quarta-feira, 20 de outubro de 2010

POBRE ALAGOAS

POBRE ALAGOAS
(Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2010)
     Estamos nos aproximando do pleito estadual que irá definir o nosso governador. Sempre que novas eleições aproximam-se, gera no povo votante uma expectativa de melhora para o seu município, estado ou país. Se todos os gestores correspondessem, pelo menos em parte, ao desejo popular, esses momentos democráticos deixariam de ser traumáticos como hoje se apresentam. Em Maceió, mesmo, tivemos uma série de prefeitos considerados como trabalhadores. A sequência teve início com administrações modernas encabeçadas por Sandoval Caju, homem que deixava um esse em suas obras, como em bancos de praças, por exemplo. Após Sandoval, prefeito polêmico, outros gestores dispostos vieram e Maceió deu um salto enorme no seu progresso. Não posso agora dizer quantas ótimas gestões fizeram parte da sequência, talvez entre quatro e seis. Depois surgiram administradores fracos, fraquíssimos, péssimos que nem sequer eram encontrados pelo povo. Entre os péssimos, havia ex-parlamentares combativos. O homem que fala muito em outro poder está em seu lugar. Colocá-lo como gestor é um desastre total. Raramente será um bom prefeito ou governador. Essa quebra da série de bons prefeitos na capital custou muito caro ao município.
     Agora estamos aguardando uma briga de lama entre os dois candidatos restantes ao governo do estado. A Justiça deu um prazo longo de campanha ao segundo turno, coisa que não precisava. O povo está cansado de ouvir o mínimo da decência dessa campanha sórdida, safada, imunda que entra em nossos lares. Se um candidato é tudo que o outro teima em dizer, ambos deveriam estar na prisão e jamais em vitrina política. Não é o povo quem está acusando. São eles mesmos, um apontando os piores defeitos do outro, despejando tudo nos ouvidos e nas mentes das pessoas que precisam sossego para o trabalho diário. Isso não é baixo nível, é o nível mais baixo de todos. Estamos com muita saudade do primeiro turno quando ainda havia opção, fraca, mas havia. Seja lá como for, o cidadão que conseguir vencer o pleito, vai chegar completamente enlameado pelas denúncias do adversário. Não será fácil depois se recompor de tantas acusações às costas. Será uma administração pesada e tudo indica, sem o brilho a que o povo aspira.
     Vão saindo às primeiras pesquisas, vão aumentando os desvarios dos coordenadores. O desespero toma conta dos partidos que não admitem a derrota das urnas e parecem que estão defendendo as próprias vidas. Como o poder é cativante! Mata-se e morre por ele. Infelizmente ainda temos mais de dez dias para ouvir a sordidez oficializada. As crianças irão ficar muito mais sabidas com o que estão ouvindo e vendo na televisão, no rádio e nos carros de som. Nós, adultos, também estamos ampliando o nosso vocabulário por conta deles, os irrequietos que mandam na política. Pobre povo nordestino crucificado várias vezes. POBRE ALAGOAS.



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terça-feira, 19 de outubro de 2010

MERECIMENTO

MERECIMENTO

(Clerisvaldo B. Chagas, 19 de outubro de 2010)

     Não dispomos de estatística sobre o andamento da solidariedade no Brasil. Até porque o tema é muito abrangente e vai do estritamente pessoal até o encaixe nas grandes manifestações. Mas é de se pensar nos transportes rodoviários o que acontece no tombamento de algum veículo pesado pelas estradas gerais ou nas densamente povoadas. Pela primeira vez vimos falar em saques de cargas de caminhões no Rio de Janeiro. Um cidadão que transportava frangos tombou no pé de um dos morros cariocas. Ao invés da ajuda que esperava dos moradores, o que ele viu foi coisa bem diferente. Uma verdadeira enxurrada humana descendo o morro e praticando o saque sem nenhum constrangimento. Parecia no ato inglório um enxame desesperado por comida. Os mais fortes conduziam gradeados completos e desapareciam a galope nas vias tortuosas de habitações populares. Quem não podia com o peso da grade, pelo menos levava uma galinha ou duas, mas não deixava de participar do vandalismo. O caminhão continuava de pneus para cima e o motorista ferido se virava como podia. Para quem nunca tinha visto até o momento aquele tipo de manifestação, não deixa de ter sido um choque de incredulidade, mostrada a cena de como a vida é dura. Daí vem à expressão criada e transferida para o cinema: mundo cão. Em outras ocasiões semelhantes, a polícia chega atrasada. Quando surge a tempo é apenas para socorrer vítimas e registrar a ocorrência. O povo ulula em derredor como se ali não tivesse chegado uniforme algum.
     Depois do Rio vamos notando o aprendizado no Brasil inteiro. Aqui mesmo em Alagoas, principalmente nas rodovias mais movimentadas, o saque a caminhões tombados virou rotina. Agora não são ataques somente às cargas de comida ou bebida, mas a tudo. Material de limpeza, de construção, cigarros... Nada escapa da população. Impressiona a chegada rápida de pessoas saídas de todos os lugares que praticam o ato criminoso em poucos minutos. Nessas ocasiões o condutor do veículo fica em situação periclitante ao escapar do acidente. Pode ser assassinado a qualquer momento, caso traga algum dinheiro nos bolsos, relógio, corrente de ouro ou outra coisa pessoal. Como no meio da multidão tem de tudo, matar e roubar as vítimas não seriam coisas tão difíceis de acontecer. Em veículos menores, chamados carros pequenos, acontecem coisas parecidas. Hoje não se pode facilitar confiando nos socorristas. Escapar dos vândalos das estradas, agora é questão de sorte. Vamos perguntando aonde anda a solidariedade. O que não presta tem facilidade de propagação rápida. A violência vai se multiplicando numa velocidade que impede cabresto, ganhando novos adeptos que vão engordando o segmento. Ante a surpresa dessa gente desmiolada, somente Deus para proteger. Digo, se ainda tiver MERECIMENTO.






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