quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A FAMÍLIA DO G

A FAMÍLIA DO G
(Clerisvaldo B. Chagas, 18 de novembro de 2010)

Com muita antecedência falávamos em nossos trabalhos sobre o G-7 e o G-8. Batíamos no assunto de que não havia mais como esse clube restrito comandar o mundo. Arrastando mais de dois terços da economia mundial e mesmo assim, naturalmente, não era direito que o restante do mundo fosse ignorado, quando mais de duzentos países fazem parte do planeta. Na última reunião desses poderosos, dizíamos que ela não daria em nada, porque o mundo já não se ajoelhava diante deles. Mesmo assim, ainda afirmava, que esses tais procuravam frequentar os bailes com as mesmas roupas desgastadas, cujos brilhos não mais deslumbravam a eles mesmos. Falávamos que, sem vaidade ou com orgulho de ricos falidos, o G-7 não aguentaria muito e abriria mais aos emergentes. Não deu outra. O G-7 agora é apenas uma lembrança dos bons e velhos tempos para a síntese rica. Ai dessa crise econômica que tomou conta das nações se não fossem os países emergentes.
Essa reunião do G-20 em Seul, se não serviu de imediato para alguma coisa prática, pelo menos prestou para a consolidação do novo grupo ampliado e com mais representatividade. Como ignorar China, Índia, Brasil, África do Sul, México e vários outros países que pisam forte na balança do comércio? Como disse o presidente Lula, nesse crepúsculo de governo, a reunião de Seul foi proveitosa porque houve a conscientização de não ser dita a frase “cada um por si”. E arrebata o presidente dizendo que se todos só quisessem vender, quem iria comprar? Foi daí, dessa cúpula dilatada que apareceu a única saída possível para a crise que ainda arrocha a goela dos desenvolvidos. Barack Obama, mesmo, encontrou uma maneira de economizar, anunciando a retirada de tropas do Afeganistão. (Guerra inglória nunca vencida pela Rússia e nem pelos Estados Unidos. Quem pode acabar com os escorpiões do deserto?)
Dilma já estreou de carona no grupo do G-20. Sábia decisão em aceitar o convite da cúpula. Sem a responsabilidade de presidente oficial, Dilma teve a oportunidade de ouro de tudo observar sem abrir a boca para comprometimentos. Volta o Lula aliviado com, segundo ele, o êxito do G-20. Retorna a presidenta eleita, feliz com a oportunidade e o pré-batismo de fogo. Esse recente grupo – já estamos prevendo novamente – não durará o mesmo tempo fechado como o G-7. Logo, logo, arejado com novas mentalidades, temos certeza de outra ampliação. Dessa vez com países não propriamente chamados de emergentes, mas também de grande influência regional. Afinal, todos querem respirar e nadam em direção à superfície. Muita coisa ainda vai acontecer antes do equilíbrio geral. Notemos a situação da Irlanda. Ninguém esqueceu a crise na Grécia. Como diria um velho amigo nosso, o mundo vai se desdobrar igualmente à cobra salamanta. Nada melhor de que aguardar o futuro. E se alguém estiver observando primos, parentes e amigos, é só dá uma espiadinha também na FAMÍLIA DO “G”.

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

CONTINUA A VERGONHA


CONTINUA A VERGONHA
(Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2010)

Vamos viajando através desse estado geograficamente belo e socialmente injusto. Chamam atenção as nossas crianças lutando pela sobrevivência nos lixões de beira de estrada e nos depósitos costumeiros das cidades. Muitas são tão pequenas que nem podem acompanhar os irmãos maiores. São colocadas sobre a podridão disputada também por adultos e urubus sob as vistas dos que se dizem cristãos e representantes do povo. Os compromissos assumidos pelos candidatos, desde o simples presidente de comunidade aos mais altos figurões da esfera, perdem-se na primeira esquina da verdade. Enquanto a verba solta corre pelos túneis dos bolsos reforçados, a nossa juventude menor vai-se perdendo, desaparecendo, sumindo no caldo negro da escória que impedem o desabrochar. Ninguém parece sentir o drama de uma das piores formas de crueldade que é o abandono de inocentes. Vários segmentos sociais e religiosos preocupam-se em encher as igrejas de quem possa cooperar com o papel e fazer atas inverídicas de sucessos. Muitas organizações gritam, vociferam, berram o nome de Jesus com tantas vibrações que se arriscam em demolições de tetos. Fingem-se milagres e mais milagres em nome do Salvador onde as tolas vítimas vendem tudo o que tem para alimentar a largura desse novo filão. Mas as criancinhas continuam na infância miserável dessa convivência injusta, quando os sabidos constantemente fazem as trocas de nome, que na prática trocam Jesus pelo diabo. Estes pertencem à mesma casta de enganações dos políticos insensíveis de corações gelados e mentes deturpadas pelo tinhoso e pelo próprio sangue de barata. Quando não deixam que matem nos lixões das estradas, das periferias, das capitais, dão às costas a realidade dos estupros, dos assassinatos, da prostituição e das drogas. E aqueles  que deveriam lutar pela incessante proteção ao seu povo, luta apenas pelo bem-estar dos seus rebentos.
Quando as máquinas sequiosas dos estrangeiros registram as mazelas brasileiras, é uma revolta geral. Mas o que fazer se não somos um país isolado e queremos uma posição cada vez melhor diante das outras nações? São muitos os municípios que não tomam providência com o lixo derramado às margens das rodovias, três a quatro quilômetros da sede. Além de causarem uma péssima impressão à cidade, os montes degradam o meio ambiente e colaboram com as doenças. Mas eles, eles... Bem, você sabe quem são eles, passam com os carrões fechados, vidro fumê e nariz torcido. Criança não discursa, criança não contesta, criança não faz greve. Criança apenas olhar feliz, pela metade do brinquedo encontrado.
Muito adiantada estaria à situação do lixo se fosse somente de localização. Mas quando essa coisa carrega junto às inocentes criaturinhas, grave crime de cumplicidade pesa sobre a sociedade organizada. E o pior é um cruzar de braços, resposta costumeira para os que desejam gozar o Natal sem nenhum incômodo. Nos interiores e nas capitais A VERGONHA CONTINUA.

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