas forem huma-nizadas com realidades habitacionais decentes e estruturas que dignifiquem a vida, Maceió terá cumprido todo um ciclo de excelentes administradores (com raras exceções) e que teve início com o inteligente Sandoval Caju. A capital de Alagoas, também chamada “Cidade Sorriso”, sabe que muito já foi feito e muito mais ainda será preciso fazer. E a fatia que hoje é só tristeza, poderá, definitivamente, integrar a parte da alegria, do progresso, do lado bom da CIDADE SORRISO.

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

CASSIMIRO COCO

CASSIMIRO COCO
(Clerisvaldo B. Chagas. 25.5.2010)
Em Santana do Ipanema, as décadas de 50 e 60 foram bem animadas em ruas e bairros. Vale salientar que a média de filhos em cada família era muito elevada. Isso fazia com que as ruas próximas ao centro e as dos arredores, ficassem sempre repletas de crianças. No geral, as ruas não possuíam calçamento, facilitando jogos de futebol e brincadeiras as mais diversas como ximbra, pinhão, pega, artista, carros de ladeira e outras. O meu campo de atuação era a Rua Antonio Tavares (primeira de Santana) São Pedro e toda a faixa de descida até a margem do rio Ipanema. Além das brincadeiras de crianças que lotavam as ruas, havia o movimento do cotidiano: o homem que passava com feixes de folhas de catingueira para a Matança; os jegues que carregavam cinzas para os curtumes de Bebedouro; carros de bois para os divertidos bigus; desfile de soldados do Tiro de Guerra; Jumentos e botadores d’água; carrinhos de pães e vendedores; guardas da peste para borrifar os potes. Vez em quando a monotonia era quebrada. Surgia um perna-de-pau de algum circo armado no Bairro Monumento e motivava a alegria diferente da meninada.
Morou à Rua São Pedro um cidadão que lidava com teatro de fantoches e, que na época era chamado de Cassimiro Coco. Essa denominação, tanto servia para o espetáculo quanto para o dono. “Hoje vai ter Cassimiro Coco.” E lá íamos nós para o teatro de pano ver e ouvir os bonecos de madeira trabalhando da cintura para cima. As figuras principais eram um negro e um branco valentes e uma donzela bonita. A história falava de uma disputa fantástica entre os valentões pela moça bonita. Isso fazia com que houvesse muita expectativa e constantes gargalhadas da plateia sentada no chão. Às vezes o dono deixava a Rua São Pedro e apresentava o espetáculo vizinho a minha casa ou em outros lugares. À noite e à hora de apresentações dos bonecos eram cheias de ansiedade por parte de crianças, adolescentes e até adultos.
Muito interessante as disputas travadas entre os personagens do Cassimiro. Quando virei adulto, descobri com profundidade filosófica que os personagens eram apenas bonecos de madeira. Eles eram sim, interessantes, mas não possuíam vida própria. Apesar da perfeição de movimentos, o fantoche só dizia o que o criador, o dono, o patrão, mandava. Em nossa região, atualmente, não mais existe o teatro de panos.
Temos muitos e bons jornalistas profissionais, cuja lista poderia ser apresentada aqui, como exemplo. Infelizmente esbarramos naqueles que babam na vassalagem.
Notícias negativas sérias não denigrem a cidade. Pelo contrário, mostram a dignidade assumida pelos profissionais da mesma cidade. Eleva sim, o nome da urbe, da sociedade que denuncia sem medo e não a que fica muda para agradar a padrinhos. Noticiar somente receita de bolo ou notícias negativas bestas de outros lugares distantes, é que enfraquece o órgão informativo e não coopera em nada com a formação profissional dos apresentadores. Uma população inteira percebe as manobras, o puxa-saquismo e as ordens de bastidores, mas só eles com seus espelhos destorcidos não enxergam ou não querem enxergar o que escrevem, o que falam, o que apresentam. Recentemente um site de Alagoas falava das ordens de um desses reizitos que liberava seus meios de comunicação para atacarem a administração de fulano que não havia lhe dado apoio político. Mas os exemplos se sucedem também em outros lugares. Quem não amadureceu ainda, continua como pobre boneco, cuja voz é apenas o ressoar de quem está por trás do pano. Pobre do moderno CASSIMIRO COCO.




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