domingo, 30 de outubro de 2011

RICO, MAS JUSTO
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2011

           Todos torcemos para que o nosso país se eleve cada vez mais diante das outras nações. O ideal seria que a sua projeção econômica acontecesse em circunstâncias normais, baseada dentro dos seus próprios méritos. Quando o boxeador ganha o título na luta, o sabor é um; quando o adquire por desistência do adversário, o sabor é outro. A notícia que percorre o mundo de que o Brasil passa para a sexta posição econômica é sim um grande motivo de satisfação para os brasileiros. Em 2010, ultrapassamos a Itália e ficamos na sétima posição. Estando dentro dos dez primeiros lugares, isto representa estar na elite da economia mundial. Para um país tão novo ainda, em relação aos grandes da Europa, o mérito não pode ser desprezado como uma coisa qualquer. Quinhentos anos procurando um caminho seguro escondido no emaranhado de inúmeras veredas tropicais. Muitas coisas aconteceram nessas diversas fases políticas, imenso moinho de sofrimento, lágrimas e aprendizados. A célebre frase de algumas décadas espelhava, mas não convencia quando o Brasil era apenas “um país do futuro”.
          O Brasil chega ao sexto lugar na economia do mundo, conquistando essa posição também pela crise que atualmente vai corroendo a Europa, assim como o rato catita rói o queijo. É preciso, entretanto, que a mente do povo amadureça para essa realidade. Com a mente amadurecida, vão chegando os apertos conscientes contra os desmandos administrativos, câncer brutal que nos envergonha; fagocitose que leva a dignidade mínima do cidadão trabalhador, herói anônimo em qualquer das cinco regiões do país. A justiça social tem que evoluir na mesma proporção da economia, pois não será possível um fruto de casca bonita, mas nocivo por dentro. Estamos a gritar por justiça, segurança, saúde e educação de qualidade para todos. Oportunidades por melhores dias em todos os planos sociais. Dizem que até o fim da década, o nosso país terá um PIB, maior do que o de qualquer país europeu. É a hora da verdadeira distribuição de renda e um combate sistemático aos vícios prejudiciais ao povo. Não adianta ser rico sem credibilidade. Não fica bem ganhar a riqueza da fazenda com os moradores passando fome.
          Mesmo diante dessa crise que assanha os cabelos europeus e estica as barbas americanas, não tem como não reservar um pouquinho de vaidade e de esperança para rir um pouco. Não queremos é morar em túmulos caiados de enganação. Continuemos trabalhando com fé no futuro, mas com um olho no gato, outro na grelha. Brasil rico, sim, RICO, MAS JUSTO.











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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ALGUÉM SOLTOU O CÃO

ALGUEM SOLTOU O CÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de outubro de 2011
           Estava no comércio quando pude constatar o medo embrulhado das pessoas. Em um dos estabelecimentos de Santana do Ipanema, todos agitados. Nem procurei saber o motivo. Os funcionários mesmo comentavam o assalto à agência dos Correios, na cidade de Jaramataia. Todos estavam nervosos e revoltados, apesar de haver uma viatura estacionada defronte a Matriz de Senhora Santa Ana. O caixa olhava constantemente para a rua, como se os assaltantes daquele tão distante lugar fossem invadir a porta larga a qualquer momento. Mais adiante não se falava em outra coisa. Noutra loja, disseram que a porta dos fundos já estava aberta para uma carreira prevista pelos que trabalhavam na retaguarda. Os comerciantes e o povo em geral, estão se sentindo abandonados pelo poder público. Ninguém tem mais segurança nenhuma na cidade sede de um batalhão de Polícia Militar. Assaltos viraram moda e rotina e já tem gente apostando em dia sem assalto em Santana. Joalheria, loja de eletrodomésticos, mercadinhos, farmácias, são os mais atingidos pelos bandidos que nem querem usar mais máscara porque a impunidade reina.
          Nas praças, os constantes dali vão comentando a boca miúda, quem são os possíveis bandidos que metem medo à pulação indefesa. Mas ninguém prova nada. Ninguém quer compromisso cidadão. E se os marginais acertaram à casa do seu desafeto, ainda existe o disfarçado prazer no comentário. O nervosismo geral é justamente pela grande sensação de impunidade. Quando a noite vai se aproximando, as primeiras lâmpadas acesas parecem cutucar o medo com vara curta. Alguns comerciários já estão treinando o assalto sem desmaios. Outros praticam a caminhada para uma oportunidade de descuido na hora do pega. Os transeuntes se perguntam como chegamos a esse ponto. Parece até que toda a juventude virou bandido. Será que ninguém quer mais trabalhar? Uns falam que são as influências das drogas; outros dizem que são os exemplos da televisão e outros ainda apontam a miséria como fonte principal. Seja qual for o motivo, todos estão acuados com essa bandidagem que parece não ter fim. É de se acreditar que os anjos estão amarrados e que ALGUÉM SOLTOU O CÃO.


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